DESTREZA DE ‘CONSTRUTOR E CARPINTEIRO’
O jornalista Gaudêncio Torquato, mais uma vez, certeiro em sua análise, pós Sete de Setembro:
“Foi um divisor de águas, ou ainda, o maior dique que se construiu para evitar a inundação da política com os destroços causados pelas ações sempre pensadas, nunca impensadas, do atabalhoado presidente Jair Bolsonaro. E esse dique contou com a destreza de construtor e carpinteiro, qualidades do ex-presidente Michel Temer. E por que este é considerado o último divisor de águas? Pelo nível de enchente provocada junto ao Poder Judiciário com repercussões de monta sobre as cúpulas congressuais. Um palavreado desbocado nunca ouvido.
Qualquer novo tsunami, se ocorrer, não apresenta escapatória: o construtor de diques, Michel Temer, não teria suporte moral para vir a trabalhar nos estragos refeitos, os juízes do Supremo se dariam por esgotados e conscientes de que nada se pode esperar daquele navio que dispara torpedos intermitentes. O termo impeachment, hoje apenas uma palavra a frequentar o dicionário de Brasília, ganharia fundamento e o desembarque das tropas aliadas do capitão do transatlântico seria um ato pensado sob o fluxo de ondas fortes que inundariam os dutos da opinião pública.
Vamos analisar ponderadamente esta reflexão. A Opinião Pública se origina de áreas de pensamento que se formam, sem articulação prévia, juntando-se em bolhas. Geralmente tais bolhas nascem no meio das classes médias, e costumam ter uma antena virada para os fatos. A área política, por mais que junte grupos de interesse comum – verbas, benefícios, espaços na administração – tem o dom de autopreservação. Não pula o abismo. E confere seus passos com o caminhar dos grupos de Opinião Pública.
Diz-se que Bolsonaro não mudaria por ter um foco para iluminar suas bases. Mas tais bases não chegam a 30%. E tendem a diminuir se alinharmos os fatores que poderão estreitar o tamanho dos contingentes: apagões de energia, decorrentes da crise hídrica; continuidade da crise sanitária; pequena reação da economia, com o desemprego jogando alto; crise política sem passos avançados; auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, sem estofo para agradar milhões de famílias.
Portanto, é de se prever um Bolsonaro mais contido, sob pena de que continue a agradar parcela de seu eleitorado, mas a desagradar os maiores conjuntos eleitorais. Os políticos agirão com um olho plantado no Planalto, outro na planície. O PP que, aliás, não quer Bolsonaro em seus quadros, vai se esforçar para acender uma vela a Deus, outra ao demônio. E a economia? O que resta a Paulo Guedes fazer para agradar o tal mercado?
Dito isso, vem à tona a figura de bombeiros e construtores de diques. Michel Temer, em nova escalada de adjetivos ferinos, poderia voltar a ajudar o presidente com novas cartas e compromissos? Difícil. Depois de recuperar uma imagem borrada por “jogadas” que se conhecem, seria pouco provável que o ex-presidente topasse se meter em uma enrascada, a ideia de vir novamente a por panos quentes entre os Poderes.
Quanto a estes, a cautela impera. Todos os ministros estão vacinados contra novas mordidas do “cão raivoso”. Alexandre de Moraes, por exemplo. Um magistrado de alto gabarito, professor de Direito, e Luis Roberto Barroso, um dos mais preparados magistrados, se dariam ao exercício de, mais uma vez, entrarem numa espécie de pacto de não agressão? Nem o papa Francisco daria endosso a mais uma tentativa de harmonia.
Por todas essas razões, o país entra na era do divisor de águas. E qualquer pedra que Bolsonaro atirar em Chico baterá na cabeça de Francisco, a exibir a disposição dos juízes do STJ, TSE e STF de agirem como um corpo unitário. Os riscos estão postos.”
FRASE
“Qualquer pedra que Bolsonaro atirar em Chico baterá na cabeça de Francisco”
GAUDÊNCIO TORQUATO – Jornalista e consultor político
SERVIÇO SOCIAL
O prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) pediu ao Governo do RN a cessão de um imóvel para o município instalar o centro integrado de serviços. O imóvel localizado no Abolição II, zona oeste, se cedido pelo estado, vai concentrar serviços na área social como Cartão SUS, CadÚnico, Ouvidoria, Procon, Central de Empregabilidade e Central de Exames, Consultas e Cirurgias.
SEM LAVAR AS MÃOS
A pesquisa PeNSE, do IBGE, revela que, antes da pandemia da Covid-19, a rede de ensino público do RN tinha 39,7% dos estudantes, de 13 a 17 anos de idade, sem acesso a pia ou sabão para lavar as mãos. Em números absolutos, são 62 mil adolescente nesta faixa de idade. A expectativa, agora, é se os alunos vão ter melhores condições no retorno às atividades presenciais pós-pandemia.
FRACASSO
As ruas vazias no domingo, 12, de manifestação do MBL, devolvem o discurso de impeachment de Bolsonaro a menor degrau. Os atos também provaram que só falta uma coisa para a terceira via da política brasileira: o voto. Para os mais contundentes, o fracasso dos atos enterrou a terceira via.
AZEDOU
A presença do MDB nos atos do MBL, que também serviram para atacar o ex-presidente Lula, distanciou o partido de uma aliança com o PT para 2022. A repercussão, negativa, também impactará no diálogo aberto entre as duas siglas no RN.
TANTO FAZ
O prefeito Álvaro Dias (PSDB) está sem líder na Câmara de Natal desde que a vereadora Nina Souza (PP) entregou o bastão. E parece não ter pressa de escolher um líder. O Legislativo não incomoda, nem a bancada governista dá trabalho. O líder tornou-se dispensável.
BRASIL 35
O Brasil 35 captou mais um nome para formar chapa a deputado estadual em 2022: Gilberto Torres, de Apodi. Chamado carinhosamente de "Gilberto Doido", ele está deixando o PT, onde é suplente de deputado federal, para acreditar no projeto eleitoral do novo partido. O Brasil 35 é presidido no RN por Viviane Oliveira.
É NOTÍCIA
1 -O presidente Bolsonaro abriu os braços para os militares. Criou o programa de construção de moradias para policiais, bombeiros, agentes penitenciários, com investimento de R$ 100 milhões.
2 - A advogada Lidiana Dias está cotada para ser a vice na chapa encabeçada por Aldo Medeiros, atual presidente da OAB e candidato à reeleição. Lidiana tem atuação destacada em Pau dos Ferros, onde preside a subseccional da Ordem dos Advogados do Brasil.
3 - O padre Flávio Augusto, titular da Paróquia de Santa Luzia, confirmou que a festa da padroeira este ano voltará a ter público e a tradicional procissão do dia 13 de dezembro. Com protocolos.
4 - O Instituto Medicina Tropical, da UFRN, identificou a variante Delta do novo coronavírus em quatro amostras coletadas entre os dias 27 e 30 de agosto em Mossoró. É a confirmação que a variante está circulando em todo o Rio Grande do Norte.
5 - O RN tem 1.166.385 pessoas totalmente vacinadas contra a Covid-19, o que representa 43% do público-alvo; e 2.196.896 de pessoas vacinadas com a primeira dose. Em Mossoró, 110.715 receberam duas doses ou dose única da Janssen, 48% do público-alvo.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.