O prefeito Allyson Bezerra, de saída do Solidariedade, já decidiu sobre a sua nova casa partidária, mas só vai revelar de público em julho. Até lá, alimentará o suspense entre o União Brasil e o PSD, os partidos que apresentaram convite ao chefe do Executivo Mossoroense por meio dos presidentes ex-senador José Agripino Maia e a senadora Zenaide Maia, respectivamente.
Portanto, essa questão está resolvida. O que exigirá do prefeito será a construção de chapas proporcionais para sustentar o seu palanque à reeleição. Ele precisa acomodar os 15 vereadores de sua numerosa bancada, todos candidatos à reeleição. Daí, Allyson Bezerra terá outros partidos a seu favor, como forma se promover a distribuição dos vereadores.
A princípio, o prefeito contará a seu favor com o PSD, que é presidido no município pelo vereador Raério Araújo, e o PSDB, que terá como comandante o presidente da Câmara de Mossoró, Lawrence Amorim, de saída do Solidariedade.
Na matemática palaciana, e observando as novas regras da disputa proporcional, é viável acomodar os 15 vereadores governistas em três partidos. Além disso, o prefeito atrairia nomes de menor poderio eleitoral, os chamados “esteiras”, para fortalecer as chapas e as possibilidades de renovação de mandatos dos governistas.
A ideia é viável no papel, no entanto, divide opiniões dentro da bancada governista. Vereadores, que nas eleições 2020 foram eleitos com poucos votos, beneficiados pela então regra da quociente eleitoral, já avisaram que não aceitam compor nominata com os chamados “favoritos”.
São os casos, por exemplo, de Edson Carlos e Gideon Ismaias, que foram eleitos pelo Cidadania com votação modesta: 924 e 1.088 votos, respectivamente. Eles são conscientes que se ficarem em partidos com nomes de relevo eleitoral não terão chances de renovar o mandato.
O vereador Didi de Arnor, do Republicanos, é outro que observa atento a movimentação nos bastidores do Palácio da Resistencia. Por meio de pessoas próximas, ele fez chegar ao prefeito que não aceitará qualquer processo que desequilibre a disputa dentro do sistema governista.
Nas eleições de 2020, Didi renovou o mandato com a 15ª votação, recebendo 1.528 votos. Ele é consciente que precisa aumentar o número de votos em 2024, mas também é importante participar de uma nominata que possa oferecer boas condições para ele ser reeleito para o terceiro mandato.
Pressão
O vereador Raério Araújo, presidente do PSD, deseja permanecer comandando o partido, mas quer que o prefeito Allyson Bezerra ajude a formar uma chapa que beneficie o seu projeto de reeleição. A ideia de Raério está concentrada na distribuição dos vereadores da bancada governista. Ele, por exemplo, gostaria de ter no PSD os vereadores Edson Carlos e Gideon Ismaias, que funcionariam como “esteiras”.
Os 15 vereadores palacianos são conscientes que dificilmente todos conseguirão renovar seus mandatos casos sejam distribuídos em três partidos, como planeja o prefeito Allyson. Daí, exigirão que o chefe do Executivo encontre melhor caminho para acomodar o projeto individual de cada um dos governistas.
Vereadores de oposição também enfrentarão dificuldades
Vereadores de oposição também terão dificuldades na hora de construir nominatas à Câmara Municipal em 2024. Com apenas sete integrantes, a bancada precisará de reforços para viabilizar a disputa proporcional.
Tony Fernandes e Paulo Igo, ambos do Solidariedade, não terão situação fácil. O partido, que em 2020 elegeu quatro vereadores, rachou-se ao meio. Tony e Paulo fizeram a travessia para a oposição, enquanto Marckuty da Maísa e Lawrence Amorim permaneceram na base política do prefeito Allyson Bezerra.
Como os governistas vão sair do Solidariedade, Tony e Paulo Igo, se permanecerem, terão que reconstruir a sigla no sentido de atrair nomes para a formação da nominata. Do contrário, terão que buscar outro partido, mas, nesse caso, enfrentarão dificuldades uma vez que pré-candidatos a vereadores não querem se filiar a partidos que tenham membros com mandato na Câmara.
Carmem Júlia e Isaac da Casca, ambos do MDB, vivem o mesmo dilema, uma vez que os outros dois vereadores do partido, Lucas das Malhas e Costinha, são da bancada governista e seguirão com Allyson Bezerra.
Já a situação de Marleide Cunha (PT) é tranquila. O seu partido faz parte da federação com PV e PCdoB e terá forte nominata à Câmara.
Pablo Aires, que hoje é filiado ao PSB, poderá desembarcar na federação partidária, possivelmente se filiando ao PV. Os partidos da federação não colocam resistência.
Veja composição na Câmara de Mossoró
Governo
- Lawrence Amorim (SDD) – presidente da Câmara
- Genilson Alves (Pros) – líder da bancada
- Francisco Carlos (Avante)
- Ricardo de Dodoca (PP)
- Toni Cabelos (PP)
- Zé Peixeiro (PMB)
- Wiginis do Gás (Podemos)
- Marckuty da Maísa (SDD)
- Didi de Arnor (Republicanos)
- Raério Araújo (PSD)
- Costinha (MDB)
- Lucas das Malhas (MDB)
- Gideon Ismaias (Cidadania)
- Edson Carlos (Cidadania)
- Marrom Lanches (DC)
Oposição
- Cabo Tony Fernandes (SDD) – líder da bancada
- Paulo Igo (SDD)
- Isaac da Casca (MDB)
- Carmem Júlia de Izabel (MDB)
- Pablo Aires (PSB)
- Marleide Cunha (PT)
- Omar Nogueira (Patriota)
Independente
- Ozaniel Mesquita (União Brasil)
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.