Por César Santos – Jornal de Fato
A previsão dos mais empolgados eleitores de Allyson Bezerra (União Brasil), na passeata da vitória, domingo à noite, 6, faz sentido. O prefeito de Mossoró sai das urnas de 2024 maior do que entrou, batendo todos os recordes e se apresentando como um forte concorrente ao Governo do Estado do Rio Grande do Norte nas eleições de 2026.
Não é exagero. O próprio Allyson organiza projeto nesse sentido, embora, de público, não admita falar sobre o assunto. Nem precisa, afinal, a campanha eleitoral de 2026 ainda passará por processos que exigirão, principalmente do prefeito de Mossoró, muita habilidade para sair ileso de questões legais e de barreiras que certamente serão colocadas por grupos da política tradicional do estado.
Allyson Bezerra foi reeleito com 113.121 votos, ou 78,02% dos votos válidos. Até então, o recorde era da ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PP), que em 1996 se elegeu pela segunda vez com 62,64% dos votos válidos. Em termos numéricos, a diferença é enorme. Rosalba obteve 57.407 votos naquelas eleições, uma diferença de 55.714 para a votação de Allyson em 2024. Tudo bem que o eleitorado de Mossoró era menor, mesmo assim, a vitória do atual prefeito é bem maior do que foi a da ex-prefeita em 1996.
A supremacia eleitoral de Allyson chama ainda mais atenção quando compara os seus números em relação ao segundo colocado no pleito deste ano, o atual presidente da Câmara Municipal, Lawrence Amorim (PSDB), que obteve apenas 16.115 votos (11,11%). A maioria pró-Allyson foi de 97.006 votos ou 86,91%.
Mesmo juntando os votos dos quatro candidatos de oposição, que somaram 31.869 (22,16%), a maioria pró-Allyson foi de 81.252 votos ou 55,86%. Algo nunca antes visto em disputas pela Prefeitura de Mossoró.
O poderio eleitoral do prefeito reeleito também se apresentou na disputa pela Câmara Municipal. Os candidatos por partidos da base governista somaram 95.191 votos e elegeram 15 dos 21 vereadores. A oposição ficou com apenas seis vagas, num desempenho decepcionante, mas justificável diante da força do chefe do Executivo.
Allyson Bezerra foi além e conseguiu eleger candidatos escolhidos por ele como Thiago Marques (SDD), João Marcelo (PSD), Vladimir Cabelo de Negro (PSD) e Petras Vinícius (PSD), o campeão de votos que teve a campanha comandada pela primeira-dama Cintia Pinheiro (veja reportagem na página 4).
Diante dos números, que refletem a nova realidade da política mossoroense, não há exagero em afirmar que Allyson Bezerra é forte candidato ao cargo de governador do RN. Nesse momento, contra ele, existe apenas o tempo.
Allyson Bezerra poderá repetir Rosalba Ciarlini em 2026
Segundo maior colégio eleitoral do RN, Mossoró tem influência direta nas eleições estaduais. Foi assim que Rosalba Ciarlini saiu da Prefeitura para ser senadora da República em 2006 e governadora do Rio Grande do Norte em 2010.
Mossoró teve papel fundamental nas duas eleições estaduais de Rosalba. Em 2006, ela obteve quase 80% dos votos válidos da cidade, elegendo-se a primeira mulher senadora pelo RN. Quatro anos depois, em 2010, Rosalba recebeu mais de 80% dos votos dos mossoroenses, sendo decisivo para se eleger governadora ainda no primeiro turno das eleições.
Allyson Bezerra pode repetir o feito. Aos receber 113.121 votos dos mossoroenses nas eleições deste ano, que representam 78,02% dos votos válidos, o prefeito reeleito tem todas as chances de repetir o feito numa eventual disputa pelo governo em 2026. E, se repetir, certamente Mossoró será decisiva para se conquistar o cargo de governador do Rio Grande do Norte.
Resultado das eleições de Mossoró 2024
- Allyson Bezerra (União Brasil): 113.121 votos (78,02%)
- Lawrence Amorim (PSDB): 16.115 votos (11,11%)
- Genivan Vale (PL): 11.019 votos (7,60%)
- Victor Hugo (UP): 4.375 votos (3,02%)
- Irmã Ceição (PRTB): 360 votos (0,25%)
- Votos válidos: 94,20%
- Brancos: 1,99%
- Nulos: 3,81%
- Abstenção: 16,65%
- Comparecimento: 83,35%
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.