Marcos Santos – Repórter do Jornal de Fato
O estádio municipal Leonardo Nogueira foi debatido nesta quinta-feira, 18, no plenário da Câmara de Vereadores de Mossoró. O pensamento majoritário entre os participantes é pela permanência do campo onde ele está situado, no bairro Nova Betânia, por uma questão socioeconômica e, sobretudo, por respeito ao patrimônio e o seu pertencimento cultural e esportivo.
Além de representantes de entidades esportivas e dos clubes, Baraúnas, Potiguar e Mossoró EC, outros segmentos da sociedade civil estiveram presentes à audiência, que foi de propositura do vereador Isaac da Casca (MDB). No entanto, o evento foi ignorado pela Prefeitura e pelos vereadores governistas, o que foi criticado pela organização da mesa e também por alguns convidados, entre eles o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Hermeson Pinheiro.
“Deixa-me feliz em estar aqui debatendo e discutindo sobre o futuro do estádio Nogueirão, mas também me deixa triste porque estou aqui na casa do povo, e a gente não ver aqui a representatividade da sociedade plena através de todos os vereadores, já que o projeto da audiência foi aprovado por unanimidade, nada mais justo que todos estivessem aqui para debater, bem como representantes do próprio município já que o estádio hoje é municipalizado. Falo sem ter nenhum problema com lado A, B ou C, a OAB é uma instituição apartidária”, censurou Hermeson.
Representando o departamento de Educação Física da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), o professor Hideraldo Bezerra defende que o Nogueirão seja mantido no mesmo local por estar em um local viável economicamente.
“Na parte estrutural, por que não no mesmo local? Uma revitalização, aproveitando o espaço que tem para exploração comercial e ter o estádio autossustentável? Por que não lá servir para funcionamento de secretarias, por que não ter o nosso museu do esporte? Então, projetos têm muitos, cabe à boa vontade para poder avançar”, disse ele.
“No meu ponto de vista, discutindo com a Universidade, não tem para quê o Nogueirão sair dali, é uma área que tem a maior válvula de escape numa segurança de um jogo, essa foi uma dificuldade para tornar o Machadão em uma Arena (das Dunas), a discussão maior foi essa: como dar vazão a um jogo em caso de acidente? Ah, vai fazer lá na estrada de Baraúna, vai ter encontro de torcidas; vou fazer na saída para Governador, e a via para deslocar o povo? Então, tem que pensar tudo isso, além da questão econômica já dita aqui. É preciso que a administração se sensibilize, e procure meios para viabilizar desde que seja bom para todo mundo, e que não corra risco a sociedade e o futebol de Mossoró”, completou.
O Nogueirão foi municipalizado em março de 2021 e se encontra interditado pela Justiça devido à gestora, a Prefeitura de Mossoró, ter descumprido o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) por não realizar a obra de acessibilidade. Há dois anos, o prefeito Allyson Bezerra afirmou o desejo de entregar a valiosa área do estádio para a iniciativa privada, em troca de se construir um novo Nogueirão em outro endereço na cidade, por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP), a chamada permuta. E também afirmou recentemente que o Nogueirão não cabe “remendo”, para justificar o plano da permuta.
Durante a audiência, o engenheiro civil e radialista Patrício Oliveira rebateu a fala do prefeito, afirmando que o “Nogueirão tem jeito, e o que falta é vontade política”.
“Nós não podemos viver de nostalgia, mas não podemos relegá-la a plano totalmente secundário. Admira-me muito o prefeito de Mossoró, de formação na engenharia civil, dizer que o Nogueirão não tem mais jeito. Gente, a engenharia tem solução para todo e qualquer problema, a engenharia apresenta uma alternativa, sendo umas caras e outras mais baratas. O que está faltando é vontade política para resolver a situação do Nogueirão. A permuta seria a falência do nosso futebol”, comentou.
O professor e ex-reitor da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Josivan Barbosa, também discorda da permuta e defende uma reforma no estádio.
“Quem disse que o estádio não pode ser recuperado? Com toda a tecnologia de pré-moldados que tem aí, é só querer. Aqui, eu lanço uma observação: vamos gastar 10% do que se gasta no Mossoró Cidade Junina (MCJ) no Nogueirão, não precisa mais do que isso. Somo-me àqueles que querem o Nogueirão no mesmo lugar e recuperado, com novas tecnologias de engenharia que estão aí”, disse.
Representantes dos clubes aproveitaram para falar das dificuldades do Nogueirão fechado e defenderam a permuta, sem, no entanto, aprofundar sobre o assunto. Como são parceiros do município, o comportamento dos dirigentes para evitar polêmica e represália do prefeito era esperado.
Recentemente, os clubes realizaram uma enquete nas redes sociais e a maioria desaprovou a saída do Nogueirão do local de origem.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.