Ao perder o controle do PSB de Mossoró, a menos de 24 horas do fim do prazo de filiação partidária para pretensos candidatos às eleições municipais deste ano, o prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) levou a nominata socialista para se filiar ao Rede Sustentabilidade. Pelo menos 22 pré-candidatos a vereador, aliados do prefeito, assinaram ficha de filiação ao Rede.
Só que o imediatismo pode deixar de ser solução e se transformar em problema. É que o acordo com o prefeito foi firmado com o presidente estadual do Rede, ex-vereador João Gentil, sem observar que o partido faz parte de uma federação com o Psol, que faz oposição ao governo Allyson Bezerra. Daí, o risco de o partido Rede sair da aliança governista municipal, por decisão da Executiva nacional.
Se ocorrer a reviravolta, o grupo de pré-candidatos a vereador que foi levado por Allyson para o Rede Sustentabilidade, terá que sair de sua base de apoio político-eleitoral ou desistir de disputar as eleições. E se ficar no Rede, metade do grupo não poderá ser candidato para abrir vagas na chapa à Câmara Municipal para os pré-candidatos escolhidos pelo Psol.
A reviravolta ainda está no campo da possibilidade, mas o Psol já se posicionou de público. Em nota publicada na quarta-feira, 10 (veja a íntegra nessa página), a direção estadual do partido comunicou que não integra a base de sustentação política do prefeito de Mossoró, e reiterou que faz parte da força de oposição ao chefe do Executivo mossoroense.
Segundo a nota, o Psol segue a resolução de tática eleitoral aprovada pelo Diretório Nacional, que determina coligações apenas com a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), o PDT, o PSB, a UP e o PCB. Dessa forma, o Psol de Mossoró mantém sua postura de oposição ao governo Allyson Bezerra e, por gravidade, descarta qualquer possibilidade de aliança com o prefeito para as eleições deste ano.
O comunicado reforça que a Rede Sustentabilidade faz parte da federação do Psol, na qual o partido possui maioria de membros, o que impede qualquer deliberação unilateral no âmbito das eleições. “Essa estrutura de decisão coletiva reforça a importância da unidade e da coesão interna do Psol, garantindo que as escolhas políticas sejam pautadas pela democracia e pela participação de todos os membros.”
O diretório estadual ressaltou que a atenção do partido permanece voltada para as eleições municipais, onde buscará representar os interesses da população de Mossoró de forma transparente e comprometida com o bem-estar coletivo.
Em Brasília
A reação do Psol fez o presidente estadual do partido Rede, João Gentil, iniciar estratégia para ter o apoio da executiva nacional. Nesta quarta-feira, ele apresentou Allyson Bezerra à ministra Marina Silva, titular do Meio Ambiente, e maior referência da agremiação partidária. Gentil acredita que Marina pode bancar a aliança do partido com o prefeito de Mossoró.
Allyson Bezerra, que assume ser adversário político do PT, partido do presidente Lula e da governadora Fátima Bezerra, conversou rapidamente com Marina. Na oportunidade, entregou convite para a ministra prestigiar o Mossoró Cidade Junina. Marina, por sua vez, evitou entrar na questão política.
Nota do PSOL/RN sobre as eleições 2024 em Mossoró:
“Recebemos com surpresa a notícia veiculada ontem (9), no Blog do Barreto, que inclui o PSOL Mossoró na base apoio ao prefeito Allyson Bezerra.
Queremos, inicialmente, afirmar que o PSOL não integra a base de apoio do atual prefeito, sendo, ao contrário, oposição ao mandatário do União Brasil.
O PSOL Mossoró orientar-se-á pela resolução de tática eleitoral aprovada pelo Diretório Nacional, na qual estão autorizadas coligações apenas com a Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), o PDT, o PSB, a UP e o PCB.
Registramos, por fim, que a Rede Sustentabilidade faz parte da nossa federação (na qual o PSOL tem maioria de membros), o que impede qualquer deliberação unilateral no plano das eleições.
Diretório Estadual do PSOL RN
10 de abril de 2024.”
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.