Quinta-Feira, 26 de dezembro de 2024

Postado às 09h00 | 18 Out 2023 | redação Refeição fora de casa para o trabalhador do Nordeste é o 2º maior do Brasil

Crédito da foto: Reprodução Almoçar fora de casa é mais caro na região Nordeste

O Nordeste registrou inflação maior do que a média das outras regiões do Brasil no acumulado de janeiro de 2020 a março de 2023 e a aceleração nos preços foi um dos fatores que se refletiram na última pesquisa “Preço Médio da Refeição Fora do Lar”, realizada pela Mosaiclab, empresa de inteligência de mercado, do grupo Gouvêa Ecosystem.

É o mais importante e abrangente levantamento sobre preços de refeições fora de casa e o mais tradicional do país, realizado há mais de 20 anos.

O preço médio da refeição na região Nordeste ficou em R$ 43,55, revela a pesquisa. O aumento em relação a 2022 foi de 8,1%. Para se ter uma ideia, a inflação no Nordeste para a população de baixa renda foi de 7% no período, enquanto nas demais regiões brasileiras ficou entre 5% e 6%, na média (dados do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE).

Em 2023, o levantamento foi realizado entre junho e agosto de 2023, em 4.516 estabelecimentos comerciais, 22 estados e o Distrito Federal. A alta da média nacional ficou 14,7% maior e relação a 2022. No ano passado, a pesquisa foi realizada entre fevereiro e abril.

Para chegar ao preço médio foi considerada uma refeição completa composta por: prato principal, bebida não alcóolica, sobremesa e café. No total, foram coletados 5.470 preços de pratos em todo o Brasil, em estabelecimentos que servem refeições no horário do almoço, de segunda a sexta-feira. A pesquisa foi encomendada pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT).

PESQUISA DE PREÇOS – BRASIL: R$ 46,60

Sudeste

Nordeste

Sul

Norte

Centro-Oeste

R$ 49,33

R$ 43,55

R$ 42,81

R$ 42,29

R$ 41,75

 

 

PIB

Previsões apontam ainda que a economia do Nordeste está aquecida e a região deve apresentar um crescimento médio da economia maior em 2023 e nos próximos anos até 2032, segundo a Tendências Consultoria.

O bom desempenho da região está relacionado a setores como agropecuária, indústria, turismo e a retomada da produção de alumínio no Maranhão, que estava paralisada desde 2015. Em Maceió, Alagoas também está crescendo e deve apresentar um desempenho 7% superior no PIB em 2023. Confira os principais preços médios das refeições em 2023.

Natal se destaca como a cidade com maior crescimento em termos percentuais na movimentação de turistas entre as capitais do Nordeste, com relação ao primeiro semestre do ano passado. Foi registrado um incremento de 5% no fluxo de turistas, contabilizando a visita de 1,1 milhão de visitantes.

REGIÃO

PREÇOS

2023/2022

NORDESTE

R$ 43,55

8,1%

Natal:

R$ 51,86

15,8%

Recife:

R$ 49,13

16,9%

Maceió:

R$ 48,84

40,5%

Salvador:

R$ 46,43

10%

João Pessoa:

R$ 42,52

-0,6%

Aracaju:

R$ 39,68

-13,9%

Fortaleza:

R$ 37,55

26,6%

Teresina:

R$ 33,22

-4,9%

 

 

 Estabelecimentos tentam conter preços

Ricardo Contrera, sócio-diretor da Mosaiclab, empresa responsável pela pesquisa, destaca que, apesar da alta nos preços, os estabelecimentos têm feito um grande esforço para enfrentar as oscilações da economia. Entretanto, uma série de reajustes como os dos combustíveis, gás de cozinha, energia elétrica e aluguel comerciais, obrigam o comércio a se adaptar para não ter grandes prejuízos e inviabilizar seus negócios.

A alta da taxa de juros influencia diretamente os preços nos restaurantes, explica ele. "O aumento de preços das refeições é diferente de acordo com a realidade local. Vários fatores podem influenciar tais como hábitos de consumo, dos impostos, do frete, do clima e de outros indicadores”, afirma Contrera.

O cenário econômico pós-pandemia também se reflete nos preços. “Na pandemia, boa parte dos estabelecimentos ficaram “fechados”, atendendo basicamente via delivery. Muitos reduziram seu quadro de pessoal, mas tiveram que arcar com as altas taxas de entrega”, destaca Contrera. O retorno do atendimento presencial, o que envolve manutenção do espaço físico e recontratação de profissionais para o atendimento, está exigindo novos investimentos”, avalia.

Outra tendência apontada pelo estudo Crest/ Mosaiclab com consumidores de refeições fora do lar em conjunto com a pesquisa é o aumento do consumo nos dias úteis na hora do almoço nos estabelecimentos recuperando o espaço perdido ao longo da pandemia.

Gasto

De acordo com o IBGE, o salário médio na região Nordeste era de R$ 1.986,00 na data em que o campo da pesquisa foi iniciado, em junho de 2023. Já o gasto médio para o trabalhador do Nordeste região consumir um prato de refeição é de R$ 685,96 (R$ 31,18 X 22 dias). Isso significa que é necessário investir cerca de 34,5% do salário médio mensal apenas com alimentação de qualidade para almoçar fora de casa.

PAT

O resultado da pesquisa ressalta ainda a importância da lei do Programa de Alimentação ao Trabalhador, o PAT, que possibilita ao trabalhador brasileiro o recebimento dos vouchers no formato de vale-refeição e vale-alimentação. O PAT é considerado um dos programas sociais mais perenes do mundo. As empresas que aderem conquistam isenção de encargos sociais.

O objetivo é o de melhorar as condições nutricionais dos trabalhadores, o que repercute de maneira positiva na qualidade de vida, na redução de acidentes de trabalho e no aumento da produtividade. Atualmente o PAT beneficia quase 25 milhões de trabalhadores de aproximadamente 223 mil empresas.

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