A Câmara Municipal de Mossoró vai ampliar o debate sobre a construção do santuário de Santa Luzia, por iniciativa do presidente da Casa, Lawrence Amorim (Solidariedade). Uma audiência pública está agendada para o próximo dia 14, uma sexta-feira, às 19h, devendo contar com representantes de todos os segmentos da sociedade, sobretudo, membros da Igreja Católica e de setores da economia.
O complexo religioso é visto com de extrema importância para fortalecer ainda mais o sentimento da população em torno da padroeira da cidade e, por gravidade, beneficiar a economia por meio do turismo religioso.
Mas, também, tem um viés político. Lawrence Amorim sabe que se fortalecerá com a luta em favor do santuário de Santa Luzia. Ele atua como voluntário dentro da Igreja Católica, antes mesmo de se eleger vereador em 2020. Com a liderança do movimento, a tendência natural é que ele ganhe novos simpatizantes.
Lawrence, porém, evita ao máximo misturar - de público - a luta pelo santuário com a política-eleitoral. Seu foco, tem dito, é buscar a união de todos para viabilizar o projeto. A audiência do dia 14 tem o objetivo de aprofundar a discussão da ideia e buscar meios para concretizar a obra. Lawrence já ouviu membros da Diocese de Mossoró e consultou um conjunto de entidades culturais, lideradas pela Academia de Ciências Jurídicas e Sociais (ACJUS). Todos hipotecaram apoio ao monumento.
Segundo o presidente, entre os aspectos a serem debatidos estão opções de local do santuário, elaboração do projeto e formas de financiamento. Para subsidiar essa discussão, a Câmara convidará diversos segmentos para a audiência pública, que promete ser concorrida. “Na reunião, faremos um amplo debate sobre o turismo religioso e o santuário da padroeira Santa Luzia em Mossoró. A intenção é encaminhar, como produto da discussão, ações práticas para começar a transformar essa ideia em realidade”, explicou Lawrence.
Quando resgatou a proposta, no início de março deste ano, Lawrence afirmou que não iria vender ilusões. Ele sugeriu o debate e estudo de viabilidade, acreditando ser perfeitamente possível. Para mostrar que é viável, Lawrence cita outras cidades, de menor porte, que conseguiram erguer monumentos religiosos. Santa Cruz do Inharé, na região Agreste potiguar, é um exemplo disso. Com a estátua de Santa Rita de Cássia, por ano, o município potiguar recebe 350 mil pessoas (nove vezes a população local).
Na cidade de Juazeiro do Norte, no sertão do Ceará, o turismo religioso potencializou a economia local e regional e transformou a vida das pessoas, a partir do santuário de Padre Cícero Romão. Estima-se que, anualmente, 2,5 milhões de turistas visitam a cidade.
“São dois exemplos que servem para Mossoró. Nosso município, com o santuário de Santa Luzia, poderia atrair mais de 2 milhões de visitantes, após alguns anos. Isso implicaria em ao menos R$ 200 milhões injetados na economia local todos os anos e cerca de dois mil empregos diretos e indiretos gerados”, destacou.
Proposta tem apoio de todas as bancadas na Câmara
Quando lançou a proposta de retomada do debate sobre a construção do santuário de Santa Luzia, Lawrence Amorim recebeu o apoio de todos os vereadores de Mossoró. As bancadas da oposição e da situação apoiaram a ideia, inclusive, católicos e evangélicos.
Na ocasião, a vereadora Carmem Júlia (MDB) observou que a obra atrairá fiéis não apenas na Festa de Santa Luzia, em dezembro, mas o ano todo. Na mesma linha, seguiu o vereador Naldo Feitosa (PSC). “Quantos devotos participam da festa de Santa Luzia, em dez dias, de 3 a 13 de dezembro? Imagine quantas pessoas viriam a Mossoró nos 12 meses do ano?”, questionou.
O vereador Tony Fernandes (Solidariedade) destacou a necessidade de empenho e união da classe política para conseguir recursos. E frisou o potencial do turismo religioso: “Devotos virão e consumirão em Mossoró e na região Oeste”.
Segundo o vereador Costinha (MDB), o santuário de Santa Luzia é um sonho da comunidade católica. “E temos a oportunidade de trabalhar para realizar esse sonho”, disse.
Na sequência, acrescentou o vereador Paulo Igo (Solidariedade): “Apesar de evangélico, apoio a ideia, porque vai gerar mais renda para o município. Quem trafega entre Natal e Fortaleza, por exemplo, vai parar em Mossoró”, previu.
O vereador Genilson Alves (Pros) afirmou que o turismo religioso agregará valor a outros potenciais de Mossoró; e o vereador Isaac da Casca (MDB), outro evangélico, observou que o santuário fortalece a luta pela duplicação da BR-304 entre Natal e Mossoró.
Por fim, o vereador Lucas das Malhas (MDB) enalteceu o impacto econômico positivo em cidades que apostam no turismo religioso e a importância do envolvimento também do setor privado; e o vereador Professor Francisco Carlos (Avante) disse que, se houver vontade política, os recursos para viabilizar o empreendimento podem sair, com folga, ainda este ano.
“Não se justifica Mossoró não receber pelo menos 40 milhões de reais todos os anos de emendas parlamentares, se levada em consideração possuir cerca de 10% da população do Estado”, observou Francisco Carlos.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.