Discursos, até aqui, não apresentaram ideias
MAIS IDEIAS, MENOS PERSONALISMO
O economista e ex-deputado federal Marcos Pestana, em artigo publicado no site Congresso em Foco, chama a atuação para o vazio de ideias e o culto a personalidades no atual estágio da sucessão presidencial brasileira. Ele aponta que “os holofotes se concentram na trajetória pessoal e características dos personagens que protagonizam a disputa, restando aos partidos e programas um papel secundário e acessório.”
Isso é consequência, na opinião de Pestana, “de uma eterna espera de um salvador da Pátria, um super-herói, uma figura mitológica, um ‘deus’ onipotente e onipresente que irá nos redimir de todos os males. Foi assim com Vargas, Jânio e Collor. E hoje, é revivido em torno das lideranças carismáticas de Lula e Bolsonaro. A alternativa ao populismo seria certamente muito mais trabalhosa.”
Por gravidade, passa à margem do debate, até aqui, o cenário de um país mergulhado em profunda crise econômica, com previsão pessimista de crescimento do PIB, desemprego batendo a casa dos 11% (mais de 12 milhões de trabalhadores) e os juros nas alturas tirando o direito de consumo dos brasileiros.
Pestana observa, em linhas, que temas urgentes vão ficando em banho-maria, como é o caso da necessária e urgente reforma tributária. E mais: “O presidencialismo brasileiro encontra-se cada vez mais atrofiado. As desigualdades sociais e regionais são escandalosas. A agenda ambiental foi praticamente abandonada. A democracia volta e meia é ameaçada. A qualidade da educação continua claudicando em patamares insatisfatórios. A eficiência estatal é cada vez menor. A crise fiscal é empurrada com a barriga. É sobre isto que os candidatos à presidência da República deveriam se posicionar.”
Enquanto isso, a massa de manobra, na sua eterna inocência, se prende a discutir qualidades e defeitos pessoais que envolvem Lula e Bolsonaro. O nós contra eles que empesta as redes sociais e grupos de amigos.
“Não se tem notícia de quais são os programas de governo que legitimam as aspirações presidenciais dos principais candidatos. Exceções pontuais existem em outras candidaturas. Mas, vamos combinar, não é isto que pauta o debate nacional. A fé que nos move é que o salvador da Pátria eleito saberá o que fazer depois”, reclama.
“Bolsonaro perdeu dois pontos simbólicos que rechearam o conteúdo de sua campanha em 2018: o combate à corrupção com o afastamento de Sérgio Moro e a agenda liberal de Paulo Guedes, que hoje jaz na poeira das gavetas de arquivos abandonados. Escora-se na pauta conservadora de costumes e no combate aos moinhos de vento do fantasma comunista. Evita discutir a crise econômica e social e alimenta o antipetismo.
Lula realça as conquistas do passado, espalha bravatas como a da imagem da crise da Ucrânia resolvida numa mesa de bar, passa longe de qualquer autocrítica sobre a corrupção e a desastrosa condução da política econômica nos governos petistas. Surfa na rejeição ao atual governo. Sobre o futuro, acena com uma agenda regressiva incluindo a revogação das reformas trabalhista e previdenciária e o fim do teto de gastos.”
Por fim, Pestana arremata: “se o rumo da campanha for este, estaremos em maus lençóis. Há 230 anos morria Tiradentes. Certa vez, ele disse: Se todos quisermos poderemos fazer deste país uma grande Nação. Vamos fazê-la. Mas isso não virá com o vento, nem cairá com a chuva, dependerá fundamentalmente de nossas escolhas.”
FRASE
“Se o rumo da campanha for este, estaremos em maus lençóis”
MARCOS PESTANA – Economista e ex-deputado sobre a falta de ideias na sucessão presidencial do Brasil
MULHER
A Marcha Mundial das Mulheres em Mossoró ocupa o Corredor Cultural neste domingo, 24. É parte da ação internacional de 24h de solidariedade feminista. Mulheres de todo o mundo denunciam a exploração das empresas transnacionais e grandes corporações sobre o trabalho, vidas, corpos e territórios. A concentração será em frente ao antigo "Comitê Lula Livre", na Rio Branco.
NOVA PESQUISA
O Ipespe mostra o ex-presidente Lula (PT) com 45% das intenções de voto na corrida pelo Palácio do Planalto contra 31% do presidente Jair Bolsonaro (PL). A seguir aparecem Ciro Gomes (PDT), com 8%, e João Doria (PSDB), com 3%. André Janones (Avante) e Simone Tebet (MDB) têm 2%. Luiz Felipe d’Ávila (Novo), Vera Lúcia (PSTU) e Eymael (DC) não pontuaram na pesquisa.
É ASSUSTADOR
Reportagem especial na página 3 desta edição revela, com documentos, que a Prefeitura de Mossoró está cotando em mais de R$24 milhões os contratos de estrutura e serviços do Cidade Junina 2022. Os pregões ainda não foram realizados, o que pode reduzir os valores cotados. Mesmo assim, é algo surreal para o tamanho do evento e a "calamidade financeira" decretada por Allyson Bezerra.
E MAIS
Só as atrações de fora vão levar R$ 3.670 milhões do Mossoró Cidade Junina. Os cantores forrozeiros Wesley Safadão e Xand Avião, juntos, receberão R$ 1 milhão. Esses valores ainda vão aumentar quando somar os cachês dos cantores, cantoras e bandas locais.
CALAMIDADE
Os números do Cidade Junina derrubam, em definitivo e sem argumento contrário, a farsa da "calamidade financeira" que foi decretada pelo prefeito Allyson, para sugerir que havia recebido uma prefeitura "quebrada". Faltou com a verdade, e agora ficou exposto à opinião.
POR FIM
Que o Mossoró Cidade Junina seja preservado e cumpra o papel sob o ponto de vista cultural e econômico. E que o Ministério público sinta-se provocado pelos números "bombados" dos contratos oficiais.
É NOTÍCIA
1 - A Escola Municipal Manoel Dunga da Rocha, na localidade rural de Rancho da Caça, celebra hoje 13 anos de fundação. Obra da segunda gestão da prefeita Fafá Rosado, em 2009.
2 - Os estudantes da Uern terão de volta o Restaurante Popular nesta segunda-feira, 25, após a vigilância sanitária liberar a reabertura da unidade. A Sethas garante que agora está tudo limpinho. As unidades do Santo Antônio e São Manoel também voltam a funcionar.
3 - O prazo para o eleitor regularizar a sua situação eleitoral vai até o dia 4 de maio, último dia para o fechamento do cadastro eleitoral. Quem não atualizar o documento, não votará em outubro.
4 - Está no ar a revista digital Mossoroando, com assinatura de Túlio Ratto e Ana Cadengue. A publicação traz panorama da produção cultural mossoroense, com o ponto de vista de artistas, produtores e jornalistas. Confira: tulioratto.com.br/mossoroando.
5 - A Estação das Artes Elizeu Ventania vai ganhar novas cores e piso para receber o Mossoró Cidade Junina 2022. As obras começaram com a implantação do novo piso (intertravado) e pela estrutura hidráulica e elétrica. O MCJ será realizado de 4 a 25 de junho.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.