NOGUEIRÃO TEM PESO DE OURO II
Na edição de domingo, 9, a coluna alertou para a deliberada destruição do Estádio Nogueirão para justificar a venda – via permuta – desse patrimônio público de Mossoró.
Bingo.
Nesta segunda-feira, 10, em entrevista à Rádio Difusora AM, o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) anunciou que o Estádio Municipal Manoel Leonardo Nogueira será permutado, via Parceria Público-Privada.
A justificativa do prefeito foi antecipada nesse canto de página, ou seja, a saída seria construir novo estádio porque a velha estrutura não serve mais:
“Já estamos cuidado disso. Vamos realizar uma Parceria Público-Privada e vamos permutar o Nogueirão. Iremos entregar o atual local do estádio para uma empresa e a prefeitura vai entrar com um novo terreno em outro local e a empresa em tempo recorde vai realizar a obra”, anunciou, sem apresentar maiores detalhes.
A estratégia é a mesma do ex-prefeito Silveira Júnior, que não subtraiu o patrimônio porque as autoridades responsáveis pela preservação do bem público não deixaram. Agora, a história está se repetindo.
A permuta que o prefeito Allyson está preparando, tudo indica em tempo recorde, não tem qualquer informação clara. Tudo muito escondido, sem transparência, no escuro. Apenas sustentado pelo discurso que Mossoró precisa de um novo estádio.
Daí, os órgãos responsáveis pela fiscalização, controle e preservação do bem público têm que ser provocados, para esclarecer pontos importantes. Os valores da transação financeira, por exemplo, devem ser atacados de logo.
A coluna colheu, em levantamento extraoficial, que uma área na dimensão onde está localizado o Estádio Nogueirão, tem valor de mercado imobiliário entre 45 a 50 milhões de reais. Trata-se do bairro Nova Betânia, onde se encontra um dos metros quadrados mais valorizados do Rio Grande do Norte.
Já a construção de um estádio para ocupação máxima de 15 mil pessoas, também levando em conta levantamento extraoficial, custa entre 20 a 25 milhões. Não mais do que isso, segundo proprietário de uma construtora ouvida pela coluna, que preferiu não ter o nome revelado.
Dessa forma, temos aí uma diferença entre 20 a 25 milhões entre a área do Nogueirão e o custo da obra de um novo estádio.
Pergunta-se, então: o que será feito com essa diferença? O dinheiro vai para os cofres do município? Ou a chamada PPP não terá essa “sobra” milionária?
Outros pontos também devem ser questionados, por exemplo, a área onde será construído o novo estádio é dentro do perímetro urbano? Vai beneficiar a especulação imobiliária? E quem vai bancar a urbanização da área que custará milhões com sistema de distribuição de água, de energia elétrica, pavimentação, transporte coletivo etc.?
São esclarecimentos importantes e que devem ser colocados à população de forma transparente e honesta. Isso, claro, se os órgãos fiscalizadores permitirem tal violência contra o patrimônio público.
O Nogueirão tem peso de ouro.
FRASE
“Iremos entregar o local do estádio Nogueirão para uma empresa”
ALLYSON BEZERRA – Prefeito de Mossoró em entrevista nesta segunda-feira, 10
TÚNEL DO TEMPO
Há 63 anos era dada a autorização para funcionamento da Faculdade de Ciências Econômicas (Facem) de Mossoró. Solenidade ocorrida na antiga Escola de Comércio União Caixeiral, durante a XV Assembleia Geral dos Geógrafos Brasileiros. Contou com a presença de Dr. Dirceu Lino, da Faculdade de Ciências de SP, e discurso do professor Vingt-un Rosado.
DESCASO
Nesta segunda-feira, 10, apenas dois operários estavam no canteiro de obra de calçamento da avenida que liga o conjunto Vingt Rosado ao Hospital da Mulher de Mossoró. Os servidores estão parados há mais de 10 dias. No local, não há informação precisa. Mas, moradores desconfiam que a Prefeitura não vai completar a pavimentação de toda a avenida, até o acesso à Uern.
TEM LIMITES
O deputado estadual Neilton Diógenes já disse que seguirá o rumo partidário do seu líder, deputado federal João Maia. Ambos estão de saída do PL. A fidelidade de Neilton, porém, tem limites. Ele não acompanhará Maia se o destino for o MDB. É que o MDB de Apodi é liderado pelo prefeito Alan Silveira, adversário de Neilton.
UNIÃO
Se depender da vontade de Neilton Diógenes, João Maia desembarcará no União Brasil, liderado no Rio Grande do Norte pelo ex-senador José Agripino Maia. É o mesmo partido que filiou o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, com quem Neilton tenta construir uma aliança política para o futuro.
REPUBLICANOS
O advogado Aldo Fernandes tem crédito para comandar a reorganização do Republicanos em Mossoró. Nas eleições de 2022, sem barulho, deu 1.280 votos em Mossoró para o deputado eleito Adjuto Dias, filho do prefeito de Natal Álvaro Dias. Contou com apoio do ex-vereador Claudionor dos Santos.
DE SAÍDA
O Republicanos de Mossoró tem o mandato do vereador Didi de Arnor, que já avisou que não vai ficar. Governista, ele seguirá para outro partido indicado pelo prefeito Allyson Bezerra. A nova direção do Republicanos não dificultará a saída.
É NOTÍCIA
1 - O IBGE segue inscrevendo para dois processos seletivos com 7.548 vagas em todo o país, sendo 173 posições no RN. Salários de até R$ 3,1 mil. Acesse o site do IBFC.
2 - Cursinho Popular Dona Culinária vai preparar estudantes para o Enem 2023 nos bairros Santo Antônio e Belo Horizonte, com aulas aos sábados nas escolas estaduais José Nogueira e Raimundo Gurgel. Iniciativa da deputada Isolda Dantas (PT).
3 - O deputado federal General Girão reagiu à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de investigá-lo pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro: "Que a verdade, a justiça e a liberdade prevaleçam", escreveu para jurar inocência.
4 - Rilder Medeiros, o idealizador da Feira do Livro de Mossoró, noticia que a 17ª edição terá 50 horas de programação cultural e o retorno do "cheque livro". A feira será realizada entre os dias 2 e 5 de agosto no campus central da Uern.
5 - Dentro da rotatividade de colaboradores, a recall AeC está com 300 vagas abertas para jovens a partir de 18 anos. A oferta de emprego faz parte do 2º Feirão da Empregabilidade, em parceria com o Governo do Estado, a partir desta terça-feira, 11.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.