Por César Santos –Jornal de Fato
Tiros certeiros, à queima-roupa, abreviaram a vida dos prefeitos Neném de Borges, de São José do Campestre, na Borborema potiguar, e Marcelo Oliveira, de João Dias, na região do Alto Oeste. O primeiro, no dia 18 de abril de 2023; o segundo, no dia 27 de agosto último. Ambos seriam candidatos à reeleição, sustentados por gestões com bons índices de aprovação.
Os crimes, no entanto, não devem interromper o projeto político dos prefeitos executados. Pelo menos, se depender das respectivas viúvas. Elas se encorajaram para dar continuidade ao trabalho na vida pública e se lançaram candidatas nas eleições deste ano.
Luciana Araújo da Silva, “Nega de Neném de Borges” (PSDB) disputa a Prefeitura de São José do Campestre com o discurso da justiça, defendendo que os tiros que atingiram o seu esposo não podem calar a população do município. Ela enfrenta nas urnas o prefeito Erivaldo Pinguim (MDB), que assumiu o cargo com a morte de Neném, e Sanzio de Dr. Laércio, candidato pelo PL.
Para registrar a candidatura, Nega de Neném de Borges teve que superar entraves na Justiça Eleitoral, uma vez que pela legislação a cônjuge não poderia disputar o cargo que era ocupado pelo esposo. No entanto, a Justiça deu novo entendimento ao caso.
O juiz Francisco Pereira Rocha Júnior, da 15ª Zona Eleitoral, deferiu a candidatura seguindo a recomendação do Ministério Público Eleitoral.
“A Corte Superior Eleitoral considerou a questão prejudicada em virtude da remansosa jurisprudência, qual seja: o evento morte, especialmente quando ocorrida com significativa antecedência do processo eleitoral (dentro do prazo de desincompatibilização), põe termo à causa de inelegibilidade em pauta, citando os precedentes fixados no RE no 758.461 (STF) e nos AgR-REspEl no 0600403-51/PR e 177-20/MG (TSE)”, argumentou o juiz.
Nega de Neném de Borges teve candidatura registra em São José do Campestre
O mesmo entendimento deve ser aplicado à candidatura de Maria de Fátima Mesquita da Silva, “Fatinha de Marcelo” (União), viúva do prefeito de João Dias. O registro aguarda julgamento na Justiça Eleitoral. O prazo final para deferimento é 16 de setembro. A Justiça já registrou a candidatura de Marcelo, que disputava a reeleição, como inapta por falecimento.
Ao confirmar a candidatura à prefeita, Fatinha afirmou:
“Em meio a tanta tristeza, encontramos esperança e paz. Juntos, podemos transformar nossa cidade, trazendo luz e renovação para nossos corações e para a nossa querida João Dias. O sonho vai continuar!”.
Com a morte de Marcelo Oliveira, o cargo de prefeito foi ocupado pelo presidente da Câmara Municipal, Jessé Oliveira (União), que é irmão de Marcelo e cunhado de Fatinha.
Crimes ainda estão sem resposta concreta
Marcelo Oliveira exercia o primeiro mandato na Prefeitura de João Dias. Ele foi morto no dia 27 de agosto de 2024, quando iniciava atividade de campanha pela reeleição. O prefeito foi surpreendido por homens que chegaram em dois carros e dispararam dezenas de tiros. O pai de Marcelo, Sandi Alves de Oliveira, também morreu na hora.
Uma força-tarefa da Segurança Pública foi formada para combater a violência em João Dias e investigar o assassinato do prefeito. Foram presos três suspeitos de participar do crime. Eles passaram por audiências de custódia e estão à disposição da Justiça.
Marcelo Oliveira e o pai Sandi Alves de Oliveira foram mortos juntos
Até agora, porém, a polícia investigativa ainda não deu uma resposta sobre a motivação do duplo assassinato.
Em São José do Campestre, o prefeito Joseilson Borges da Costa, Neném Borges, foi executado dentro de casa no dia 18 de abril de 2023. O principal suspeito do crime foi localizado e preso em Guarulhos, no estado de São Paulo, sete meses depois.
"Informalmente, o suspeito confessou aos policiais paulistas que, de fato, foi o autor deste bárbaro homicídio cometido contra o Neném Borges", informou o delegado Wellington Guedes, titular da 6ª Delegacia Regional de Nova Cruz e responsável pela investigação, sem revelar a identidade do preso no dia 19 de janeiro de 2024.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.