Em meio a uma plateia representantativa da Cultura e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Norte, foi lançada a quarta edição do livro "O Sindicato do Garrancho”, da professora Brasília Carlos Ferreira, nesta quinta-feira (20), no Palácio Potengi, sede da Pinacoteca do Estado. Com projeto gráfico assinado por Letícia Vieira, o livro foi editado e impresso no parque gráfico estadual, composto pela Gráfica Manimbu, vinculada à Fundação José Augusto (FJA), e o Departamento Estadual de Imprensa (DEI-RN).
Presente à solenidade, a governadora Fátima Bezerra destacou que esse trabalho começou quando o Governo do Estado recuperou o papel do Departamento Estadual de Imprensa (DEI-RN) e da Gráfica Manimbu, possibillitando o resgate da memória da literatura no Rio Grande do Norte, nos seus mais variados ramos. "Recentemente, nós lançamos o livro Roseira Brava, de Palmyra Wanderley, que é belíssimo. Editamos mais dois outros títulos e hoje lançamos esse aqui, que é 'O Sindicato do Garrancho". E qual é o nosso intuito? O nosso intuito é que essas gerações de jovens tomem conhecimento da história. Essa história que nos alimenta, nos humaniza, ela renova exatamente a nossa esperança", contextualizou.
Professora Fátima Bezerra enfatizou a qualidade da obra, considerada a mais importante da pesquisadora Brasília Carlos Ferreira. "Esse trabalho não é um registro qualquer, foi fruto da tese de mestrado dela na década de 80. Brasília fez esse trabalho, repito, com muito rigor, com muita seriedade, com muita qualidade do ponto de vista intelectual e traz algo muito importante, que é a memória daqueles tempos. Imaginem, os trabalhadores e trabalhadoras daquele tempo, no ramo dos salineiros, em plena era Vargas, às vésperas do Levante de 1935, esses trabalhadores de repente ousaram lutar exatamente pelos seus direitos. Então, qual o sentido disso aqui? O sentido disso aqui reforça o nosso compromisso com a memória que precisa ser preservada, pelo quanto a memória nos ensina, nos estimula, nos alimenta para a gente continuar defendendo a democracia", completou.
Ao finalizar o discurso, Fátima citou a fala da atriz Fernanda Torres: "nós somos filhos de um Brasil que vale à pena'. Luana [reportando-se à filha da autora], sua mãe é filha de um Brasil que vale à pena. Esse Brasil que não tem vergonha, que não se cala. Esse Brasil que não se acomoda. Esse Brasil que não baixa a cabeça. Esse Brasil que continua lutando contra o autoritarismo, as ameaças recentes à democracia, a tentativa de golpe, o fascismo. Por isso a professora Brasília está aqui entre nós, ela está aqui conosco, está aqui conosco, e a professora Brasília vai dizer o seguinte, olha, ainda estamos aqui, sem anistia!".
MEMÓRIAS E LEMBRANÇAS
Após breve fala do diretor da Fundação José Augusto (FJA), Gilson Matias, que destacou o compromisso do Governo do RN em editar obras raras ou esgotadas, importantes para o resgate da história da literatura do Estado, a palavra foi concedida à irmã de Brasília, Lígia Limeira, presente ao evento na companhia da mãe, Julieta, e da sobrinha Luana. Ela agradeceu o empenho do Governo do RN, ao editar e entregar a quarta edição do livro mais conceituado da socióloga, que também é sua madrinha. "Eu não tenho palavras para descrever a importância de minha irmã para a minha vida e para a minha formação como cidadã", disse.
Na sequência, o professor José Willington Germano, autor do posfácio do livro, fez uma breve apresentação da autora, sua colega no departamento de Ciências Sociais, da UFRN.
"Quero falar da colega Brasília, a quem aprendi a amar, dialogar, partilhar as ideias e os ideais. Brasília dedicou-se a dar voz a quem teve sua voz amordaçada pelo sistema da repressão. Esse foi o caminhar de Brasília enquanto acadêmica. Ela atuou sobretudo como ativista política, aliando sua atividade acadêmica à luta dos trabalhadores. Foi assessora de sindicatos rurais, foi fundadora do Partido dos Trabalhadores, entre outras atividades. Esse ato hoje aqui é um ato de reconhecimento à história da professora Brasília, que teve um sonho e lutou por ele. Ela lutou por um mundo melhor", destacou, visivelmente emocionado.
Também destacaram a importância da obra o presidente do Conselho Estadual de Educação, professor Aécio Cândido, mossoroense que participou do contexto da pesquisa, bem como o conselheiro estadual e professor aposentado, colega da autora Brasília, Hermano Machado.
A solenidade contou com a presença do Procurador Geral do Estado, Antenor Roberto; e, secretária Mary Land Brito (Cultura); secretária Íris Araújo (Trabalho, Habitação e Assistência Social); secretária adjunta Arméli Brennand (Administração Penal); diretora da Arsep, Rosinha Fonseca; representante do Minc no RN, Fábio Lima; deputada Isolda Dantas; vereadora Samanda Alves; presidente do Conselho dos Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP), Roberto Monte; escritor e produtor cultural Dácio Galvão; professora, conselheira estadual de cultura e escritora Josimey Costa; da escritora Risolete Fernandes, entre tantas outras personalidades da Cultura e dos Direitos Humanos do Rio Grande do Norte.
HISTÓRIA
Reeditado após mais de duas décadas, a obra retorna enriquecida com novos textos introdutórios e novo projeto gráfico, preservando o texto original e renovando sua identidade para os leitores contemporâneos. O prefácio da quarta edição é assinado pelo professor Homero Costa. Fruto da dissertação de mestrado da autora, realizado na Pontifícia Universidade Católica/PUC-SP, a primeira edição foi publicada em 1986 pela Editora Universitária (EDUFRN). A segunda edição de “O Sindicato do Garrancho” foi impressa em 1989 e a segunda circulou no ano 2000, ambas pela Coleção Mossoroense, editada pela Fundação Vingt-un Rosado. A atual edição atende à sugestão feita pela associação Amigos da Pinacoteca, representada pela professora Isaura Rosado.
Serviço:
O livro “O Sindicato do Garrancho”, de Brasília Carlos Ferreira está à venda por R$ 25, na sede da Fundação José Augusto (FJA), situada à rua Jundiaí, 641. Tirol. Natal (RN). Obs.: O arquivo em PDF pode ser baixado gratuitamente pelo QR Code, disponível no perfil @culturarnfja, do Instagram.
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