Quinta-Feira, 30 de janeiro de 2025

Postado às 08h45 | 06 Set 2022 | Direita e Centro têm menos diversificação, mostra pesquisa

Crédito da foto: Ilustração Os partidos ditos de centro registraram 48,71% candidaturas declaradas branco

A pesquisa “Perfil do poder nas eleições 2022”, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC), em parceria com o coletivo Common Data, revela que os partidos da direita são os que têm a maior parte de candidatos brancos (50,4%) e a menor concentração de negros, com 48% na soma de pardos e pretos, ao contrário da esquerda, cujos percentuais são, respectivamente, 44,1% e 54%.

Na questão de gênero, novamente, a direita é quem traz o pior índice de representatividade, com 20% de candidatas ao Senado. Na disputa ao cargo do governo do Estado, a direita tem apenas 5 mulheres, contra 83 homens pleiteando o cargo. Na esquerda, das 107 candidaturas, 28 são mulheres e 79 são homens.

As informações foram levantadas em 15 de agosto, com base na extração dos dados do repositório do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e a classificação do espectro ideológico utilizada neste estudo é a do Congresso em Foco (2019).

“Apesar de ser a eleição com o maior número de candidaturas de mulheres e de negros, esse dado ainda está distante dos níveis de diversidade que o nosso Brasil precisa”, afirma Carmela Zigoni, responsável pelo estudo e assessora política do Inesc. “No que se refere ao recorte por partidos, em todos eles há desafios para o alcance da diversidade, mas fica claro que as candidaturas progressistas estão mais avançadas na tentativa de melhorar a representatividade racial e de gênero na política”, acrescenta.

O levantamento revela que a direita tem 50,41% de suas candidaturas em geral declaradas brancos, 37,03% são pardos e apenas 11,08% se declararam pretos. As candidaturas de mulheres ocupam 32,14% das vagas.

Já a esquerda faz o caminho inverso, embora os números ainda não sejam os ideais. São 44,14% de candidaturas de brancos, 33,03% de pardos e 20,98% de pretos, além de 35,73% mulheres.

Os partidos ditos de centro registraram 48,71% candidaturas declaradas brancos, 36,75% de pargos, 13,13% de pretos e 33,18% de mulheres.

Das 27.957 candidaturas registradas no TSE, disputam 13.681 brancos (48,9%) e 13.837 (50%) negros (soma de pardos e pretos), além de 171 indígenas (0,61%) e 112 amarelos (0,40%). Não divulgaram sua raça 149 pessoas (0,53%).

Em síntese, em 2018, eram 8,479 mulheres concorrendo (31%); em 2022, são 9.301 mulheres (33,2%), um crescimento de 2,6%. Em relação à raça, em 2018, eram 12.740 negros, em 2022 são 13.837 negros (49,49%). As candidaturas brancas reduziram 3,9% e as de negros aumentaram 3,5%.

 

 Novo é o partido com mais pessoas brancas

 

O partido com a maior proporção de pessoas brancas é o Novo: quase 80% de brancos, 19,3% de negros, 0% de indígenas e 0,84% de amarelos. A equidade racial parece não ser uma preocupação desta legenda, já que eles têm a menor proporção de pretos e pardos entre todos os partidos brasileiros e não têm nenhuma candidatura indígena. Em 2018, o Novo também foi o partido com menos candidaturas de pessoas negras, com 14,49%.

Três partidos se destacam pela grande proporção de negros: o Psol, com 61% (36,54% de pretos e 24,47% de pardos); o Unidade Popular (UP), com 60% (38,33% de pretos e 21,67% de pardos); e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), com 54,7% de negros (38,36% de pretos e 16,35% de pardos).

O partido com a maior porcentagem de candidaturas indígenas é o Rede, com 3,88% de indígenas, além de 41,16% de brancos, 54,4% de negros e 0,43% de amarelos. Quanto às candidaturas amarelas, o mais representativo é o PCO: 1,29% de amarelos, 53,55% de brancos, 44,52% de negros e 0% de indígenas. Além disso, são três os partidos que não apresentam nenhuma candidatura amarela: AVANTE, PV e UP.

Já nos partidos postulantes a uma cadeira no Senado e ao governo do Estado, a diferença na representatividade entre a esquerda e a direita é a mais acentuada nessas eleições. No caso dos senadores, as legendas do centro são predominantemente de brancos e homens (78%). Os pardos são 18% e não há nenhum preto nem amarelo nem indígena disputando a vaga de senador na direita. A direita tem 68% de candidaturas brancas, enquanto a esquerda tem 58% brancos e 36% negros (21% pardos e 15% pretos).

Para o cargo de governador, a direita e o centro, mais uma vez, pecam pela falta de diversidade, com 67% e 66%, respectivamente, de candidaturas de brancos. Já a esquerda traz 51,4% postulantes brancos, 46% de negros. Em 8 estados, apenas candidatos homens disputam o cargo de governador: Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Rondônia e Santa Catarina.

 

Número de candidaturas trans bate recorde

A Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) mapeou 76 candidaturas de pessoas trans para as eleições de outubro, o que representa um novo recorde para este grupo e um aumento de 44% sobre 2018, segundo a entidade.

O Rio Grande do Norte tem a possibilidade de eleger, pela primeira, uma pessoa trans à Câmara dos Deputados. Thábata Pimenta, que é vereadora na cidade de Carnaúbas dos Dantas, é candidata à deputada federal pelo PSB.

De acordo com o levantamento, 67 travestis/mulheres trans e 5 homens trans concorrerão a cargos públicos, enquanto em 2018 foram 52 e 1, respectivamente. Além disso, a Antra encontrou neste ano 4 candidaturas de pessoas não binárias.

Do total, 36 disputam vagas na Câmara dos Deputados, 39 nas assembleias legislativas dos estados e 1 a deputado distrital.

A associação apontou que há 49 candidatos que se declararam negros, 25 brancos e 2 indígenas. A maioria se concentra na região Sudeste (34%), seguida pelo Nordeste (28%).

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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