Por Ângela Karina / Jornal de Fato
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”, já dizia Paulo Freire na obra Pedagogia da Indignação.
Assim, nessa filosofia da indignação como meio de transformação social, a jovem estudante mossoroense de 14 anos, Ana Luiza Maia Silva, a Analu, desde cedo vem se dedicando aos estudos como meio de transformar a realidade dela e dos que estão à volta por meio da educação.
A perda da mãe Derniere Temóteo Monteiro Maia, vitimada pelo câncer, quando Analu, que é filha única, tinha apenas três anos foi um golpe muito duro, e a dinâmica da família precisou mudar, reestruturando-se a partir da educação dada pelo pai dela, Edson Ricardo da Silva, e a avó paterna, Maria Cecília da Silva.
Pai de Analu, Edson Ricardo da Silva, e a avó paterna, Maria Cecília da Silva
Inspirada pelo exemplo deles, que são de origem humilde, mas que ascenderam socialmente por meio do estudo e da educação, Analu tem consciência de que desfrutar de uma vida razoavelmente tranquila não é a realidade de muitos e, assim, busca ajudar a outros estudantes que sonham com melhores oportunidades na vida.
Para isso, a jovem fundou o Instituto Potiguando, organização sem fins lucrativos que promove imersões on-line de conhecimento por meio de palestras com especialistas sobre o processo de estudar fora, feiras científicas, olimpíadas, e simulados da ONU como forma de estimular discussões em torno da realidade e identidade nacional para estimular a persuasão e argumentação.
Não só isso, o Potiguando conta também com competições acadêmicas nos campos das artes, escrita e fotografia, além de trazer métodos de estudos, quadro com artistas e demais potiguares que se destacam nas mais diversas áreas. Se ficou interessado(a) em saber mais, acesse instagram.com/institutopotiguando
Além desse projeto, a brilhante estudante fundou a Média Acima, que consiste em uma plataforma de aulas particulares, bazares de livros, aulas de redação e muito mais.
A dedicação de Analu aos estudos tem proporcionado resultados surpreendentes, levando-a a excelência acadêmica, tudo isso num curto espaço de tempo. Cursando o 9º ano do Ensino Fundamental no colégio Diocesano Santa Luzia, é aluna destaque em exame nacional do modelo de ensino da instituição que participa, como 3% em mais de 23.000 alunos eleitos para a categoria.
Aos treze anos, a jovem de história inspiradora descobriu oportunidades de estudo impressionantes na internet, bem como a possibilidade de ajudar a outras pessoas.
Com isso, a estudante que já coleciona várias medalhas em competições que aferem conhecimento, recentemente, foi aprovada no programa de Relações Internacionais da Universidade de Harvard com bolsa de 100%. Antes, já havia sido aprovada em oito instituições internacionais.
Além disso, também foi aprovada na maior Academia de Liderança Latino-Americana do mundo. E para custear as despesas iniciais, a jovem vem realizando um bazar de livros e aulas particulares por meio do Média Acima, empresa recém-criada por ela. Acesse o instagram.com/mediaacima.co e fique por dentro de tudo.
É ou não uma história inspiradora? Com certeza! E DOMINGO foi entrevistar Analu para conhecer um pouco mais dessa jovem estudante mossoroense. Confira.
Analu, você consegue descrever a sensação de ser a mossoroense mais jovem, aos 14 anos, a obter nove aprovações em programas internacionais em pouco mais de um ano de estudo direcionado?
Quanto à sensação, diria que é algo realmente muito gratificante e uma recompensa muito incrível para os meus esforços de modo geral; e diria que grande parte disso também é um resultado da educação e do incentivo que meus pais sempre me possibilitaram.
Para conseguir ser aprovada em Rice, Wake Forest, Case Western, LALA, Universidade de Harvard, dentre outros, quanto tempo diário dedica aos estudos?
Diariamente, dedico cerca de 4 a 5 horas de estudo distribuídas para as tarefas da escola, essas oportunidades internacionais e os outros projetos que realizo. Essas horas são necessárias para ser capaz de lidar com tudo sem contar com o tempo usual da escola.
Antes de ser aprovada em programas internacionais, você conseguiu ser aprovada em nono lugar geral no IFRN quando ainda cursava o 8º ano do Ensino Fundamental. Sua preparação se deu por meio de cursinhos?
No momento em que realizei a prova do IFRN, apenas havia realizado um cursinho isolado de redação para progredir minha escrita em artigos de opinião, porque não sabia exatamente como era a estrutura; porém, apenas ele de modo geral.
Você foi uma dos 35 aprovados entre mais de 1000 inscritos para a Academia de Liderança Latino-Americana, a LALA. Em que consiste essa academia e de que modo se dará a sua participação?
A LALA é a maior Academia de Liderança da América Latina e promove programas incríveis que reúnem jovens líderes da América Latina para desenvolverem suas habilidades de liderança e se tornarem futuros líderes em suas comunidades, iniciando a jornada ao saber como liderar a si mesmos. Além disso, também têm iniciativas que acontecem durante toda a América Latina que também auxiliam jovens a estudar fora. A minha participação nela será no programa de liderança que realiza para a juventude de 14 a 20 anos.
Você já decidiu em qual dos programas internacionais irá estudar? Se sim, qual o critério de escolha?
Os programas internacionais que fui aprovada são em grande maioria on-line pelo custo elevado dos presenciais, de modo geral. Então, para escolher me baseio naqueles que sou mais interessada e deram maiores bolsas. Até o momento, os únicos que realmente participei ou pretendo participar é o da LALA e o de Relações Internacionais de Harvard, o que ganhei a bolsa de 100%. Além disso, acredito que meu critério de escolha seria a matéria que o programa irá me ensinar e a capacidade de providenciar bolsas.
Quando surgiu a ideia de fundar o Instituto Potiguando?
A ideia de fundar o Instituto Potiguando surgiu quando eu ouvi pela primeira vez falar desses programas. Eu fui pesquisando e encontrei praticamente nenhum potiguar realizando. Isso foi como um estalo ao entender que até mesmo entre os nordestinos, temos uma participação muito reduzida de um modo geral. Além disso, também queria fazer com que outras pessoas pudessem receber esse protagonismo.
Em que consiste? Conta com alguma rede de apoio para desenvolver as atividades?
Essencialmente, o Instituto Potiguando é uma organização voluntária fundada com o objetivo de democratizar oportunidades internacionais, olímpiadas, simulações da ONU e a educação de forma geral. Somos compostos por estudantes de diversas cidades do Rio Grande do Norte e realizamos posts trazendo mais sobre a cultura potiguar e a educação. Até o momento, nossas ações foram mais digitais, porém temos o objetivo de expandi-las cada vez mais e sermos capazes de impactar ainda mais jovens. O Potiguando nasceu com um objetivo, levar ao Rio Grande do Norte maiores oportunidades, por isso queremos que pessoas de ainda mais cidades do estado participem.
Além do Instituto Potiguando, você ainda fundou a Média Acima, que consiste em uma plataforma de aulas particulares, bazares de livros...
O Média Acima é uma iniciativa que oferta até o momento um bazar de livros para moradores da cidade de Mossoró e, além disso, aulas particulares para alunos do 9º ano abaixo. A marca foi inicialmente criada por mim, mas com o auxílio e supervisão de meu pai e avó na questão de preços, monitoramento das vendas e questões mais técnicas; ainda não cheguei a patentear pela questão do valor que se requer para a patente. Ademais, também estou primeiramente tentando usar o valor recebido justamente para arrecadar minha participação da LALA. Possivelmente, mais para frente acredito que adoraria expandir mais a marca e realmente torná-la algo mais sério, trazer mais pessoas para ela e ser algo mais considerável, mas no momento é algo que não é ainda possível completamente.
Antes, você foi diretora de um instituto de biotecnologia que impactou mais de 700 jovens e alcançou mais de 200 mil jovens por publicações digitais. Como chegou ao cargo?
Juntamente com mais dois jovens iniciamos o instituto, dessa forma, tornar-me diretora de um dos setores foi vista como uma medida útil devido a minha experiência em outros projetos também e na confiabilidade que sempre mostrei como uma das co-fundadoras. Apesar de nosso impacto ter sido bastante considerável, precisei sair por motivos pessoais, então não sei dizer como está no momento, mas esse projeto foi importante para me ensinar o tipo de área que gostaria de liderar, a da educação.
Sem antes mesmo iniciar a etapa final da Educação Básica, você já traz na bagagem muitas medalhas e conquistas. Já decidiu qual profissão a seguir?
Quanto à questão da profissão, ainda acredito ser algo complicado, mas tenho os meus palpites. Tenha quase certeza de que será em uma área em que eu possa ser capaz de debater e expressar minha opinião em favor de outras pessoas e minha, possivelmente como advogada, diplomata ou política.
(*) NOTA DE DOMINGO: Que a inspiradora história de Analu, que também é Luiza, some-se à linda história de Maria Luiza Carlos que tivemos o privilégio em contar, e se multiplique em muitas outras histórias de Luizas a serem contadas por aqui. “A educação transforma”.
MEDALHAS
- Medalhista de Bronze na OBFP em 2023
- Medalhista de Bronze na OBR em 2022
- Medalhista de Ouro na Olimpíada Review em 2024
- Medalhista de Bronze na Olimpíada da Fluência em 2024
APROVAÇÕES EM PROGRAMAS INTERNACIONAIS
- 14.234,5 - De bolsa em aprovações em universidades de fora
- Aprovada com bolsa de 100% no Programa de Relações Internacionais da universidade de Harvard.
- Aprovada com bolsa de 50% para o programa de Relações internacionais da Rice University.
- Aprovada com bolsa de 50% também para o programa de Economia da Case Western University.
- Aprovada com bolsa de 50% também para o programa de Economia da Wake Forest University Aprovada no programa de verão da St. Johns University de Great Classics.
- Aprovada para a maior academia de liderança Latino Americana existente, a LALA.
- Semifinalista de um programa com jovens de todo o mundo chamado Leaders of Tomorrow. Aprovada para o programa de Inteligência Artificial com mentores de Stanford e MIT, Inspirit AI com 35% de bolsa.
- Participante de mais de 10 eventos de discussões com outros jovens brasileiros representando nações para a solução de problemas em comuns, simulações da ONU e premiada em 7 deles. Participante da Cornell MUN 2024, simulação da ONU realizada pela Cornell University.
- Fundadora de uma ONG que auxilia jovens potiguares a buscarem oportunidades, o Instituto Potiguando.
- Ex-diretora de um instituto de biotecnologia que impactou mais de 700 jovens e alcançou mais de 200 mil jovens por publicações digitais.
- Aluna destaque em exame nacional do modelo de ensino da instituição que participo como 3% em mais de 23.000 alunos eleitos para a categoria.
- Karateca de faixa verde com 5 anos de experiência.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.