A moeda brasileira ultrapassou a Argentina e o Japão em poucos dias e saltou da 7ª para a 5ª colocação entre as que mais se desvalorizaram em um ranking de 118 países. A queda acumulada do real no ano chegou a 11,4% nesta quarta-feira, 19.
Por André Catto – Do g1
O real está entre as cinco moedas que mais perderam valor frente ao dólar em 2024. É o que mostra um levantamento feito pela agência classificadora de risco Austin Rating, com base em dados do Banco Central do Brasil (BC).
A moeda brasileira ultrapassou a Argentina e o Japão em poucos dias e saltou da 7ª para a 5ª colocação entre as que mais se desvalorizaram em um ranking de 118 países. A queda acumulada do real no ano chegou a 11,4% nesta quarta-feira, 19.
Na máxima do dia, o dólar comercial chegou a R$ 5,48. Para a elaboração do ranking, entretanto, a Austin Rating considerou as taxas de câmbio de referência Ptax, divulgadas diariamente pelo BC. Nessa modalidade, o dólar encerrou esta quarta-feira cotado a R$ 5,46.
Entre os motivos para a disparada do dólar, estão a expectativa sobre a taxa básica de juros dos Estados Unidos, os resultados da balança comercial brasileira e as preocupações em relação ao quadro fiscal do país.
Também está no radar do mercado a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), nesta quarta-feira, sobre a taxa básica de juros do Brasil. Segundo projeção de analistas, o colegiado deve interromper o ciclo de cortes da Selic, que vem ocorrendo desde agosto de 2023.
O levantamento feito pela Austin Rating mostra que a moeda nigeriana é a que mais se desvalorizou frente à moeda norte-americana em 2024, com perdas de 41,3%. Na sequência, estão as moedas do Egito e do Sudão do Sul, com quedas de 35,2% e 29,9%, respectivamente.
Ocupa a outra ponta a moeda do Quênia, que se valorizou 22,1% no ano, seguida pelas moedas da Rússia e do Sri Lanka, que avançaram 7,3% e 6,2%, respectivamente.
Por que o dólar está em alta?
As mudanças de sinalizações do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre a condução dos juros nos Estados Unidos ajudam a explicar a força do dólar ao longo de 2024.
Nos últimos meses, sinais de um mercado de trabalho aquecido e de uma atividade ainda forte trouxeram preocupações ao BC norte-americano sobre a trajetória de inflação na maior economia do mundo – o que acabou postergando o início do ciclo de cortes de juros pela instituição.
A queda dos juros nos Estados Unidos ajuda a valorizar o real frente ao dólar. Quando os juros estão elevados por lá, a rentabilidade das Treasuries (títulos públicos norte-americanos), os mais seguros do mundo, é maior. Assim, quem busca segurança e boa remuneração prioriza o investimento no país.
Em relação a moedas emergentes, como o real, o movimento de valorização do dólar fica ainda mais evidente, porque investidores deixam as aplicações mais arriscadas para destinar recursos aos EUA. Quanto menos dólar entra no mercado brasileiro, mais a moeda norte-americana se valoriza.
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