A prefeita Marianna Almeida (PSD) não foi para o debate da TCM na cidade de Pau dos Ferros. Deixou o seu espaço vazio e o tempo inteiro para o seu adversário, ex-prefeito Leonardo Rêgo (PP), explorar temas importantes, apresentar propostas de gestão e passar a sua mensagem ao eleitor, além de pedir o voto, claro.
Primeiro, deve ser dito que Marianna não tinha a obrigação de comparecer ao debate. Ela recebeu o convite e decidiu não ir. É um direito dela.
Agora, ao não comparecer ao programa para debater temas importantes para a cidade que ela governa e que pretende ser reeleita, Marianna ignorou a população pau-ferrense. Passou a ideia que faz pouco caso da opinião da pública e que acha que pode ter o voto sem prestar contas do que fez até agora e apresentar o que pretende fazer se for reeleita.
Não é só isso.
Fugir de um debate é se mostrar incapaz de discutir a cidade. É ter medo do adversário ou não ter condições de enfrentá-lo no campo das ideias. Marianna expôs isso com a sua ausência.
É claro que Marianna, se tivesse comparecido, teria que enfrentar abordagens espinhosas, por exemplo, a questão da limpeza pública terceirizada, que a sua gestão aumentou os gastos de R$ 280 mil para mais de R$ 500 mil, incluindo uma duvidosa “lavagem de asfalto”. No entanto, o debate era a oportunidade de ela esclarecer ao contribuinte, que paga a conta.
Talvez, e provavelmente, a prefeita se sentiu insegura, ou despreparada, para debater Pau dos Ferros ao vivo e a cores, sem o uso da propaganda oficial e/ou das redes sociais, em que o marketing bem feito cria ilusões.
Por outro lado, Leonardo Rêgo aproveitou os seis blocos do debate, durante mais de uma hora de programa, para potencializar as obras que realizou quando foi prefeito, debater temas como saúde, educação, social, emprego, turismo e infraestratura, e, de forma didática, apresentar ao eleitor o seu plano de governo.
O ex-prefeito ainda aproveitou para questionar a ausência da prefeita. Com educação, sem fazer qualquer tipo de ataque, ele apenas perguntou se é justo ao cidadão-eleitor um candidato ou candidata se negar a debater a cidade a que se propõe governar.
Marianna, evidentemente, mediu as consequências de não ir ao debate. Deve ter colocado na balança os prós e os contras, acreditando que ficaria mais leve para o seu lado se não comparecesse ao programa.
No entanto, os efeitos negativos podem ser maiores do que ela projetou. Ignorar a inteligência das pessoas, mesmo aquelas mais humildades, nunca é um bom negócio para o agente público.
Têm falhas que o eleitor não perdoa. E numa campanha acirrada como é a de Pau dos Ferros, o erro pode ser fatal.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.