O prefeito Allyson Bezerra (União Brasil) não foi ao debate da TCM. Optou por não enfrentar os demais concorrentes à Prefeitura de Mossoró. No momento que o programa estava no ar, na noite desta quinta-feira, 5, sendo chamado por adversários de “fujão” e “frouxo”, Allyson realizava caminhada com a sua militância na periferia da cidade.
Antes de qualquer análise, deve ser dito que Allyson Bezerra, como simples cidadão, não é obrigado ir aos debates. Cabe a ele decidir ir ou não. Agora, o prefeito e candidato tem, sim, o compromisso com a sociedade de debater a cidade que governa.
Também deve ser dito que a ausência é falta de respeito ao grande público, leia-se cidadão-eleitor, aos candidatos que estavam presentes e a empresa que promoveu o programa para levar a oportunidade de conhecer as intenções de quem pretende governar Mossoró pelos próximos quatro anos.
Não ir ao debate sugere uma série de interpretações e a principal delas é que o prefeito teve medo de debater a sua gestão de cara limpa, ao vivo e a cores, sem o uso do marketing que ele desfila, com desenvoltura, nas suas redes sociais. Mossoró continua sem conhecer o Allyson de cara limpa, sem filtro e suas verdadeiras intenções.
Ficou bem claro que o prefeito teme encarar Lawrence Amorim (PSDB) e Genivan Vale (PL), seus principais concorrentes. Até pouco tempo, os três eram aliados, logo, Lawrence e Genivan conhecem bem os bastidores do palácio azul e seus segredos. Eles sabem muito e têm munição pesada. Não usaram em razão da ausência do prefeito, mas que certamente será apresentada no debate da InterTV Cabugi, marcado para o finalzinho de setembro.
O debate da TCM foi, digamos, o aperitivo.
Mesmo assim, produziu conteúdo que obriga o prefeito a provar que é inocente e/ou provoca as instituições responsáveis pela fiscalização do bem público a investigarem casos graves, com destaque para dois:
1 – Suposta falsificação de documentos oficiais para aumentar o poder de endividamento do município e, dessa forma, conseguir o empréstimo de R$ 200 milhões junto à Caixa;
2 – Atos de corrupção que já estariam, inclusive, nas mãos da Polícia Federal.
Além disso, os debatedores apontaram caos na saúde e educação, áreas vitais que estão sucateadas e que levaram Mossoró a posição vergonhosa no ranking da eficiência dos municípios, conforme publicado esta semana pelo jornal Folha de S. Paulo.
Os candidatos exploraram no debate, com dados concretos, que Mossoró está na 105ª posição na educação entre as cidades do Rio Grande do Norte e na 2.896ª no Brasil. Os adversários afirmaram que não existe a “cidade educação” explorada no marketing do prefeito, uma vez que a rede municipal de ensino é uma das piores do estado e do país.
Se existe outra versão, o cidadão não tem conhecimento, já que Allyson não compareceu para mostrar o seu lado. Então, a verdade que prevalece é a que foi mostrada no debate, de forma clara, direta e de fácil entendimento por parte do público.
Pois bem.
A decisão do prefeito de não ir ao debate tem consequências, no entanto, não é possível, nesse momento, dimensionar até onde as consequências podem afetar o seu projeto de reeleição. É preciso aguardar o resultado da repercussão, para saber até onde influenciou a opinião pública.
Nos bastidores da sucessão, a versão é que Allyson aposta que não será afetado e não aceita ser contrariado. Ele acredita que alcançou o patamar inatingível, que está acima do bem e do mal, um semideus. Uma entidade do marketing nesses tempos virtuais.
A conferir.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.