Por Mario Eugenio Saturno (*)
Essa é uma questão que exige um pouco da Lógica (Filosofia) e muito da Fé provinda dos Profetas e da Lei (Antigo Testamento). Inicialmente, temos que entender que há dois Antigos Testamentos, a versão Hebraica dos judeus de Israel e a Septuaginta dos judeus de Alexandria, Egito, que falavam grego. Os cristãos usavam mais a Septuaginta. Aliás, Isaías (7,14) fala em virgem na Septuaginta, mas jovem na Hebraica.
Moisés estabeleceu a religião do Deus-Único, que se falasse Português, Deus teria se apresentado como Eu Sou, mas como falava hebraico, falou Yahweh, ou aportuguesado Javé (para Jeová, precisa de outro artigo). Só que no tempo de Jesus, já havia derivações, como a Farisaica (vide At 23,6-10) e os próprios Samaritanos (vide At 4,1-12).
Uma religião é composta de crenças (das origens, da vida, do divino e do fim), os textos sagrados, as entidades sobrenaturais, os rituais, a Moral e a Ética, os locais sagrados e, claro, a comunidade religiosa e os sacerdotes (que administram e ensinam o sagrado). Os judeus dispunham dessa estrutura, se Jesus criou isso ou delegou o complemento, estará respondida a questão.
E (1) Jesus iniciou sua vida pública pregando uma nova doutrina, baseado no amor ao próximo, não aboliu nem a Lei, nem os profetas, aperfeiçoou-a (Mateus 5,17). Herdar Moisés já seria suficiente, mas continuemos.
Então, (2) Jesus convidou apóstolos (que se tornaram sacerdotes) e discípulos, (3) criou uma comunidade (eclesia, igreja), (4) instituiu ritos, como o Batismo (Mt 28,19) e a Ceia Pascal (Lucas 22).
E (5) instituiu hierarquia e autoridade, a figura do sumo-sacerdote: feliz és, Simão, porque quem te revelou isto foi meu Pai que está nos céus (Deus fala a Pedro), tu és kefas (Pedro, Jesus falava em aramaico neste momento e não latim), e sobre esta kefas (pedra) edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela; Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus (Mt 16,16-19).
Diga-se o que quiser, mas o evangelista escreveu no singular e dirigido a Pedro. O próprio São Paulo chama a comunidade de “Igreja de Deus” e dá testemunho da primazia de Pedro (conforme Gálatas 2,7-8). Nos versículos anteriores vemos que Paulo submeteu-se aos apóstolos. Ainda no capítulo anterior, Paulo diz que “não há dois evangelhos (boas novas): há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema (excomungado). Repito: se alguém pregar doutrina diferente da que recebestes, seja ele excomungado” (Gl 1, 7-9). Perceberam o “anjo baixado do céu” para enganar?
É isso, Cristo fundou religião nos moldes da judaica, com doutrina e promessa de jamais abandonar, tinha até tesoureiro, assim como fez também com a Bíblia que, apesar dos maus, ela foi preservada íntegra, sem mácula, sem alteração do original, com todos os seus 73 livros (Septuaginta).
(*) Mario Eugenio Saturno (fb.com/Mario.Eugenio.Saturno) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.