A advogada Lorena Gualberto, candidata à presidência da OAB-Mossoró, é incisiva quando questionada sobre os requisitos e valores que foram determinantes para a escolha dos componentes de sua chapa: “Trabalho sério. Eu gosto de quem trabalha”.
Ela lidera a chapa “Força e Representatividade” que concorre às eleições na Ordem dos Advogados do Brasil, marcada para o dia 25 de novembro.
Klívia Lorena Costa Gualberto é mestranda em Ciências Jurídicas, especialista em gestão pública, direito eleitoral e direito processual, professora da UniCatólica e sócio-administrativa do escritório Gualberto & Negreiros Advogados Associados, além de dirigir a Escola Superior da Advocacia.
Com o currículo vitorioso, Lorena acredita que está pronta para liderar a Ordem em Mossoró pelos próximos três anos.
Na manhã de quarta-feira, 30, na sede do Jornal de Fato, Lorena Gualberto tomou o “Cafezinho com César Santos”. A conversa fluiu em torno da importância de suas propostas para a OAB, os motivos pelos quais aceitou liderar um novo momento na Ordem e sobre o que planeja para o futuro da instituição que pretende presidir. Leia:
O que motivou a senhora a aceitar o desafio de concorrer às eleições da OAB Mossoró?
É um grande desafio se propor a representar meus colegas, estar à frente de uma instituição tão respeitada e importante para a nossa classe. O que mais motivou foi o sentimento de querer servir à Ordem, servir à advocacia e unir os nossos colegas em uma nova forma de pensar gestão e valores frente a nossa instituição. Estamos propondo um projeto novo, um processo de inovação, um processo realmente diferente do que a gente enxerga hoje na advocacia e na Ordem.
Como a senhora enxerga o papel da OAB nos próximos anos, e quais são suas expectativas para o futuro da instituição?
São os aspectos que a OAB realmente tem que desenvolver e ela desenvolve, mas é de suma importância a gente enxergar o processo que vem acontecendo junto à Ordem, que é o processo de interiorização do sistema que a instituição tem a oferecer ao advogado e que está chegando ao interior. Eu acredito que isso é uma primazia hoje frente à advocacia, bem como o padrão que é a defesa das prerrogativas dos advogados e das advogadas e com um fator, que não é tão novo, mas para a nossa classe, sim, que é a pluralidade.
O que são prerrogativas? E quais prerrogativas você considera fundamentais para fortalecer a atuação dos advogados e advogadas no Brasil?
Esse é um assunto que sempre está em pauta. Se o advogado não tiver a defesa de suas prerrogativas, a advocacia não consegue exercer as suas atividades. Eu acredito que na atualidade a problemática maior que eu posso destacar em termos de prerrogativas, em termos de direito dos advogados e advogadas, é o acesso ao poder judiciário, aos órgãos, às instituições. Hoje o advogado encontra uma grande dificuldade para ter a facilitação desse acesso, apesar dos recursos digitais que chegaram para melhorar as nossas atividades, continuamos tendo dificuldade de acesso às instituições.
Sua chapa tem o nome de “força e representatividade”. O que o nome "Força e Representatividade" representa para você e para a sua equipe?
Representa a oportunidade de uma advocacia respeitada. Representa um projeto de trabalho sério, comprometido com a inovação, então, para concretizar tudo isso precisamos ter representatividade, ou seja, um grupo diverso com força, coragem, trabalho e seriedade para conduzir todo esse processo.
Considerando seu histórico profissional e carreira política, se você pudesse voltar no tempo, que conselho ou mensagem daria para a Lorena de 10 anos atrás?
Não tenha medo. O trabalho sério compensa.
Na sua opinião, qual é o maior desafio para quem assume a gestão da OAB e como pretende lidar com ele?
O nosso grande desafio é implementar uma cultura jurídica de diálogo. O diálogo entre os advogados, a união entre esses profissionais em prol da classe é de grande importância. Precisamos afastar da Ordem os interesses pessoais, discursos que segregam e que realmente enfraquecem a nossa representatividade. Vamos traçar linhas que consigam levar com que a gestão seja realmente a voz e a busca dos interesses da classe.
Quais dificuldades e superações você acredita que enfrenta sendo mulher em uma posição de liderança na OAB?
O espaço da mulher é garantido pela própria legislação e esse processo de liderança vem crescendo, mas ainda enfrenta resistência, não podemos negar. As questões de gêneros estão inseridas na sociedade e na Ordem também. Basicamente, é a aceitação, é conseguir mostrar que enquanto mulher você está capacitada, com a capacidade de força e de representação como qualquer outra pessoa que ali esteja. Então, essa é uma premissa que nós temos, que é trabalhar mais do que qualquer outra pessoa para se colocar realmente como uma liderança.
Vamos falar sobre o assunto, que é delicado, mas a gente não pode deixar passar. Recentemente, o presidente da OAB-Mossoró (Hermeson) esteve envolvido em caso de agressão à mulher. O OAB procurou uma solução para o caso que talvez não tenha sido ideal, dada a falta de punição mais severa. A senhora, como presidente da Ordem, qual posição teria assumido frente ao caso?
Enquanto presidente, a minha posição pessoal não pode ser a impressão da Ordem. Nós temos que agir como a Ordem tem que agir na defesa democrática de direito, na defesa dos advogados e advogadas. Estamos falando de defesa, de deveres e de fiscalização. Então, a condução tem que ser frente ao que a advocacia espera de um advogado, de um representante da OAB. O processo deve seguir conforme os trâmites que a Ordem executa aos seus inscritos. Então, acredito que o procedimento legal da Ordem é de postura firme, forte e justa diante das demandas em relação a qualquer advogado que esteja ocupando cargo de grande representação.
Nesse caso em tela, a senhora acha que a Ordem conduziu o processo de forma correta?
Não posso afirmar se conduzido de forma correta ou não, porque eu não fiz parte e não tenho conhecimento real da condução desse processo. Não seria justo de minha parte dizer que foi correto ou que foi errado. Eu estaria emitindo aqui uma opinião pessoal e não uma posição que deve ser condizente com a gestão da OAB. A impressão de quem está na gestão é de saber que a Ordem tem uma postura enquanto instituição e isso é que vai prevalecer. Acontece muito o conflito da sua pessoa com a instituição, mas quando você exerce a presidência da OAB ou qualquer outro cargo para servir à Ordem, o que devem ser levados em consideração, o que deve prevalecer, são os interesses da instituição, que a gente sabe quais são.
O que senhora acredita que faz com que sua chapa se destaque das demais nas eleições?
A formação de nossa chapa é um projeto que não foi pensado de última hora, não foi feito às pressas, pensando em cargos ou interesses individuais. O nosso projeto foi pensado, discutido, bem elaborado. Politicamente falando, tivemos um processo de rupturas na OAB. Tivemos uma campanha passada em que enxergamos o quanto a instituição perdeu com essa segregação. Diante disso, tivemos várias conversas com os colegas advogados e advogadas propondo construir uma união e dessa união a gente conseguiu forma uma chapa com representatividade, com pessoas que têm realmente o ímpeto de servir à Ordem e têm espírito inovador. Na nossa chapa temos jovens advogados, temos advogados mais experientes e advogados de várias áreas. São pessoas comprometidas. Então, acredito que pensamos numa chapa que possa agregar na gestão da Ordem, que a gente possa implementar um sistema corporativo e de atuação da instituição frente a todo esse sistema que temos para garantir as prerrogativas e a respeitabilidade da OAB frente à sociedade e a todas as instituições às quais nós temos que nos comunicar diariamente para que a advocacia tenha a sua atuação de maneira zelosa.
Que requisitos e valores foram determinantes para a escolha das pessoas que compõem a sua diretoria?
Trabalho sério. Eu gosto de quem trabalha. Eu gosto de quem realmente tem uma história na advocacia, que de quem advoga e tem compromisso com a advocacia e pessoas que têm a disponibilidade de servir. Esses são os requisitos que nós trabalhamos com mais afinco para a formação de nossa chapa. Também destaco o processo de inovação, que teve prioridade. O jovem advogado tem uma capacidade de pensar que o advogado experiente já perdeu um pouco. Então, acreditamos que essa mistura de experiências no processo de inovação trouxe um espírito diferenciado para a nossa chapa.
Que conselho você daria para os advogados em início de carreira que buscam seu espaço na profissão?
A OAB tem uma função social muito forte e isso tem que ser reconhecido. A Ordem fortalecida consegue transitar e tem um papel importante nos segmentos da sociedade. A nossa instituição é preparada para fazer essa atuação por meio de parcerias de cooperação junto a outras instituições. É essa gestão corporativa que nós defendemos, é a construção de parcerias que nós acreditamos ser possível para que a Ordem desenvolva um trabalho mais próximo da sociedade. Então, dentro do que nós acreditamos ser possível oferecer o nosso contributo, volto a ressaltar a importância de uma gestão aberta ao diálogo. É o diálogo que nos faz entender a necessidade do outro, que faz entender que nós podemos oferecer. Então, na hora que a OAB se fecha apenas para o mundo da advocacia, ela perde a humanização do processo. O advogado trabalha diretamente com pessoas, por isso, precisa ter esse entendimento maior sobre o nosso papel na sociedade.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.