O presidente da Câmara Municipal de Mossoró, Lawrence Amorim (Solidariedade), é aliado do prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade), mas não aceita posição de submisso. Pelo contrário. O líder do Legislativo mantém postura de independência, mesmo sendo governista, e tem opinião própria em temas relevantes.
Lawrence deu mais uma prova nesta terça-feira, 11, quando assinou manifesto de apoio à luta dos professores pela implantação do novo piso salarial do magistério. Ele reforçou a lista dos 10 vereadores que apoiam a causa da educação, todos da oposição. Entre os colegas de Casa, Lawrence afirmou que é importante incentivar a abertura de diálogo para buscar uma solução para encerrar a greve, que completa 50 dias hoje.
No entanto, a assinatura de Lawrence no documento de apoio aos professores desagrada ao chefe do Executivo. Allyson Bezerra decidiu que o confronto com os professores é uma questão pessoal que ele não abre mão, inclusive, sequer aceita negociar uma proposta para honrar a lei do piso do magistério. Contrariamente, a publicidade oficial do município lança ofensiva contra os professores. Além disso, setores da gestão Allyson dão sinais que o prefeito pretende judicializar a greve.
Vice
Não resta dúvida que há um ingrediente político importante no apoio de Lawrence ao movimento dos professores. Ele está com Allyson Bezerra desde o primeiro momento. Foram eleitos juntos em 2020. Na presidência da Casa, Lawrence tem sido o ponto de equilíbrio para que matérias de interesse do Executivo sejam aprovadas.
Porém, a pretensão de Lawrence ser candidato a vice-prefeito na chapa de Allyson em 2024 provocou rusgas. O prefeito não alimenta essa possibilidade de público e tem dito que ainda é cedo para falar sobre as eleições do próximo ano.
Lawrence entende que ele precisa se viabilizar, e o melhor caminho é liderar uma agenda positiva. Além do apoio aos professores, o presidente da Câmara também resgata a luta pela construção do santuário de Santa Luzia, que é bastante simpática à opinião pública. Esse movimento mantém Lawrence na pauta positiva do dia e ele vem ganhando espaço para viabilizar o seu projeto político-eleitoral.
Confira quem apoiou o documento dos professores:
Lawrence Amorim (SDD)
Tony Fernandes (SDD)
Isaac da Casca (MDB)
Carmem Júlia (MDB)
Francisco Carlos (Avante)
Marleide Cunha (PT)
Pablo Aires (PSB)
Larissa Rosado (União Brasil)
Omar Nogueira (Patriota)
Não assinaram o manifesto:
Edson Carlos (Cidadania)
Wignis do Gás (Solidariedade)
Costinha (MDB)
Raério Araújo (PSD)
Ricardo de Dodoca (PP)
Marckuty da Maísa (Solidariedade)
Genilson Alves (Pros)
Naldo Feitosa (PSC)
Lamarque Oliveira (PSC)
Didi de Arnor (Republicanos)
Faltaram à sessão:
Paulo Igor (Solidariedade)
Zé Peixeiro (PMN)
Gideon Ismaias (Cidadania)
Lucas das Malhas (MDB)
Manifesto pressiona prefeito para negociar pagamento do novo piso
O manifesto de apoio ao movimento dos professores foi iniciativa da presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Mossoró (Sindiserpum), Eliete Vieira, como forma de conquistar o apoio de vereadores na busca de uma solução para a greve.
O manifesto cobra do Executivo mossoroense propostas concretas para o pagamento do novo piso salarial da educação. "Essa é a Casa do Povo, as pessoas que aqui estão precisam assumir um compromisso público com a Educação de Mossoró e mostrar para a população de que lado eles estão neste momento", diz Eliete.
Confira o manifesto na íntegra:
“Nós, professores e professoras da rede municipal de ensino de Mossoró, solicitamos a sua assinatura no manifesto de apoio à greve dos professores e em defesa da educação.
1 - A educação é a base do desenvolvimento humano individual e enquanto ser social. É pela educação que dizemos que tipo de ser humano queremos ser e em que tipo de sociedade queremos viver e conviver. A educação é a esperança que traça o caminho de um futuro que se quer viver.
2 - A educação formal se corporifica no trabalho de reflexão-ação dos professores e professoras que apresentam as trilhas do caminho para crianças, jovens e adultos construírem o futuro que desejam viver. Por isso, defender uma continuada política de valorização dos profissionais da educação é condição entrelaçada à busca pela melhoria da qualidade da educação.
3 - Apoiamos e reconhecemos como legítimo o movimento de greve dos professores da rede municipal de ensino de Mossoró.
4 - Enquanto membros do Poder Legislativo responsáveis por representar os interesses do povo rumo ao bem viver coletivo, compreendemos que o processo de desvalorização do trabalho docente e de desrespeito à carreira - deflagrado pela negação do reajuste do piso salarial - fere não apenas a qualidade, mas também as condições estruturais e objetivas do trabalho docente na Rede Pública da Educação Municipal.
5 - Movidos pela crença na democracia e pela defesa incondicional da escola pública, laica, gratuita e de qualidade social referenciada, declaramos apoio total e irrestrito aos professores e professoras, por entender que todo e qualquer projeto para a educação deve, necessariamente, ser pautado pela valorização dos profissionais que atuam na construção e na consolidação da Escola, da Educação e da Sociedade. Neste sentido, repudiamos todo e qualquer ato de retaliação, difamação, cerceamento da liberdade de expressão e criminalização dirigido aos profissionais que livremente aderiram ao movimento de greve.
6 - Conclamamos às lideranças políticas, ao excelentíssimo prefeito, aos representantes da Secretaria Municipal da Educação, que sejam sensíveis aos prejuízos que esta greve representa para a sociedade mossoroense, especialmente para os alunos, professores, servidores e beneficiários das escolas públicas municipais, que encaminhem, com urgência, uma proposta de reajuste do piso salarial, condição sine qua non para se encontrar um caminho para o fim movimento de greve dos professores da rede municipal”.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.