A candidatura própria do PL à Prefeitura de Mossoró, representada pelo ex-vereador Genivan Vale, tem dois propósitos que os liberais não abrem mão. A primeira, a natureza da postulação em si, de buscar a vitória nas urnas; a segunda, está dentro do projeto nacional do partido, que é tornar a sigla mais popular no Nordeste com vista à sucessão presidencial de 2026.
Genivan Vale é consciente do papel que ele desempenhará nas eleições municipais. Sabe das dificuldades de triunfar nas urnas, levando em conta as pesquisas publicadas até aqui e as de avaliação interna, mas também acredita que existe possibilidade de ele surpreender no enfrentamento ao atual prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) e ao outro nome sustentado pela oposição, presidente da Câmara Municipal, Lawrence Amorim (PSDB).
No entanto, é no segundo propósito que o PL concentrará a sua estrutura no segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Norte. Mossoró tem prioridade porque o partido não lançará candidatura própria em Natal, pois fez a opção de apoiar o deputado federal Paulinho Freire, do União Brasil, à prefeitura da capital.
O PL sabe da importância que Mossoró tem o cenário político. A chamada “Capital do Oeste” funciona como uma caixa de ressonância em toda a região e em regiões vizinhas como a Costa Branca, Vale do Açu e Central. Daí, a importância de o partido ter candidatura própria para tornar a sigla bolsonarista mais popular e expor ideias conservadoras para o eleitorado.
Dentro desse processo, o PL de Mossoró promoveu evento bastante concorrido com o deputado federal Nikolas Ferreira, o fenômeno de votos nas eleições de 2022, eleito por Minas Gerais com a maior votação do país. O público superlotou o local do evento para ouvir Nikolas defender pautas conservadoras.
Nordeste
Uma reportagem da Folha de S. Paulo, publicada na segunda-feira, 17, disseca sobre o projeto do PL nas eleições municipais deste ano, com foco no Nordeste. O material jornalístico destaca que o PL quer ocupar a região para fazer frente ao PT e tentar abrir caminho para a próxima disputa presidencial.
Segundo a Folha, com base em depoimento de políticos liberais, a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro pretende estruturar os diretórios locais, identificar possíveis candidatos e expor ideias conservadoras para o eleitorado. PL fará ofensiva para preparar políticos e simpatizantes para apoiar nomes próprios da legenda nas próximas eleições.
“Nas eleições presidenciais de 2022, o Nordeste reafirmou o favoritismo do PT e deu vitória a Lula nos nove estados da região. O petista teve 69% dos votos contra 30% de Bolsonaro e venceu em 8 das 9 capitais”, lembra a reportagem.
O PT elegeu governadores na Bahia (Jerônimo Rodrigues), no Ceará (Elmano de Freitas), no Rio Grande do Norte (Fátima Bezerra) e no Piauí (Rafael Fonteles).
“A única capital onde Bolsonaro venceu, Maceió, é também onde o PL tem a maior chance de vitória neste ano, com a candidatura à reeleição de João Henrique Caldas, o JHC. O prefeito tem como padrinho político o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL)”, destaca.
Partindo desse cenário, adverso, o partido de Bolsonaro apostará nas eleições municipais para encurtar a distância que tem para alcançar o PT. Daí, concentrará as atenções, e estruturas, em candidatos nos maiores colégios eleitorais de cada estado nordestino.
Marinho se afastará do Senado por quatro meses
Rogério Marinho, líder da oposição no Senado e presidente do PL do Rio Grande do Norte, recebeu a missão de conduzir o projeto de fortalecimento do partido no Nordeste. Foi ele, por exemplo, que negociou a posição do partido em quatro capitais – São Luís (MA), Teresina (PI), Salvador (BA) e Natal (RN), em que o PL não teve condições de construir candidaturas próprias às eleições municipais deste ano.
Marinho se afastou do mandato por quatro meses para acompanhar o processo. Assumirá o mandato, por este período, o empresário Flávio Azevedo, que é o primeiro suplente de senador do PL-RN. A posse está marcada para esta quarta-feira, às 16h, no plenário do Senado Federal.
Rogério Marinho disse que foi designado pelo presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, para reorganizar o partido na região. Ele adianta que um dos objetivos é mostrar ao eleitor que ele “tem afinidade” com o que o partido representa e defende, e tenta descolar essas características das que são atribuídas a Lula. “Esse é um partido que está em construção. A nossa preocupação também é dar uma nitidez maior no viés programático e ideológico do partido. Quem nós somos? O que nós defendemos, o que nós representamos?”, afirma.
Ele também diz: “Se você perguntar a alguém que mora no interior do meu estado o que ele pensa sobre natalidade, drogas, mérito, propriedade, ele pensa exatamente como nós pensamos, mas vota em Lula. Nós temos uma tarefa que é mostrar a esse eleitor que, na verdade, ele é um eleitor conservador. Que é um eleitor que tem afinidade com o que nós representamos e o que nós defendemos”.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.