Vamos continuar lutando e enfrentando a censura escancarada e a silenciosa.
CENSURA ODIOSA
A agressão à repórter Delis Ortiz por um agente do ditador venezuelano Nicolás Maduro, em terra brasileira, segue o roteiro de violência contra jornalistas e veículos de imprensa. Mesmo a vítima pertencendo aos quadros da poderosa Rede Globo, o caso será apenas mais um na estatística criminosa, infelizmente.
O soco no estômago de Delis, no ambiente “controlado” pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República do Brasil, carimba o selo de que governos não gostam de jornalistas e reagem com violência sempre que se acham incomodados. Todos os governos, de todas as esferas, matizes e ideologias, sem exceção.
Aliás, governos e políticos não gostam da imprensa, mas, sim, da assessoria de imprensa. Desde sempre.
O que ocorre no Brasil, cotidianamente, são agressões morais, físicas e de toda a ordem. Um relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), divulgado no dia 7 de abril deste ano, revela que em 2022 foram registrados mais de 370 casos de agressões aos jornalistas e ataques à categoria e veículos de imprensa. O cenário foi potencializado com discursos de ódio e a desinformação das redes sociais, que questiona a credibilidade da profissão.
Isso ocorre abertamente no país de Mossoró e foi potencializado desde a chegada do jovem Allyson Bezerra (Solidariedade) ao cargo de chefe do Executivo municipal. Um batalhão azul mantém plantão nas redes socais, cumprindo ordem de combate aos jornalistas que ele, o prefeito, considera “inimigo”. É fácil detectar a estratégia odiosa. Basta um jornalista postar notícia que desagrada ao Palácio da Resistência, para sofrer hostilidades. Os autores das hostilidades, em bom número, estão distribuídos em cargos comissionados e/ou empresas terceirizadas, além de gabinetes de determinados vereadores governistas.
As pessoas, recrutadas, acreditam que podem dizer o que quer, nas redes sociais, para “destruir” o “inimigo”. Apostam na impunidade porque se escondem por trás das plataformas eletrônicas, como se elas fossem escudos.
Esse comportamento avançou consideravelmente nos últimos quatro aos, provavelmente em função do sentimento capturado pela extrema-direita, de colocar o jornalismo como um alvo a ser combatido. Daí, a narrativa baseada na mentira e no discurso de ódio.
A presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Katia Brembatti, defende que a saída para conter a cultura de agressão contra jornalista está em diferentes aspectos, incluindo a punição aos agressores e a consciência da importância da profissão.
“A pessoa está ali trabalhando. Você pode discordar dela com solidez, com educação, com argumentos, mas não praticando crimes. Outra coisa que é bem importante é mostrar o papel da imprensa: a imprensa está presente no dia a dia das pessoas de formas muito diversas, que às vezes a população não percebe. E o terceiro ponto, que eu acho bastante importante, é a questão da impunidade”, ensina Brembatti.
Pois bem.
Continuamos enfrentando o odioso processo de repressão da liberdade de imprensa. Está cada vez mais difícil, e perigoso, difundir os múltiplos pontos de vista e promover o acesso à informação. Os jagunços, escravos de seus interesses individuais e/ou a serviço de grupos, mantêm-se acima dos pilares da democracia, de forma criminosa.
Mas, vamos continuar lutando e enfrentando a censura escancarada e a silenciosa.
FRASE
“Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”
George Orwell – o melhor cronista da cultura inglesa do século XX
FIGURINHA REPETIDA
O prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) promoveu novo espetáculo para reinaugurar a reforma da Praça da Convivência que ele havia inaugurado em 2 de junho do ano passado. O mesmo equipamento, que foi inaugurado em 2007 pela gestão da ex-prefeita Fafá Rosado, foi reinaugurado duas vezes pelo atual prefeito. Tudo com muita festa e mídia, claro.
TÚNEL DO TEMPO
Nesta data, em 1966, o médico Milton Marques de Medeiros (falecido em 2017) dotava Mossoró de um hospital psiquiátrico, o São Camilo de Lellis. Teve como sócios os médicos Leodécio Néo, Cantídio Rosado, Vicente Paula, César Alencar e Clovis Miranda. Por décadas, o São Camilo cumpriu a sua missão e, recentemente, foi transformado em hospital municipal psiquiátrico.
ENFERMAGEM
O prefeito Allyson Bezerra (Solidariedade) prometeu cumprir o piso salarial da enfermagem, que entra em vigor em 1º de julho. Mas, ressalta que o valor integral será para jornada de 40 horas, e não 20 horas, como reivindicam os profissionais do município. A categoria pediu abertura de diálogo, o prefeito ainda não acenou.
SEGUE
Quanto às demais categorias do serviço público municipal, o prefeito Allyson não vai atender à pauta de reivindicação salarial. Os servidores estão sem recomposição há sete anos. Há possibilidade de reajuste ser concedido em 2024, ano que o prefeito tentará reeleição.
INVASÕES
O MST sustenta média de uma invasão por mês no Rio Grande do Norte nos primeiros cinco meses de 2023. A última invasão ocupa terra à margem da BR-405, saída de Mossoró para Apodi, com mais de 500 famílias.
EX
Pelo menos quatro ex-prefeitos oestanos tentarão voltar ao poder municipal nas eleições do próximo ano: Manoel de Souza Neto, em Areia Branca; Naldinho, Tibau; Haroldo Ferreira, Felipe Guerra; e Leonardo Rêgo, Pau dos Ferros. Essa lista, claro, vai aumentar consideravelmente na região, na medida em que for se aproximando do ano eleitoral.
É NOTÍCIA
1 - A Faculdade Católica do RN está comemorando a aprovação de 75% dos estudantes de Direito no exame da OAB. A alta taxa de aprovação consolida a qualidade do curso.
2 - A mudança do ICMS sobre a gasolina entra em vigor nesta quinta-feira, 1º, devendo aumentar o preço dos combustíveis em todo o país. A previsão negativa é que o "novo" ICMS vai engolir a redução anunciada pela Petrobras em maio.
3 - Devido à baixa cobertura nos municípios, a Secretaria de Saúde do RN decidiu prorrogar a campanha de vacinação contra a influenza, que se encerraria nesta quarta-feira, 31. Até o momento, o estado atingiu apenas 33% de cobertura vacinal.
4 - A governadora Fátima Bezerra sancionou lei que dá o direito às mulheres ao acompanhamento durante exames e consultas, sejam elas em unidades de saúde pública ou privada. As unidades têm que garantir as pacientes em locais de fácil acesso.
5 - Com recursos do Ministério das Cidades, via Caixa Econômica Federal, foram retomadas as obras do Mossoró III, dentro do complexo residencial Aluízio Alves. São mais 300 unidades habitacionais que serão prontas até o início de 2024.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.