Na campanha eleitoral de 2020, durante um debate no Canal 10 da TCM, o candidato Allyson Bezerra (SDD hoje União Brasil) contextualizou uma fala da então prefeita e candidata à reeleição Rosalba Ciarlini (PP) para explorar a imagem de “pobrezinho”. A partir daí, o marketing da campanha explorou a sua falsa condição social para explorar o sentimento dos menos esclarecidos. Verdade ou não, o fato é que Allyson ganhou a campanha.
Naquele momento, nem de longe, Allyson Bezerra era pobrezinho. Ele já era deputado estadual, andava em carro de luxo, almoçava nos restaurantes mais caros de Natal e, na sua declaração de bens à Justiça Eleitoral registrou um patrimônio de mais de meio milhão de reais.
O discurso de “pobrezinho”, que ainda é explorado em ocasiões específicas por Allyson, não se sustentou logo nos primeiros meses no poder. Ele mudou o endereço residencial da periferia de Mossoró para um condomínio de luxo. Promoveu festa luxuosa para revelação do sexo de sua primeira filha, incentivou uma irmã a cursar medicina em universidade privada, além de ostentar o padrão de vida de rico.
Aliás, a condição de rico do prefeito de Mossoró está registrada em sua declaração patrimonial, anexada no pedido de registro de candidatura ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Candidato à reeleição, Allyson declarou que possui R$ 582.092,31 bem bens, incluindo apartamento, terreno, carros, saldos e depósitos bancários.
O curioso é que, conforme a sua declaração oficial, Allyson reduziu o poderio financeiro em relação a 2020, quando assumiu a condição de “pobrezinho”. Naquele ano, ele declarou possuir R$ 679.086,36, quase R$ 100 mil a mais do que tem hoje. Esses valores são bem elevados se comparado com o patrimônio declarado de quando disputou seu primeiro cargo eletivo, em 2018, que era de apenas R$ 34.100,16.
Vale ressaltar que os valores citados nessa reportagem são todos declarados pelo próprio Allyson Bezerra. São bens e movimentações financeiras que estão oficialmente em seu nome. Dessa forma, os números mostram que o atual prefeito de Mossoró conseguiu aumentar o seu patrimônio desde que entrou para a política, do saldo de R$ 34.100,16 para os atuais R$ 582.092,31.
Dessa forma, o “pobrezinho” não se sustentará no marketing da campanha eleitoral deste ano. Allyson Bezerra, que teve habilidade e reconhecida competência de se transformar em vítima em 2020, vai ter que achar outro mote para as pessoas se compadecerem em forma de votos.
Genivan tem o segundo maior patrimônio entre os candidatos a prefeito
De volta à política-eleitoral de Mossoró, como candidato a prefeito, o bioquímico e ex-vereador Genivan Vale (PL) tem o segundo maior patrimônio entre os postulantes à Prefeitura de Mossoró. Ele declarou à Justiça Eleitoral possuir R$ 551.073,53.
De acordo com a declaração do candidato da coligação “Mossoró de Verdade”, o maior valor (R$ 125.088,07) diz respeito a depósito bancário no banco XP, valor próximo dos R$ 119.618,81 de um apartamento residencial na cidade, e pouco mais de R$ 111 mil de um valor ligado à BTG Investimentos.
O registro de Genivan Vale mostra ainda bens como um automóvel ano 2021/2022 (R$ 39,6 mil), uma motocicleta Harley Davidson ano 2017/2018 (R$ 27 mil), R$ 18 mil de participação societária na empresa farmacêutica da família, dentre outros registros de menor valor, como saldos em fundos de investimento, em debêntures e em contas bancárias.
Na sua última disputa como candidato a vereador em 2016, Genivan havia declarado bens que somavam o valor de R$ 247.304,52.
O terceiro maior patrimônio entre os postulantes à Prefeitura de Mossoró é da Irmã Ceição (PRTB), que soma R$ 202 mil. Ele declarou casa (R$ 80 mim), terreno (R$ 100 mil), veículo (R$ 10 mil) e uma moto Biz (R$ 12 mil).
O presidente da Câmara de Mossoró, Lawrence Amorim (PSB), candidato a prefeito pela coligação “Frente Ampla por Mossoró”, declarou ter R$ 44.214,55 em bens, sendo R$ 30 mil de um saldo a receber proveniente do salário de vereador, pouco mais de R$ 6,2 mil do OuroCap, e mais R$ 8 mil divididos entre um depósito bancário e um dinheiro em espécie.
Quando concorreu a deputado federal há dois anos, os bens do candidato somavam R$ 59 mil. Em 2020, quando se elegeu vereador de Mossoró, o valor era de R$ 61 mil.
Mais jovem candidato na disputa, com 26 anos, o nome da esquerda na eleição, Victor Hugo Sousa, da Unidade Popular pelo Socialismo (UP), declarou possuir R$ 49.405,48, referentes a uma moto ano 2018, carro ano 2010 e a uma conta poupança. Esta é a primeira eleição disputada pelo estudante e tatuador.
Patrimônios dos candidatos à Prefeitura de Mossoró
- Allyson Bezerra (União Brasil): R$ 582.092,31
- Genivan Vale (PL): R$ 551.073,53
- Irmã Ceição (PRTB): R$ 202.000,00
- Lawrence Amorim (PSDB): R$ 44.214,55
- Victor Hugo (UP): R$ 49.405,48
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.