O Governo do Rio Grande do Norte, por meio da Companhia de Água e Esgotos (CAERN), está investindo mais de R$ 100 milhões para ampliar o sistema de abastecimento de água em Mossoró e região Oeste. Destaque para a adutora Apodi-Mossoró, que transportará água da barragem de Santa Cruz, em Apodi, para abastecer Mossoró.
O novo sistema adutor recebe investimento de R$ 82 milhões e se somará as outras obras tocadas pela Caern como a perfuração dois poços, sendo um no Bela Vista e outro no Rincão, e o novo sistema de abastecimento dos conjuntos Abolições, além dos serviços do Poço 11.
Os investimentos alimentam a esperança da população mossoroense de ter o sistema de abastecimento ampliado em toda a cidade. Só que há ingrediente político que ameaça atrapalhar. É que o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) tem negado, até aqui, a doação de um terreno para a construção de dois reservatórios elevados para receber a água da nova adutora e, por gravidade, fazer a distribuição aos consumidores.
A posição contrária do prefeito foi revelada em reportagem do blog “Boca da Noite”, sustentada por informações dos lados envolvidos. Trata-se de mais um capítulo da crise entre o gestor municipal e a direção da Caern. O prefeito não gostou da cobrança pública, feita pela companhia, de uma dívida de mais de R$ 110 milhões que o município tem com a estatal.
O caso veio a público após o prefeito afirmar que o Governo do Estado deve mais de R$ 100 milhões, dívida que não é reconhecida pela equipe econômica da gestão da governadora Fátima Bezerra (PT). Por consequência, o governo expôs a dívida do município com a Caern.
No primeiro momento, Allyson Bezerra negou a existência da dívida com a Caern, embora a cobrança tenha sido judicializada. Agora, o prefeito condiciona a doação do terreno para a construção das estações elevatórias da adutora Apodi-Mossoró se a Caern perdoar a dívida do município. Nesse caso, não seria uma doação, mas, sim, uma venda.
A queda de braço entre o prefeito e o governo estadual, incluindo a Caern, tem causado consequências danosas à população mossoroense. A adutora Apodi-Mossoró é de fundamental importância para o município ter maior oferta de água, tanto para o consumo humano quanto para projetos de ampliação da área residencial. Projetos habitacionais estão emperrados em razão da limitação do sistema de abastecimento de água.
IERN
Antes do imbróglio com a Caern, o prefeito Allyson havia negado a doação de terreno para o Governo do Estado construir a unidade de Mossoró do Instituto Estadual de Educação Profissional, Ciência, Tecnologia e Inovação do Rio Grande do Norte (IERN). O pedido foi feito ainda em 2021, mas não respondido pelo chefe do Executivo municipal até hoje.
Sem a parceria do município, o governo estadual teve que adquirir, com recursos próprios, um terreno localizado no bairro Santo Antônio, onde será implantado o IERN. A unidade vai atender aos jovens da zona norte de Mossoró com ensino profissional.
Adutora também beneficiará Governador Dix-sept Rosado
As obras da adutora Apodi-Mossoró estão em andamento no Sítio Carrasco, ainda em Apodi. A Caern iniciou a obra da tubulação que vai interligar quatro dos sete poços que irão enviar água para Mossoró e a cidade de Governador Dix-sept Rosado.
Serão investidos mais de R$ 82 milhões, nesta fase da obra, que vai assegurar garantia hídrica para as duas cidades, produzindo 1,1 milhão de litros de água por hora. A previsão de conclusão da adutora é julho de 2025.
Do total de recursos investidos para execução da adutora Apodi-Mossoró, R$ 30,2 milhões são recursos próprios da Caern, R$ 35 milhões do FGTS e R$ 17,6 milhões do Orçamento Geral da União (OGU).
Foi iniciado o assentamento de 8,6 quilômetros de tubulação. O sistema vai interligar quatro poços da captação no Sítio Carrasco, em Apodi. As redes possuem diâmetros que variam entre 250 a 400 milímetros.
Os próximos passos da obra serão a conclusão de quatro poços já perfurados que serão equipados, perfuração de outros três poços e construção de duas Estações Elevatórias de Água e seus respectivos reservatórios ao longo da adutora.
Em Mossoró, redes internas serão executadas e um reservatório com capacidade para 5 milhões de litros será erguido no bairro Bela Vista para armazenar e distribuir a água que chegará pela adutora. Também serão construídas caixas de transição e de derivação ao longo dos 59 quilômetros de adutora já assentados, no trecho entre os poços e a cidade de Mossoró.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.