Sábado, 01 de fevereiro de 2025

Postado às 09h45 | 29 Dez 2021 | Arrogância, prepotência, autoritarismo não cabem a um líder

Crédito da foto: Reprodução Prefeito Allyson rompeu com vice-prefeito Fernandinho e perdeu três vereadores da base

O prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) entrará o ano eleitoral com a missão de recompor a sua base de apoio político. Ele vai precisar, tanto para continuar com o legislativo sob o controle, quanto para fortalecer o projeto de ter os seus candidatos mais votados em Mossoró. O chefe do Palácio da Resistência termina o ano em baixa.

Para entender o momento delicado, é preciso voltar ao início da gestão Allyson Bezerra. Ele iniciou o governo contando com apoio de 19 dos 23 vereadores. Apenas três na oposição: Francisco Carlos (Progressistas), Larissa Rosado (PSDB) e Marleide Cunha (PT); e um declarado independente: Pablo Aires (PSB).

A maioria esmagadora fez o Executivo aprovar tudo que quis no Legislativo, inclusive, projetos mal elaborados e cheio de erros. O poder sobre os vereadores, porém, exigia do prefeito um tratamento, digamos, respeitoso com a sua bancada, coisa que ele não levou a termo. Prevaleceu o autoritarismo, o grito na cara, a humilhação. Logo, os menos tolerantes deixariam a bancada.

Foi o que aconteceu com o vereador Didi de Arnor (Republicanos), o primeiro a sair da base de apoio do governo. Ele não suportou o grito de Allyson. Em seguida, o vereador Zé Peixeiro (Progressistas) tomou o mesmo rumo, diante da falta de compromisso do chefe do palácio, segundo o disse o próprio vereador.

Mais recentemente, foi a vez do vereador Tony Fernandes (Solidariedade) se afastar do projeto político de Allyson, o criticando por se abraçar com as oligarquias (leia-se ministro Fábio Faria), coisa que o prefeito condenou quando era candidato. Tony não anunciou rompimento, mas deixou evidenciado que assumiria posição de independente.

Dias depois, o vice-prefeito Fernandinho das Padarias (de saída do PSD) oficializou rompimento político-administrativo. O prefeito Allyson havia exonerado os cargos comissionados da Vice-prefeitura e todos os indicados de Fernandinho.  O vice virou oposição.

Nesta segunda-feira, 27, foi a vez do vereador Gideon Ismaias (Cidadania) anunciar saída da bancada governista. Saiu atirando: “A gente tinha tido a percepção de que os projetos do prefeito eram bons, mas houve um desvirtuamento do discurso ao longo desse ano não só comigo, mas com outros colegas da base.”

Veja que o bloco independente saltou de um vereador no início do ano para quatro vereadores agora (Didi de Arnor, Zé Peixeiro, Pablo Aires e Gideon Ismaias) e pode subir para cinco caso Tony Fernandes faça a prometida travessia. Com os três da oposição, se somados, o plenário da Câmara Municipal bate a casa de 1/3 que não reza a cartilha do Palácio da Resistência. Com isso, torna-se possível, por exemplo, a aprovação de um pedido de uma CEI para investigar eventual deslize da gestão municipal. Não é uma certeza que isso venha a acontecer, mas é um fantasma com o qual o inquilino do palácio terá que conviver.

Pois bem.

A desnutrição pela qual passa a sua base de sustentação política obrigará o prefeito a correr atrás dos companheiros que ele mandou ou forçou a barra para ir embora. E o primeiro passo deve ser mudança de postura, abrir mão do autoritarismo e respeitar o companheiro de grupo. A arrogância, insolência, presunção não cabem a um líder.

Calçar as sandálias da humildade é bom para o início da caminhada indigesta.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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