Quinta-Feira, 26 de dezembro de 2024

Postado às 09h00 | 15 Abr 2024 | redação Igor Fortunato, ator mossoroense, estreia hoje em novela da Globo

Crédito da foto: Divulgação Igor Fortunato, ator mossoroense, estreia hoje na novela Rancho Fundo

Por Ângela Karina – Revista DOMINGO / Jornal de Fato

Igor Fortunato, ator mossoroense (e agora global) estreia na TV nesta segunda-feira,15, na nova novela das 18h da Globo, No Rancho Fundo, escrita por Mário Teixeira, mesmo autor de Mar do Sertão. O evento de lançamento do folhetim ocorreu na noite da última segunda-feira, 8, nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro/RJ, reunindo elenco para coletiva de imprensa.

O ator interpreta o personagem superprotetor Zé Beltino, primogênito do casal Zefa Leonel (Andrea Beltrão) e Seu Tico Leonel (Alexandre Nero). Bravo como a mãe e ingênuo como o pai, ele vai querer acabar com a vida de Marcelo Gouveia (José Loreto), para defender a honra da família, quando descobrir que ele enganou sua irmã Quinota (Larissa Bocchino).

O multiartista potiguar, já que Igor além de ator é cantor e dramaturgo, deu seus primeiros passos na carreira aqui em Mossoró, no semiárido do Nordeste brasileiro, em 2007, pela Companhia Bagana de Teatro (Mossoró/RN), por onde atuou em espetáculos de destaque como o Chuva de Bala no País de Mossoró, no qual teve a oportunidade de interpretar o temido cangaceiro Lampião e o prefeito Rodolfo Fernandes. Mas foi em Natal que conseguiu estruturar sua carreira.

Lá, o ator passou a compor os grupos Carmin, junto à atriz Quitéria Kelly e o ator e Dramaturgo Henrique Fonte; e Casa de Zoé, de Titina Medeiros e César Ferrário. De Natal se mudou para o Rio de Janeiro, para a preparação de seu personagem que faz parte do núcleo familiar da protagonista da novela, interpretada pela jovem Larissa Bocchino.

O jovem ator de 31 anos promete orgulhar não só a mãe Fernanda Cristina, a avó (e segunda mãe) Rita e a irmã Maria Fernanda, mas ao povo potiguar em sua estreia na maior emissora do país. O percurso até chegar à TV foi árduo, mas de muita entrega nesses 14 anos de experiência artística.

Em seu currículo já constam 1 monólogo; 4 filmes (curtas e longas metragens); mais de 10 espetáculos que circularam por todo RN e pelo país, além de premiações por sua atuação.

Às vésperas da estreia de No Rancho Fundo, Igor Fortunato concedeu entrevista exclusiva à DOMINGO, na qual conta um pouco mais sobre a sua trajetória até chegar à vênus platinada. Confira:

 

Estrear na quarta maior emissora do mundo e ter Titina Medeiros no elenco de No Rancho Fundo o deixa mais seguro?

Estrear ao lado de Titina, eu que já trabalho com ela há mais de 8 anos, trabalho junto com ela há muito tempo, traz-me um conforto maior também. Que a minha primeira obra na televisão eu esteja próximo de uma pessoa que eu conheço muito, que é muito minha amiga é um presente! A gente se entende bem em cena e fora dela. Então, isso me traz segurança. Isso me trouxe um lugar de familiaridade, de afeto, de carinho, de estar perto de quem eu já conheço. Isso ajuda, isso vaza para a tela, vaza para o trabalho.

 

Compor os grupos Carmin e Casa de Zoé, que em seus elencos conta com atores potiguares já conhecidos e consagrados pelo público, ‘encurtou’ o seu caminho até chegar à TV Globo?

Eu não diria que encurtou o caminho, mas eu diria que potencializou o caminho, sim. Porque estar junto com esses grupos foi estar dentro da possibilidade de fazer grandes obras. Obras que tiveram destaque no cenário nacional do teatro, obras que foram premiadas, como a Invenção do Nordeste, obras que circularam muito, como Meu Seridó. Eu fiz dois palcos giratórios, um em 2019 junto com a Casa de Zoé e outro em 2023, junto com o Carmin, além de temporadas em São Paulo, temporadas no Rio de Janeiro. Então isso potencializa a sua carreira de ator, atrai olhares, óbvio. Mas dizer que encurtou, acho que não encurta, acho que potencializa.

 

 

O sotaque nordestino e o fato de boa parte da trama ser ambientada no sertão o deixaram mais confortável para atuar?

O sotaque me deixa mais confortável para atuar, sim, mas eu não penso muito nisso. Eu acho que o personagem tem seus desafios, independentemente do sotaque, independentemente da ambientação onde ele vive, tem as suas questões. Construir um personagem, principalmente um personagem para a teledramaturgia que dura tanto tempo, uma novela tem 173 capítulos, é passar um ano desenvolvendo um personagem em várias situações. O desafio de conseguir construir um personagem que não fique estereotipado, que fique humanizado, que tenha as suas sensações, que tenha a sua própria vivência, esse é o grande desafio, e que tira o conforto de qualquer ator, independente do ambiente onde ele vive, independente do sotaque que ele fale. Mas óbvio que o sotaque me dá um passo a mais.

 

Qual a sua inspiração para compor o personagem de Zé Beltino? Tem algo de Igor Fortunato?

Bom, a minha inspiração para construir Zé Beltino parte da minha observação do próprio personagem, do que estava escrito. Eu não me inspirei de fato em alguém, eu não me inspirei de fato em um personagem já vivido ou em uma pessoa em específico. Eu acho que a gente enquanto ator, a gente trabalha durante a vida inteira a observação de outras pessoas, mas eu já devo ter visto alguns Zés Beltinos por aí. E tenho tirado esse personagem muito do que o Mário Teixeira escreve, muito do que está escrito na novela. A novela que a gente está fazendo é uma farsa, é uma obra de arte. Então eu procuro fugir da realidade mesmo, tentar construir a partir dela, a partir das referências que eu já tenho, alguma coisa que seja potente. E tem muito do Igor Fortunato em Zé Beltino. Zé Beltino é intenso, e eu sou muito intenso na minha vida. Zé Beltino tem um coração muito grande. Acho que a parte que não tem do Zé Beltino no Igor é a brutalidade.

 

O espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró foi o marco inicial na sua carreira de ator?

O espetáculo Chuva de Bala eu não diria que foi um marco, mas ele foi muito importante. Eu amo o espetáculo, amei fazer todas as vezes que fiz, faz um bom tempo que não faço parte do elenco do espetáculo, por questões de tempo, por questões de agenda, e também por questões diversas, mas amo esse espetáculo, eu o guardo muito no meu coração. Eu fiz o Lampião, eu tive a oportunidade de, nesse espetáculo, experimentar os dois extremos, de fazer o Lampião e também de fazer o Prefeito, mas tem outros espetáculos dentro da minha carreira de ator que marcaram mais o início da minha trajetória. Acho que o Chuva de Bala é um ponto importante da minha carreira, mas não um marco inicial.

 

Como se deu o seu processo de formação cênica?

O processo de formação cênica, o meu processo em específico se deu por meio de grandes mestres. Negar isso seria negar a minha história. Eu tive a oportunidade de trabalhar e de cruzar com pessoas muito importantes na minha vida, como Marcos Leonardo, como Diana Fontes, como João Marcelino, como Joriana Pontes, enfim, Carla Martins, que foram pessoas que me ensinaram muito sobre esse ofício. E também ter parceiros como eu tenho hoje, como César Ferrario, Titina Medeiros, como Quitéria Kelly, Henrique Fontes, que são parceiros que me ensinam diariamente ali na labuta, diariamente no ofício, como se faz esse ofício. Eu acho que esse é o principal lugar da minha formação cênica. É da experiência e do contato com os parceiros e com os mestres que a gente aprende. É um ofício tão artesanal que só pondo a mão na massa mesmo para você aprender como é que se faz.

 

Antes de No Rancho Fundo, quais trabalhos artísticos desenvolveu? Algum deles premiado? Chegar ao Grupo Globo era o seu maior objetivo profissional ou vai além?

Bom, antes de ir No Rancho Fundo, eu tenho uma trajetória de 14 anos fazendo teatro e audiovisual também. Desenvolvi muitas coisas, comecei em Mossoró, fiz parte da Companhia Bagana de Teatro por muito tempo, ao lado de Joriana Pontes; fui para Natal, fiz alguns outros trabalhos, depois adentro à Casa de Zoé, junto com Titina Medeiros, César Ferrário e Nara Kelly e tantas outras pessoas; mais recentemente, fiz também parte do Carmin para fazer a Invenção do Nordeste. Teve O Sem retrato, sem bilhete, que é um filme que eu fiz, que eu protagonizei, com direção de Babi Baracho; fiz audiovisual mossoroense também com Wigna Ribeiro. Enfim, tiveram muitos trabalhos, mas se eu preciso destacar alguns espetáculos, eu queria destacar o Meu Seridó, que eu acho que é um grande marco na minha carreira, que é um espetáculo que circulou muito pelo Brasil, que foi premiado; a Invenção do Nordeste, que é um espetáculo que também circulou muito pelo Brasil, que também foi premiado, enfim... E pelo Meu Seridó, inclusive, eu ganhei prêmio de melhor ator do estado, do Rio Grande do Norte. Acho que esses dois trabalhos para começar. Eu tive uma carreira, até hoje, muito dedicada ao teatro, que eu amo e que estou com saudades, inclusive... E amando a experiência da televisão, mas com saudades do teatro, que é de onde eu venho e é de onde eu trago todo o alimento enquanto ator.

 

A sua família te apoiou/apoia nessa jornada?

No começo não tive muito apoio da família. Mas a minha mãe [Fernanda] sempre foi meu suporte, meu amparo. Ela que me apoiou e me apoia. Obrigado, Mainha!

 

A quem você dedica essa conquista de estar no horário nobre da Globo a partir desta segunda, 15?

Eu dedico a todas as pessoas que me ensinaram em algum momento, aos meus mestres de teatro, às pessoas que me ensinaram como se faz esse ofício, eu dedico à minha família, eu dedico à minha mãe, eu dedico à minha avó. A minha avó que eu costumo dizer que foi a pessoa que mais alimentou minha imaginação durante a minha infância, e essa imaginação que hoje me serve de matéria-prima para o meu trabalho foi muito alimentada por ela na minha infância, com as histórias que ela me contava, com a forma como ela me ensinava a encarar a vida e as dificuldades que a gente passava naquela infância; eu tive uma infância pobre, muito pobre, e minha avó nunca me deixou, isso nunca foi uma questão para mim porque minha avó nunca me deixou. Perceber muito isso alimentava muito a minha imaginação em cima disso; então, eu dedico a essas pessoas, à minha mãe, à minha irmã, à minha família como um todo e aos meus mestres de teatro.

 

Tem dado para conciliar a carreira de ator com a de cantor da banda Fortunato e os jovens de ontem?

A carreira enquanto músico está um pouco parada, porque querendo ou não nesses primeiros meses do ano eu acabei vivendo esse processo imersivo na novela, que foi muito corrido, está sendo muito corrido até a estreia, mas a gente já tinha o material que estava pronto, que estava para lançar, que a gente está dando uma segurada agora, para dar uma melhorada, para dar uns últimos retoques, e a gente deve muito em breve estar lançando um novo EP do Fortunato e os Jovens de Ontem, com canções novas, autorais, enfim, para dar seguimento. Mas a ideia é que no segundo semestre a gente consiga voltar a fazer alguma coisa com a banda, algum show, para tocar a carreira também.

Qual conselho você deixa para quem vislumbra a carreira de ator?

O conselho que eu deixo para quem está começando a carreira de ator é que tenha teimosia, seja teimoso, teime. É muito difícil essa carreira. E que não comece a carreira pensando única exclusivamente na projeção que essa carreira pode lhe dar porque ela pode lhe dar, mas ela também pode não lhe dar essa projeção, principalmente para gente que vem de lugares que não estão no centro, que estão à margem. Nós que somos da margem das artes no Brasil, potiguares, nordestinos, esse ofício ele tem que ser muito amado para que você consiga desenvolver. Invista na sua satisfação pessoal, na arte que toca as pessoas, que desperta reflexões e sentimentos. Que tenha esse sentido.

(*) Nota de DOMINGO: A estreia de Igor na TV Globo enche de orgulho não só a sua mãe Fernanda, nem a sua avó Rita, nem a irmã Maria Fernanda e demais familiares, mas a todos nós potiguares. Por isso, a partir desta segunda, 15, às 18h, todo mundo ligado na Globo. Sucesso, Igor!

 

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