Riscaram o palito
BRASIL É UM BARRIL DE PÓLVORA
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sabe que o cerco está se fechando e aposta todas as fichas para reverter o jogo nas manifestações de 7 de Setembro. Não nega. Basta observar as suas declarações nos últimos dias.
Nesta sexta-feira, 3, o presidente verde oliva disse que o povo dará um “ultimato” a quem ousar desafiar o governo, em referência aos atos convocados para o dia da Independência.
“Nós não precisamos sair das quatro linhas da Constituição. Ali temos tudo o que precisamos, mas, se alguém quiser jogar fora dessas quatro linhas, nós mostraremos que poderemos fazer também valer a vontade e a força do seu povo”, disse em discurso durante cerimônia na Bahia.
Bolsonaro disse que “essas uma ou duas pessoas” que estariam agindo fora da legalidade precisam “entender o seu lugar”. Ele não citou nomes, mas tem disparado críticas a dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF): Luís Roberto Barroso, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e Alexandre de Moraes.
E prosseguiu:
“Essas uma ou duas pessoas têm que entender o seu lugar. E o recado de vocês, povo brasileiro, nas ruas, na próxima terça-feira dia 7, será o ultimato para essas duas pessoas. Curvem-se à Constituição, respeitem a nossa liberdade, entendam que vocês dois estão no caminho errado porque sempre dá tempo para se redimir. Tenham certeza, como militar jurei dar minha vida pela minha pátria, assim como todos vocês mais que juraram, no seu subconsciente, até dar a sua vida pela sua liberdade.”
Para arrematar:
“Após o 7 de Setembro, o que ficará para todos nós com essa demonstração gigante de patriotismo visto em todos os quatro cantos do nosso Brasil, eu duvido que aqueles um ou dois que ousam nos desafiar, desafiar a Constituição, desrespeitar o povo brasileiro, saberão voltar para o seu lugar. Quem dá esse ultimato não sou eu. É o povo brasileiro. Povo esse ao qual repito nós todos, políticos, devemos lealdade.”
Bolsonaro participará das manifestações. Primeiro, em Brasília; depois, em São Paulo. Vai discursar. O seu discurso é temerário. Se o presidente elevar a voz, que possa sugerir algum ato de exceção, haverá reação, principalmente do Supremo Tribunal Federal (STF), que comprou a briga com Bolsonaro com o mesmo radicalismo do inquilino do Planalto. Sem tirar, nem pôr.
Aliás, o discurso do presidente da Suprema Corte, ministro Luiz Fux, foi visto no Planalto como uma insinuação de que manifestações em defesa do presidente serão violentas. Ao afirmar que “num ambiente democrático, manifestações públicas são pacíficas; por sua vez, a liberdade de expressão não comporta violências e ameaças”, Fux pressupõe que terá violência nos atos de 7 de Setembro.
As desconfianças de Fux, talvez, não são somente em relação aos apoiadores do presidente. Movimentos da oposição convocaram para o mesmo dia atos para se contrapor ao governo federal. Os protestos ocorrerão em locais separados, tanto na capital federal quanto na capital paulista, e são organizados sob forte esquema de segurança, mesmo assim, a possibilidade de confronto é considerável.
O Brasil é um pavio de pólvora. Literalmente.
FRASE
Quem dá ultimato não sou eu, é o povo.
JAIR BOLSONARO - Presidente, sobre as manifestações de 7 de Setembro
AUTONOMIA
A reitora eleita da Uern, Cicilia Raquel, será recebida em audiência pela governadora Fátima Bezerra (PT), na próxima quarta-feira, 8. Vai entregar o convite para a sua posse que acontecerá dia 28 de setembro. Outro ponto da audiência é a garantia da entrega do projeto de autonomia financeira da Uern, que a governadora prometeu apresentar na Assembleia Universitária.
EQUIPE
Cicilia Raquel ainda não fechou 100% a sua equipe de auxiliares. Vem discutindo com o vice-reitor eleito, professor Chico Dantas, e com a reitora em exercício Fátima Raquel. O reitor licenciado Pedro Fernandes também está sendo ouvido. É provável que Fátima assuma uma das pró-reitorias. Há desejo de lado a lado. A chapa Cicilia/Chico foi eleita com mais de 63% dos votos.
LECTUS
A ex-secretária adjunta da Saúde do RN, Maura Sobreira, está de volta aos quadros da Uern. Ela retorna à sua instituição de origem após ser exonerada pelo governo, em razão do seu envolvimento na Operação Lectus. Maura diz que vai produzir defesa para provar inocência. Também foi exonerada pelo mesmo motivo a coordenadora de Atenção à Saúde, Gilsandra de Lira Fernandes.
ELES VÃO
Os dois ministros potiguares de Bolsonaro, Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento), vão participar das manifestações de 7 de Setembro. Para não contrariar o patrão. Ambos precisam da simpatia de Bolsonaro para seus projetos eleitorais.
DEDO NA FERIDA
A Igreja Católica colocou o dedo na ferida aberta no Brasil: "Quem se diz cristão deve ser agente da paz e a paz não se constrói com armas", alerta a CNBB em carta direcionado ao Planalto. Mais um tantinho de pólvora.
CAFEZINHO
O prefeito de Patu, Rivelino Câmara, diz em alto e bom som que é a favor da aliança do seu MDB com o PT da governadora Fátima Bezerra. O passado não deve se sobrepor ao projeto maior, na opinião. Rivelino está no "Cafezinho com César Santos" deste domingo, 5.
É NOTÍCIA
1 - O RN tem mais de 74 mil pessoas que não retornaram para a segunda dose da vacina contra a Covid-19. Essas pessoas devem se vacinar porque os riscos de transmissão continuam presentes.
2 - O Brasil já aplicou 198,4 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19; são 93,72 doses aplicadas a cada 100 habitantes. Segundo o Ministério da Saúde, o País tem 40 milhões de pessoas totalmente imunizadas com duas doses ou dose única da Janssen.
3 - A maioria dos ministros do STF decide reabrir o prazo para os candidatos que quiserem pedir isenção da taxa de R$ 85,00 para se inscrever no Enem 2021. Decisão surtirá efeito de imediato.
4 - O deputado Beto Rosado acompanhou o ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, na entrega de256 moradias do residencial Irmã Dulce III, em Parnamirim. Beto enalteceu os investimentos do governo federal da ordem de R$ 18,8 milhões.
5 - Veja a que ponto chegou o debate político brasileiro: o deputado Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, usou uma entrevista para chamar o presidente Bolsonaro de gay, como se homossexual fosse um insulto. Maia "lacrou" nas redes sociais. Francamente.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.