O abate de jumentos ode levar a completa extinção do animal no Brasil
JUMENTO É NOSSO IRMÃO
O abate de jumentos que pode levar a completa extinção do animal no Brasil volta a preocupar entidades nacionais e internacionais que lutam pela causa e, por consequência, coloca o tema na pauta do dia para desafiar as autoridades brasileiras. Há uma decisão da Justiça Federal que impede o abate e a exportação, mas que não é cumprida por abatedouros, nem fiscalizada efetivamente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Nesta segunda-feira, 12, a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados discutiu Projeto de Lei 1973/22, que proíbe o abate de jumentos em todo o País. Mais de 120 propostas sobre o assunto tramitam na Casa e aguardam votação.
O deputado Célio Studart (PSD-CE), que propôs o debate, apresentou estudo que mostra que há alguns anos os jumentos vêm sendo abatidos para atender à demanda internacional por um produto chamado ejiao, produzido a partir do colágeno da pele de jumentos, sem eficácia comprovada pela ciência, mas que movimenta bilhões de dólares no país asiático. Estudos internacionais sobre o mercado de ejiao apontam que a pele de um único animal é vendida na China por valores entre US$ 2 mil e US$ 4 mil (cerca de R$ 9,8 mil e R$ 19,7 mil).
O parlamentar denunciou que o abate não respeita normas sanitárias e submete os jumentos a maus-tratos. Os animais são privados de água, alimento, abrigo e cuidados veterinários enquanto esperam pelo abate. Pior do que isso é o alerta do risco de extinção da espécie, caso os frigoríficos continuem com atividade ilegal. De acordo com o IBGE, houve uma queda populacional de 38% desses animais entre 2011 e 2017.
Em 2022, uma decisão da Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), em Brasília, suspendeu o abate no Brasil, mas o setor continuou matando animais, principalmente, nos frigoríficos do estado da Bahia.
Uma pesquisa realizada pelo IBGE revelou que entre 2006 e 2017, a população de jumentos no Brasil caiu de 600 mil para 300 mil. Como não houve zelo para preservar o animal que é símbolo da resistência e trabalho duro nas regiões áridas, sobretudo no Nordeste, o processo de abate ganhou força. Em 2021, mais de 123 mil equídeos foram mortos.
No ano passado, apenas no Frinordeste, frigorífico da cidade baiana de Amargosa e o que mais abate a espécie no Brasil, por volta de 14,4 mil animais foram mortos, mesmo depois da proibição pela justiça federal. Esse número leva em conta a média mensal de 4,8 mil jumentos abatidos no local antes da decisão, segundo dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
O abate realizado sem qualquer planejamento ou critério, priorizando apenas o negócio lucrativo, coloca em risco a existência da espécie no Brasil pela falta de uma cadeia produtiva que renove sua população, como ocorre com os bovinos, por exemplo. Por gravidade, também representa risco de biossegurança para populações humanas e animais.
Não existem fazendas de criação de jumentos, eles são capturados e vendidos aos frigoríficos por qualquer preço. Como não há fiscalização, os animais são transportados de qualquer jeito, privados de alimentação, água e assistência veterinária.
Para enfrentar a navalha impiedosa do homem, a organização internacional The Donkey Sanctuary lançou campanha no Brasil contra o abate de jumentos, até aqui pouco apoiada. Essa organização luta há mais de 50 anos para que os jumentos no mundo recebam cuidados e bem-estar.
FRASE
“Vamos buscar um espaço fiscal para fazer um amplo concurso público”
PEDRO LOPES – Secretário de Administração do Rio Grande do Norte
GREVE
A prefeita Marianna Almeida vai enfrentar a greve dos servidores da saúde de Pau dos Ferros. A categoria marcou o início da paralisação para esta quarta-feira, 14. Sem recomposição salarial há sete anos, os servidores pediram, inicialmente, 30% de reajuste e depois baixaram para 20%. A prefeita ofereceu contrapartida de 8% divididos em duas vezes. Sem acordo.
RÁDIO RESISTÊNCIA
A Rádio Resistência - 93,7 - celebra 35 anos nesta terça-feira, 13. A emissora foi fundada pelo deputado federal Vingt Rosado, em sociedade com o genro Laíre Rosado e o empresário e político Diran Ramos do Amaral. Na inauguração, presença do governador Geraldo José de Melo. Da primeira equipe de radialista, apenas Edmundo Torres continua nos quadros da emissora.
CHUVA DE BALA
O Chuva de Bala no País de Mossoró teve a sua primeira exibição nesta data, em 2002. Ideia da professora Isaura Amélia, então secretária da Cidadania da gestão Rosalba Ciarlini. O espetáculo, com texto de Tarcísio Gurgel, foi dirigido pelo ator Antônio Abujamra (falecido em 2015) e exibido no adro da Capela de São Vicente, local onde o povo de Mossoró travou luta e venceu o bando de Lampião.
CONCURSO PÚBLICO
O Termo de Ajuste de Gestão (TAG) firmado entre Governo do RN e MP de Contas permitirá a realização de concurso público para preenchimento de vagas em todas as áreas do estado. Há um déficit de 21 mil servidores, que começará a ser preenchido a partir de 2024. As primeiras nomeações vão contemplar os quadros do Idema e Emater.
ADUTORA
A primeira etapa do sistema adutor Apodi-Mossoró ficará pronta até julho de 2025. Previsão da Caern. Vai beneficiar 60 mil famílias de Mossoró e do município de Gov. Dix-sept Rosado.
HOLLIÚDY
O ator e humorista Edmilson Filho, o "Shaolin do Sertão" e estrela do Cine Holliúdy, é uma das atrações da 21ª Convenção do Comércio e Serviços do RN, que Mossoró sediará entre os dias 22 e 24 deste mês. O evento será realizado no repaginado Requinte Buffet.
É NOTÍCIA
1 - Nesta data, em 1927, o povo bravo de Mossoró, comandado pelo prefeito Rodolfo Fernandes, colocava para correr o bando do cangaceiro Lampião, carimbando o selo de resistência.
2 - A Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC) celebra 30 anos nesta terça-feira, 13. Instituição formada por estudiosos e intelectuais que pesquisa o cangaço. A instituição sem fins lucrativos é sediada em Mossoró.
3 - Nesta data, em 2009, era lançada a obra de construção do Hiperbompreço em Mossoró, em área arrendada à Diocese Santa Luzia, na concorrida Avenida Diocesana. A marca, há poucos dias, deu lugar para a gigante varejista Carrefour.
4 - A Secretaria de Cultura descaracterizou a Cidadela Junina, um dos projetos mais vitoriosos do Mossoró Cidade Junina. Tirou as "casas de taipa" para colocar estandes. Fez desaparecer o cenário de 1927, quando Mossoró resistiu a Lampião. Triste.
5 - A Agência Nacional de Saúde autorizou reajuste de 9,63% no valor dos planos de saúde individuais e familiares. O aumento já pode ser aplicado pelas operadoras, com cobrança retroativa ao mês de maio. Portanto, prepare o bolso.
Tags:
César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.