O povo pede liberdade, de verdade
LIBERDADE, LIBERDADE, LIBERDADE
A história conta que há 138 anos, Mossoró escrevia seu principal capítulo em defesa da liberdade, ao quebrar as correntes de seus escravos cinco anos antes da assinatura da Lei Áurea que acabou a escravidão no Brasil. A ideia de Mossoró libertária nasceu na maçonaria e ganhou força com apoio popular, com a instalação na Câmara Municipal da “Sociedade Libertadora Mossoroense”.
Ficou estabelecimento que no dia 30 de setembro de 1883, os 86 escravos que viviam na cidade seriam alforriados. E assim aconteceu.
É interessante observar que os registros históricos revelam que Mossoró não era uma cidade escravocrata. Naquela época, manter escravos era caro e muitas pessoas não faziam oposição em libertá-los. Alguns fazendeiros eram exceção. Elesexigiam indenização pela alforria, mas não eram radicais, tanto que os escravos libertos continuaram nas fazendas, não mais como cativos, e sim funcionários remunerados.
Esse é um fato importante porque mostra um movimento que se preocupou não apenas com a liberdade do povo negro, mas também com o futuro de cada um deles. Diferentemente da Lei Áurea que acabou com a escravatura no País, sem uma segurança digna, e os escravos acabaram expulsos das fazendas e marginalizados.
O fato é que Mossoró ganhou a fama de cidade da liberdade e soube colocar o feito cívico em um patamar que pudesse ser o vetor do desenvolvimento social, econômico e cultural. De fato, a cidade absorveu todos os benefícios que a história proporcionou. Somam-se, aí, outros feitos importantes que consolidaram a marca de cidade libertária e de resistência, como o motim das mulheres em defesa de seus companheiros e filhos, liderado por Ana Floriano; a primeira mulher eleitora da América Latina, Celina Guimarães; e a resistência ao bando do temido cangaceiro Lampião.
No entanto, muito mais do que a fama, é providencial olhar para a realidade. Mossoró respira mesmo liberdade? É, de fato, uma cidade de resistência?
A nova história desafia o passado. O povo e seus representantes legitimados nas instituições, sejam publicadas ou privadas, não tiveram a mesma bravura contada nos livros para defender a cidade de ataques recentes. O “caldeirão do diabo”, como é conhecido o presidio federal, é um exemplo disso. A apatia para exigir dos governantes a construção de um aeroporto que possa promover o desenvolvimento econômico, é outro exemplo. Um rio que está morrendo, visto a olho nu no dia a dia, também desafia a cidade libertária e de resistência. E o povo que morre à míngua, de fome e sem saúde, nas vias públicas, enlutam os símbolos.
Mossoró cresceu, é fato, muito mais por riquezas naturais e por força de um povo trabalhador e honesto, mas as correntes que foram quebradas há 138 anos ainda continuam atormentando a vida dos mossoroenses, embora de forma invisível.
De qualquer forma, faz bem à autoestima acreditar que Mossoró é a terra da liberdade e da resistência. Então, vamos festejar mais um 30 de Setembro.
E sonhar.
FRASE
“Ninguém liberta ninguém. As pessoas se libertam em comunhão.”
PAULO FREIRE – Patrono da educação brasileira
CONCURSO DA UERN
A governadora Fátima Bezerra (PT) autorizou o concurso público da Universidade do Estado do RN (UERN). Trata-se de uma necessidade urgente. O último concurso para professor e técnico administrativo da instituição foi realizado em 2016. Com a autorização, a Uern vai iniciar os trâmites burocráticos e definição do edital. A reitoria Cicilia Maia acredita que o concurso será realizado em 2022.
SER JUSTO
É impossível não identificar as digitais do ex-reitor Pedro Fernandes na pauta positiva da Uern. A luta pela autonomia financeira foi uma bandeira de suas gestões; o concurso público, também. Fernandes também trabalhou pelo plano de cargos, carreiras e salários de docentes e técnicos. E, reconheça-se, Pedro Fernandes vai para prateleira dos maiores gestores que a Uern já teve.
COBRANÇA
O deputado federal Beto Rosado (Progressistas) está certo em cobrar do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) a execução de R$ 43 milhões. São recursos de emendas do parlamentar mossoroense para melhorar a infraestrutura e a saúde de Mossoró. O prefeito tem a obrigação de esclarecer porque não está aplicando os recursos do povo.
OLHA NÓS AQUI
A deputada Isolda Dantas (PT) e o deputado Bernardo Amorim (MDB) estão absorvendo a agenda positiva do Governo do Estado em Mossoró. Ela e ele estão colados na governadora Fátima Bezerra (PT) e nos benefícios para a cidade e região.
TRANSPARÊNCIA
O Governo do Estado vai colocar no ar uma plataforma para a população acompanhar passo a passo a construção do Hospital da Mulher de Mossoró. O cidadão poderá conferir volume de recursos investidos, licitação de equipamentos e o andamento dos serviços. Anúncio feito pelo secretário de Gestão de Projetose Metas, Fernando Mineiro.
PERSEGUIÇÃO
A denúncia de possível perseguição a servidores do município chegou ao Ministério Público. Cerca de dez pessoas, aprovadas em processo seletivo e contratadas na gestão passada, foram exoneradas pelo prefeito Allyson, sem justificativa.
É NOTÍCIA
1 - Em 1952, nesta data, a energia elétrica de Mossoró ganhava novos motores, por meio da Comensa, gestão do prefeito Francisco Vicente de Miranda Mota. Bênção feita pelo monsenhor Luís Mota.
2 - Nesta data, em 1976, era inaugurado o conjunto Abolição I, com a entrega de 430 casas pelo prefeito Dix-huit Rosado. A partir daí, houve a ocupação e urbanização da zona oeste de Mossoró, com a construção dos Abolições II, III e IV, Santa Delmira e outros.
3 - Há 10 anos, era instalado o 12º Batalhão de Polícia Militar em Mossoró, com sede no Alto de São Manoel, com tenente-coronel Francisco Alvibá no comando. Obra do governo Rosalba Ciarlini.
4 - A noite de hoje é imperdível com o show Vaca Profana da cantora mossoroense Katharina Gurgel, em homenagem aos 55 anos de carreira de Gal Costa. Os grandes sucessos na voz de Katharina, com participação de Bia Gurgel. Na praça Cícero Dias, às 20h.
5 - A cobertura jornalística do feriado do 30 de Setembro em Mossoró o leitor acompanha no defato.com, em tempo real. Já a edição impressa do JORNAL DE FATO não circulará nesta sexta-feira, 1º, em razão do feriado de hoje. Volta normalmente no sábado, 2.
Tags:
César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.