Dos oitos deputados federais do Rio Grande do Norte, quatro assinaram o requerimento de urgência pedindo a votação do projeto de lei que anistia acusados e condenados pela participação na tentativa de golpe em 8 de janeiro. O documento foi protocolado nesta segunda-feira,14, pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O partido conseguiu 262 assinaturas. Para que o requerimento fosse considerado como elegível para votação, eram necessários 257 deputados apoiando.
Da bancada potiguar assinaram o documento Sargento Gonçalves e o General Girão, do PL, e Carla Disckson e Benes Leocádio, do União Brasil, que é um partido da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pouco antes de o documento ser protocolado, a jornalista Bela Megale, de O Globo, noticiou que integrantes do governo Lula passaram a fazer uma investida intensa junto aos parlamentares que fazem parte de partidos de sua base e que assinaram a proposta de urgência da anistia. Não surtiu efeito.
Outros quatro parlamentares potiguares não assinaram o documento: Fernando Mineiro e Natália Bonavides, do PT, João Maia, do PP, e Robinson Faria, sem partido. Chama a atenção é a ausência de Robinson na lista do requerimento, uma vez que ele foi eleito em 2022 na base bolsonarista e o seu filho, ex-deputado federal Fábio Faria, hoje fora da política, foi o ministro das Comunicações do governo de Jair Bolsonaro.
Nos bastidores, a informação é de que Robinson não quer contrariar alguns ministros do STF, tendo em vista os problemas jurídicos que ele enfrenta nos tribunais. O ex-governador do Rio Grande do Norte tem como principal acusação o suposto envolvimento no escândalo de “funcionários fantasmas” na Assembleia Legislativa, quando ele era presidente da Casa.
Anistia
O ex-presidente Bolsonaro aposta numa saída política para enfrentar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Réu no processo por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro dá como certa a sua condenação, uma vez que há um clima a favor da condenação dentro da Suprema Corte. Daí, a única forma de evitar ir para a prisão, caso condenado, será a aprovação do projeto que anistia os acusados dos atos de 8 de janeiro.
O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, decidiu publicar o requerimento de urgência antes que alguns deputados desistissem de assinar. Mais cedo, a deputada Helena Lima (MDB-RR) pediu para que seu nome fosse retirado da lista. Agora, os deputados não podem mais pedir a retirada de seus nomes. O parlamentar mostrou-se otimista, baseando no movimento pró-anistia que, segundo ele, cresce no Congresso Nacional.
No entanto, mesmo com o número de assinaturas alcançadas, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), não é obrigado a colocá-lo em votação. As assinaturas são apenas uma forma de demonstrar apoio à matéria.
O requerimento de urgência, depois de aprovado em plenário, acelera a análise de propostas na Casa. Uma vez aprovado o requerimento de urgência por maioria em plenário, a matéria precisa ser analisada pelos deputados em até 45 dias.
Bolsonaro segue internado após cirurgia de 12 horas
O ex-presidente Jair Bolsonaro, após mais de 12 horas de cirurgia, segue internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Brasília e sem previsão de alta, segundo os médicos que acompanham o político. Ele passou por uma para tratar uma "suboclusão intestinal" – uma obstrução parcial do intestino causada por aderências formadas após múltiplas cirurgias anteriores, em decorrência da facada que levou em 2018.
Segundo o cardiologista da equipe, Leandro Echenique, esta cirurgia – a sétima desde o atentado – está entre "as mais complexas" feitas no ex-presidente. A longa duração do procedimento, inclusive, já era esperada.
"Não houve nenhuma complicação, realmente foi o que era esperado. Um procedimento muito complexo. Agora nos cuidados pós-operatórios, quando há um procedimento muito prolongado como esse, o organismo do paciente acaba tendo uma resposta inflamatória muito importante, fica muito inflamado", diz Echenique.
"Isso pode levar a uma série de intercorrências. Aumenta o risco de algumas infecções, de precisar de medicamentos para controlar a pressão. Há um aumento do risco de trombose, problemas de coagulação do sangue. O pulmão, a gente acaba tendo um cuidado específico [...] Todas as medidas preventivas serão tomadas, por isso que ele se encontra na UTI neste momento", seguiu.
O chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini, relatou que Bolsonaro já tinha apresentado nos dias anteriores uma elevação dos marcadores de inflamação (PCR) e um quadro de distensão abdominal. Como as primeiras opções de tratamento não surtiram efeito, houve a recomendação de cirurgia.
De acordo com o boletim médico, a cirurgia envolveu uma extensa lise de aderências (cirurgia para remover faixas de tecido que ficaram coladas por cicatrizes internas) e a reconstrução da parede abdominal.
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César Santos é jornalista desde 1982. Nasceu em Janduís (RN), em 1964. Trabalhou nas rádios AM Difusora e Libertadora (repórter esportivo e de economia), jornais O Mossoroense (editor de política no final dos anos 1980) e Gazeta do Oeste (editor-chefe e diretor de redação entre os anos 1991 e 2000) e Jornal de Fato (apartir dos anos 2000), além de comentarista da Rádio FM Santa Clara - 105,1 (de 2003 a 2011). É fundador e diretor presidente da Santos Editora de Jornais Ltda., do Jornal de Fato, Revista Contexto e do portal www.defato.com.