Quarta-Feira, 23 de abril de 2025

Postado às 16h00 | 23 Abr 2025 | redação Morre João Mossoró, um dos últimos ícones do forró nordestino

Crédito da foto: Reprodução João Mossoró tinha 78 anos

O poeta, compositor de cantor mossoroense Marcus Lucena, por meio de suas redes sociais, noticiou a morte de João Mossoró, um dos grandes nomes da música nordestina, nascido em Mossoró, mas pouco reconhecido em sua terra. A morte ocorreu nesta quarta-feira, 23.

Marcus Lucena escreveu em conta no Instagram:

“João Mossoró fez a passagem para o Reino da Encantaria Eterna.

O Universo do Forró está triste! Perdi um irmão de arte, de vida, de lutas e um admirável conterrâneo mossoroense.

João de Almeida Lopes, durante sua vida artística carregou a cidade de Mossoró no nome, mas Mossoró uma amada muito ingrata, não correspondeu esse amor incondicional que João tinha por sua terra natal ou seja, a recíproca não foi verdadeira.

O Brasil perde um ser humano admirável, um cantor excelente.

Junto com seus irmãos Oséias Lopes (Carlos André) e Hermelinda, marcaram época na MPB, ao fundarem e integrarem por muitos anos o famoso Trio Mossoró, presente na cena artística brasileira nos tempos áureos, em que Gonzagão reinava absoluto como Rei do Baião e os ritmos nordestinos comandavam o gosto musical dos brasileiros.

João parte "hoje", deixando muita "saudade" em quem fica. Aliás para mim, a música "Hoje Não Saudade", é a mais bonita dentre todas que João Mossoró gravou. João Mossoró é o autor dessa bela cantiga junto com Gebardo Moreira, também já falecido.

Hoje sim, é dia de saudade. Saudade de João Mossoró!”

 

Carreira

João Mossoró começou a carreira artística em 1958, quando fundou, com seus irmãos Oséas Lopes e Hermelinda, o Trio Mossoró. Dois anos depois, o trio foi apadrinhado por João do Vale, e, por ele, foi levado para a gravadora Copacabana. Ao todo, o trio gravou uma série de doze LPs.

Em 1972, o Trio Mossoró gravou “Pequiniquê”, com Abdon Santos, no LP “Transamazônica o paraíso da esperança”, lançado pela gravadora Copacabana. Em 1974, teve a música “Despedida” gravada por Carlos André, no LP “O apaixonado”, da gravadora Beverly. No mesmo ano, compôs com Oséias Lopes, a “Homenagem a Messias Lopes”; com Gebardo Moreira, “Ponte Rio- Niterói” e “Por amor demais”, e, ainda, com Abdon Santos, o forró “Caçador de Sumaré” gravadas pelo Trio Mossoró, no LP “Praça dos seresteiros”. Em 1975, “Canto de amor”, com Sérgio Moreira, foi gravado pelo Trio Mossoró, no LP “Forró do velho Inácio”.

Dois anos depois, “Despedida”, com Oséias Lopes, e “Só recordando”, com Jorge W. Porreca, foram gravadas pelo Trio Mossoró, no LP Forró do mexe mexe”. Em 1978, o cantor Bartô Galeno gravou “Iza”, parceria com João Mossoró, no LP “Só lembranças”. No ano seguinte, “Como é triste saber”, parceria de João Mossoró com Ivan Peter, e “Somos dois apaixonados”, com Bastinho Calixto foram gravadas por Ivan Peter, em LP Tapecar. Ainda em 1979, Carlos André gravou “Entre quatro paredes”, com Jacinto José, no LP “O apaixonado- volume 6”.

Em 1981, com a dissolução do Trio Mossoró, passou a seguir carreira solo. No mesmo ano, lançou, pela RCA Victor, o compacto simples “De dois em dois”. Em 1985, fez uma participação especial no disco “Forró verdadeiro”, lançado pela Chantecler, por sua irmã, a cantora Hermelinda, com quem cantou junto as faixas “A lhe procurar”, de sua autoria, Bastinho Calixto e Zé Ramos, e “O adeus de quem tanto amei”, de Bastinho Calixto, Reginaldo Régis e Camarão.

Em 1986, o forró “A lhe procurar”, com Bastinho Calixto e José Ramos, foi gravado por Hermelinda, no LP “Forró verdadeiro”. Em 1993, Carlos André gravou “Tonelada de forró”, com Bastinho Calixto e Oseinha, no LP “Para recordar e xamegar”, lançado pela gravadora CID.

Em 1998, gravou, de forma independente, o CD “Um canto de amor”, no qual interpretou obras de sua autoria como “Aplausos pro meu coração”, com Bastinho Calixto, “A lhe procurar”, com Bastinho Calixto e Zé Ramos, “Liberdade ou servidão”, com Fernando Santos, “Minhas janelas”, com Fernando Santos, “Monaliza”, com João Silva, “Volta pra casa amor”, com Bastinho Calixto, e “Não tenho culpa de nascer assim”, com João do Vale.

Em 2003, lançou o CD Maré cheia” no qual incluiu músicas de Luiz Vieira, Waldir Machado, Herivelto Martins e Geraldo do Norte, entre outros. Em 2004, lançou o CD “O mito e a arte de Luiz Gonzaga”, no qual homenageou o Rei do Baião, disco que mereceu todo um programa (2 horas) da série “Ricardo Cravo Albin convida” transmitido aos domingos e 2ª feiras paela Rádio MEC. Nesse disco, interpretou “A volta da asa branca”, “Lascando cano”, e “Algodão”de Luiz Gonzaga e Zé Dantas, “Penera o xerém”, “Dezessete e setecentos” e “Quer ir mais eu vamo”, de Luiz Gonzaga e Miguel Lima, “Roendo unhas” e “Retrato de um forró”, de Luiz Gonzaga e Luiz Ramalho, “Danado de bom”, “Vou te dar um cheiro”, “A acácia amarela”, com João Silva, “Baião de Vassouras”, de Luiz Gonzaga e David Nasser, “Marcha da Petrobrás”, de Luiz Gonzaga e Nelson Carvalho, “Buraco de tatu”, de Luiz Gonzaga, “Juazeiro”, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e “De Terezina a São Luiz”, de Luiz Gonzaga e João do Vale, entre outras.

Em 2012, lançou o CD “Conexão Nordeste – O Arauto das Raízes Nordestinas”, produzido por ele próprio. Com músicas de Chico Salles, Gonzaguinha, Nando Cordel, Dominguinhos, Luiz Gonzaga, entre outros. Entre 2012 e 2013, lançou mais dois discos, produzidos por ele mesmo, mantendo o estilo tradicional de sempre.

Em 2014, lançou o disco “Falar com Deus é bom”, com destaque para músicas como “Tocando em frente”, de Almir Sater e Renato Teixeira, “Súplica cearense”, de Gordurinha e Nelinho, “Majestade o sabiá“, de Roberta Miranda, O milagre da flecha”, de Moacyr Franco e Marcus Silveira, e “Liberdade ou servidão”, dele com Fernando Santos.

Em 2015, lançou o disco “Canto de amor”, com 11 faixas, com destaques para as românticas “Te amo um pouco mais” e “Noites traiçoeiras”, além de um pout-pourri com “Ronda”, “Negue” e “Marina”.

Tags:

João Mossoró
cantor
compositor
cultura

voltar