Terça-Feira, 19 de novembro de 2024

Postado às 09h00 | 07 Jul 2023 | Filiação de Allyson ao União é ponto de partida do processo da sucessão municipa

Crédito da foto: Reprodução Prefeito Allyson Bezerra no ato de filiação ao União Brasil

A filiação do prefeito Allyson Bezerra ao União Brasil é vista como ponto de partida do processo da sucessão municipal, embora as eleições ocorram só daqui a 15 meses. No novo partido, o prefeito passa a cuidar do projeto de reeleição, com foco no fortalecimento do seu grupo político e na atração de novos apoiadores.

Além do União Brasil, Allyson também exercerá influência no PSD, que é presidido em Mossoró pelo vereador Raério Araújo, o seu aliado mais fiel na Câmara Municipal de Mossoró. O PSD era uma das opções oferecidas ao prefeito, inclusive, com convite feito pela presidente estadual, senadora Zenaide Maia, mas ele entendeu que ficaria com o partido mesmo se filiando ao União Brasil.

Allyson Bezerra também acompanhará de perto as mudanças no PSDB e no PL de Mossoró, uma vez que esses partidos terão influência no processo sucessório. O PSDB ficará sob o controle do presidente da Câmara Municipal, Lawrence Amorim, que está saindo do Solidariedade. Ele é aliado do prefeito e tem garantido a aprovação das matérias de interesse do Executivo, mas, também deseja ampliar os seus espaços. Lawrence já deixou claro que pretende ser o vice de Allyson Bezerra, embora o prefeito tenha resistência.

O apoio do PSDB pode ser bem encaminhado, mas também pode criar dificuldades. Se Allyson rejeitar a companhia de Lawrence em sua chapa, a sigla tucana ficará à vontade para analisar outras possibilidades. No momento, porém, Lawrence mostra-se um aliado fiel.

Já o PL terá nova direção influenciada pelo senador Rogério Marinho, presidente estadual do partido, que teve apoio de Allyson nas eleições 2022. Há possibilidade da legenda apoiar o prefeito, mas, para isso, ele terá que negociar o projeto político-eleitoral. O PL está fortalecendo os seus quadros, a partir da filiação da ex-vice-prefeita Nayara Gadelha, no sentido de oferecer opção à sucessão municipal.

 

Base forte

Allyson Bezerra não vai colocar o PSDB e o PL na mesma balança, nem antecipar decisões. Ele terá tempo para negociar com atuais e novos aliados, no sentido de acomodar todos no mesmo projeto eleitoral.

Com União Brasil, PSDB, PL e PSD, o prefeito terá estrutura forte para a campanha eleitoral do próximo ano. Os três partidos têm bom tempo de propaganda eleitoral e fundo partidário robusto.

O prefeito, ao assinar ficha de filiação ao União Brasil, na quarta-feira, 5, limitou o seu discurso à importância que o partido poderá ter para apoiar obras para Mossoró. Nas suas redes sociais, Allyson Bezerra escreveu:

“Mossoró terá mais força em Brasília para conseguir recursos e obras importantes. Tenho certeza que essa parceria vai abrir portas para um futuro promissor pra Mossoró. Vamos juntos, com UNIÃO e TRABALHO.”

 

Análise

A filiação do prefeito Allyson Bezerra ao União Brasil atende à necessidade de ter um partido forte que sustente o seu projeto de poder. Ele precisa de apoio em Brasília para destravar recursos para obras importantes, como o complexo viário anunciado em 2022, e de uma legenda que possa pulverizar – em todos os sentidos – a sua reeleição em 2024.

O União Brasil tem o que o prefeito precisa. Liderado por Luciano Bivar, a legenda controla três ministérios do Governo Lula (PT): Comunicações, com Juscelino Filho, do Maranhão; Turismo, com Daniela Carneiro, do Rio de Janeiro, e Integração Nacional, ocupada pelo ex-governador do Amapá Waldez Goés, que é do PDT, mas foi indicado pelo ex-presidente do Senado Davi Alcolumbre, do União do Amapá.

Sob esse prisma, Allyson fez a melhor escolha para ele. Agora, tem consequências. A principal delas é que o prefeito abandona em definitivo o discurso contra a “velha política” e as “oligarquias”, que lhe rendeu o mandato de deputado estadual em 2018 e a vitória para a Prefeitura de Mossoró em 2020. Não cabe mais essa retórica.

No União Brasil, Allyson Bezerra se abraça com o maior símbolo da política oligárquica do Rio Grande do Norte: ex-senador e ex-governador José Agripino Maia, filho do ex-governador Tarcísio Maia, que o comandou a Arena dos militares no Rio Grande do Norte, sequenciada por PDS, PFL, DEM e agora União.

Allyson encontra no União uma ala da tradicional família Rosado, liderada por mãe e filha, ex-vereadoras e ex-deputadas Sandra e Larissa Rosado, respectivamente, filha e neta do líder político e deputado federal por sete mandatos Vingt Rosado.

O prefeito encontra no União Brasil os deputados federais Benes Leocádio, cacique político da cidade de Lajes, e Paulinho Freire, da velha guarda da política natalense.

Não há qualquer demérito de se aliar aos políticos da chamada velha guarda, até porque não se faz política, nem sobrevive nela, trancando portas para alianças. Agora, foi Allyson Bezerra que imprimiu o discurso contra o que ele chamava de “velha política” e de “oligarquias danosas” para estabelecer, como ele próprio dizia, um novo modelo de fazer política para o bem de Mossoró.

Vale lembrar que antes de fazer a travessia do Solidariedade para o União Brasil, Allyson Bezerra já havia se abraçado com a oligarquia Faria, representada pelo ex-governador e hoje deputado federal Robinson, com o seu filho ex-ministro Fábio Faria. Também se dedicou à campanha de Rogério Marinho para o Senado da República.

O fato é que o prefeito usou o discurso para se eleger em 2018 e 2020 e agora usa a velha política para se manter no poder. Como o cidadão-eleitor tem a memória curta, é isso que os políticos acham, o prefeito Allyson acredita que vai inaugurar o novo discurso ao lado de velhos caciques da política potiguar. E ser convincente.

Coisas da política. Velha, como sempre.

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AUTOR

César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.

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