FUSÃO NÃO É RECEITA DE BOLO
Nas eleições municipais de 2020, o PSL e o DEM receberam juntos R$ 320 milhões em fundo eleitoral, que oxigenaram as candidaturas de prefeitos e vereadores. As duas legendas também recebem R$ 140 milhões por ano em fundo eleitoral. Tratam-se da primeira e da décima maior bancada da Câmara dos Deputados, somando juntas 81 parlamentares.
Dessa forma, a nova agremiação ficará com a maior fatia do bolo do fundo eleitoral e partidário e liderará o tempo de TV no horário eleitoral. Daria a sigla, a ser comandada por ACM Neto (DEM) e Luciano Bivar (PSL), o domínio, ao menos em números, da direita da política brasileira.
Para o ex-senador José Agripino Maia, que preside o DEM no Rio Grande do Norte, a nova legenda, se concretizada, representará a sonhada terceira via. Inclusive, ele acredita que a terceira via também seria levada a termo na sucessão estadual, com a construção de um palanque para enfrentar a governadora Fátima Bezerra (PT).
Para Agripino, “isso vem do Brasil para dentro”, e a posição dele e do DEM, se a fusão ocorrer, vai ser de ter um candidato de centro, até de outros partidos, com a condição de ganhar a eleição no RN.
Beleza.
Só que política não é receita de bolo, onde você mistura os ingredientes, leva ao forno e sai tudo bonitinho. A política está longe disso. A fusão PSL e DEM não terá apenas uma operação da matemática, a de somar. Pelo contrário, talvez, e provavelmente, subtrair seja a que prevaleça.
O deputado federal General Girão, do PSL do Rio Grande do Norte, por exemplo, já se posicionou contra a fusão. Ele prevê que o PSL talvez consiga levar para a nova legenda apenas 10 dos 58 parlamentares.
Já no grupo de WhatsApp do DEM, a versão predominante dá conta que dos 23 deputados federais, apenas 14 seguirão para o novo partido. ACM Neto rebate e está convicto que os democratas seguirão juntos, apesar das controvérsias.
O fato é que é iminente o risco de defecção no PSL e DEM, porque o processo de fusão não respeita a realidade das bases eleitorais dos deputados das duas siglas. Girão, por exemplo, tem dificuldade de participar de um projeto político-eleitoral que não seja uniforme ao conservadorismo, perfil de sua base de apoio no estado. Ele também não embarcará em projeto que não seja de apoio à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Se pegar o tecido da sigla que está se formando, os retalhos de PSL e DEM colocaria no mesmo quadro nomes tão díspares que vão de Kim Kataguiri (DEM-SP), deputado que apoia o impeachment de Bolsonaro, e Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. Só para ilustrar: o primeiro já chamou o segundo de "quadrilheiro".
Bom. É fato que a fusão entre PSL e DEM tem relevância no futuro do horizonte político do Brasil, uma vez que pode motivar o processo de fusão entre partidos, principalmente se o Senado negar a volta das coligações proporcionais, que é provável. E esse processo, que antes seria apenas das siglas nanicas, se tornará realidade nas agremiações que um dia foram grandes.
FRASE
“Seria um candidato forte, está bem avaliado e transita bem entre os partidos”
JOSÉ AGRIPINO MAIA – Presidente estadual do DEM defendendo Álvaro Dias, presidente de Natal, ao Governo do RN
ANTES TARDE...
Ufa! A Prefeitura de Mossoró concedeu o termo que o aposentado Antônio Lopes de Souza precisava para receber o aparelho de suporte à vida da Secretaria de Saúde do RN. Foi luta para o município cumprir o seu dever. O JORNAL DE FATO narrou o sofrimento de Seu Antônio e o descaso da gestão Allyson Bezerra. A reportagem serviu de pressão. Daí, o termo foi finalmente assinado.
...DO QUE NUNCA
A Sesap/RN já fez contato com a família de Seu Antônio Lopes e o aparelho Trillogy será entregue e instalado até a próxima semana. O paciente sofre com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e tem muita dificuldade de respirar. O Trillogy é exatamente um suporte de respiração mecânica, que amenizar o sofrimento de Seu Antônio e, provavelmente, prolongar mais a sua vida.
CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
Nesta data, em 1988, a Assembleia Nacional Constituinte aprovava Constituição da República Federativa do Brasil, que veio a ser promulgado logo depois, em 5 de outubro daquele ano. Lei suprema, que sustenta o parâmetro de validade a todas as demais espécies normativas, situando-se no topo do ordenamento jurídico. Nenhuma outra guarda e sustenta tão bem a nossa democracia.
ROLO COMPRESSOR
Se não houver surpresa de última hora, a bancada governista aprova hoje a desvinculação de 30% da receita da iluminação pública (CIP) para o prefeito Allyson Bezerra gastar de forma livre. Se é constitucional ou não, a ordem é passar por cima feito rolo compressor. Allyson não abre mão dos 30%.
CONTA GORDA
A CIP deve ter uma receita de mais de R$ 20 milhões este ano. Se retirar 30% da iluminação pública, o prefeito Allyson terá livre mais de R$ 6 milhões. Um "cheque em branco" polpudo, como diz a turma do bordado.
LUPA
De 23 votos na Câmara de Mossoró, o prefeito Allyson Bezerra conta com 20. Apenas três não seguem a cartilha do Palácio. E passando a lupa criteriosa, os três contrários não são da oposição "declarada". Vida fácil.
É NOTÍCIA
1 - O vereador Robério Paulino (Psol) abriu mão do salário na Câmara Municipal de Natal. Fez a opção pelo salário de professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
2 - As redes sociais estavam indóceis no dia passado por conta do discurso do presidente Bolsonaro na ONU. Bolsonaristas defenderam que foi o "máximo"; antibolsonaristas afirmam que foi o "ó". E assim caminha o bate-boca de ponta de rua eletrônica.
3 - A Secretaria de Saúde do RN distribuiu quase 200 mil doses de vacinas contra a Covid-19, para o reforço na imunização de idosos e dos imunossuprimidos. Os municípios começam a vacinar hoje.
4 - Está pronto para lançamento o livro "Apanhador de Histórias e Saudades", do escritor Francisco Canindé da Silva. A obra traz documentos, estudos, fotos, pesquisas da geografia humana de Mossoró. Lançamento dia 3 de outubro, na Escola de Artes.
5 - O RN alcança hoje 50% da população adulta totalmente vacinada contra a Covid-19. São mais de 1.305 milhão de pessoas com duas doses ou dose única da Janssen. Em Mossoró, 51% do público-alvo está totalmente vacinado, são mais de 117 mil pessoas.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.