A três dias de assumir a Presidência da República pela terceira vez, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) completou o time de ministros que ajudará a governar o Brasil a partir de domingo, 1º de janeiro de 2023. O novo governo terá 37 ministérios, 14 a mais em relação as 23 pastas atuais. A formação contempla partidos que apoiaram a eleição de Lula e siglas que tinham outros candidatos, mas que vão fazer parte da base política no Congresso Nacional.
Lula também anunciou que o deputado José Guimarães (PT) será líder do governo na Câmara dos Deputados, o senador Jaques Wagner (PT) será líder do governo no Senado e o senador Randolfe Rodrigues (Rede) será líder do governo no Congresso.
Já o senador Jean Paul Prates (PT-RN) está com passe certo na presidência da Petrobras. É uma convocação definida, depois de Lula ter superado alguns entraves.
A ida de Jean Paul para o futuro governo foi selada antes mesmo das eleições deste ano, quando ele abriu mão de tentar reeleição para viabilizar a candidatura ao Senado do ex-prefeito Carlos Eduardo (PDT), para fortalecer o projeto de reeleição da governadora Fátima Bezerra (PT). Paul atendeu ao pedido de Lula, que articulou a aliança do PT com MDB e PDT, partidos comandados pela tradicional família Alves no Rio Grande do Norte.
Paul Prates tem longa atuação no setor de óleo e gás. Ele foi relator, no Senado, de projetos importantes, como o que levou à redução dos preços de combustíveis – a lei complementar da monofasia do ICMS. O senador reforça a promessa de Lula para os combustíveis, que é acabar com a política de paridade internacional de preços, criada pelo governo Michel Temer em 2016.
A ideia do futuro presidente da Petrobras é retomar os investimentos, com mais atenção à transição energética, o que, para o mercado de ações, pode reduzir os pagamentos vultosos de dividendos feitos este ano, que ajudaram nas contas da União.
Paul propõe criar referências regionais que possam levar em conta a formação de preços nacionais e importados. Segundo ele, não se trataria de tabelamento de preços dos combustíveis, no entanto, a proposta precisa ser detalhada.
Jean Paul Prates foi consultor na área de petróleo e gás e secretário de Energia do Rio Grande do Norte, quando atuou para a instalação e expansão da energia eólica e solar no estado. Em 2014, ele foi o primeiro suplente da senadora eleita Fátima Bezerra e, em 2018, com a vitória da petista para o Governo do RN, assumiu o mandato de senador da República.
Lula: “Depois de muita tensão, montamos o primeiro escalão do governo”
“Depois de um trabalho intenso, depois de muita tensão, depois de muita conversa e muito ajuste, terminamos de montar primeiro escalão do governo”, afirmou Lula logo ao subir ao palco do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona a transição, para anunciar os nomes nesta quinta-feira, 29.
Entre os nomes anunciados estão o da senadora Simone Tebet (MDB) para o Planejamento, Marina Silva (Rede) que voltará à chefia do Meio Ambiente após 14 anos — a ambientalista ocupou o mesmo ministério durante os dois governos do petista, entre 2003 e 2008 — e o de Sonia Guajajara (PSOL-SP), que será a ministra dos Povos Indígenas.
Na montagem do futuro ministério, Lula deixou sob a influência do PT postos-chave da administração como Fazenda, Casa Civil, Educação e Desenvolvimento Social, mas barganhou áreas importantes para atrair apoio de MDB, União Brasil e PSD, que representam 28% das cadeiras da Câmara e 38% do Senado. Entregou pastas de relevância a futuros aliados como Cidades, que ficará com Jader Filho (MDB-PA) e Transportes, com o senador eleito Renan Filho (MDB-AL).
O senador Carlos Fávaro (PSD-MT) assumirá Agricultura e o senador Alexandre Silveira (PSD-MG), Minas e Energia. Diante da insatisfação de deputados do PSD pela escolha de dois senadores, Lula decidiu ampliar o espaço da legenda e entregou à legenda de Gilberto Kassab um terceiro ministério, a Pesca, que ficará com o deputado federal André de Paula (PSD-PE).
Já o cobiçado Ministério de Integração Nacional ficará com o governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), um indicado do senador Davi Alcolumbre (União Brasil), numa vaga que estava reservada para o União. O presidente da legenda, Luciano Bivar, porém, disse não se tratar de uma escolha da sigla, que indicou os deputados Daniela do Waguinho (RJ), no Turismo, e Juscelino Filho (MA), nas Comunicações.
Ao entregar Comunicações ao União Brasil, Lula precisou deslocar o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), para quem já havia sido prometida a pasta. A saída foi oferecer ao deputado petista o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que dias antes havia sido ofertada ao líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). Reginaldo era dado como certo no Desenvolvimento Agrário até a tarde de quarta-feira, mas acabou rifado em meio ao novo arranjo político para acomodar o PSD e União Brasil, que ficarão com três ministérios cada.
O PSD na Câmara, que terá 42 parlamentares em 2023, também demonstrou insatisfação com o espaço recebido e tratou a oferta da Pesca como "troféu de consolação" após o veto ao nome do deputado Pedro Paulo (RJ), que era cotado para assumir o Turismo. O parlamentar teve o nome rejeitado por pessoas próximas a Lula por uma acusação de agressão contra sua ex-mulher. Na época, ele negou ter agido com violência e o inquérito que apurou o caso foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal em 2016.
Veja os ministros do governo Lula
- Marina Silva (Meio Ambiente)
- Sonia Guajajara (Povos Originários)
- Juscelino Filho (Comunicações)
- Jader Filho (Cidades)
- Simone Tebet (Planejamento)
- Carlos Lupi (Previdência)
- Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário)
- Renan Filho (Transportes)
- Alexandre Silveira - Minas e Energia
- Carlos Fávaro – Agricultura
- Paulo Pimenta - secretaria de Comunicação
- Daniela do Waguinho – Turismo
- Waldez Góes - Integração Nacional
- André de Paula – Pesca
- General Gonçalves Dias - Gabinete de Segurança Institucional (GSI)
- Ana Moser – Esporte
- Jean Paul Prates – Petrobras
- Fernando Haddad (PT) - Ministério da Fazenda
- Rui Costa (PT) - Casa Civil
- Flávio Dino (PSB) - Justiça e Segurança Pública
- José Múcio Monteiro – Defesa
- Mauro Vieira (diplomata de carreira) - Relações Exteriores
- Margareth Menezes – Cultura
- Alexandre Padilha - Relações Institucionais
- Anielle Franco - Igualdade Racial
- Camilo Santana – Educação
- Cida Gonçalves – Mulheres
- Esther Dweck – Gestão
- Geraldo Alckmin - Indústria e Comércio
- Jorge Messias – AGU
- Luciana Santos - Ciência e Tecnologia
- Luiz Marinho – Trabalho
- Nisia Trindade – Saúde
- Márcio França - Portos e Aeroportos
- Márcio Macêdo - Secretaria Geral
- Silvio Almeida - Direitos Humanos
- Vinícius Marques - CGU
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.