Em 2018, o Rio Grande do Norte registrou a contratação de 9,9 mil pessoas somente no segmento das microempresas, resultado que minimizou as demissões nos demais tipos de empresas do estado. Avanço se deve, em grande parte, segmento das microempresas
Por Maricélio Almeida/JORNAL DE FATO
Em 2018, o Rio Grande do Norte registrou a contratação de 9,9 mil pessoas somente no segmento das microempresas, resultado que minimizou as demissões nos demais tipos de empresas do estado.
No ano passado, o saldo de empregos formais com carteira assinada, que é a relação entre admissões e os desligamentos, foi de 5.542 postos de trabalho, como resultado de número maior de contratações em comparação com as demissões. Um crescimento significativo em relação a 2017, quando o estado fechou o ano com um saldo de apenas 847 vagas criadas.
Esse avanço se deve, em grande parte, à geração de novos empregos no segmento das microempresas, onde foi aberta a maior quantidade de postos de trabalho: 9.904 novas contratações. Com exceção das grandes empresas, que contribuíram com 4% da geração de novos empregos, as empresas dos demais portes – médias e pequenas - demitiram mais do que contrataram no ano, finalizando com saldos negativos.
Os dados da geração de empregos por parte das empresas de pequeno porte foram divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (SEBRAE) no Rio Grande do Norte. De acordo com o levantamento, baseado nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério da Economia, as empresas de pequeno porte perderam 1.714 vagas em 2018, e médias e grandes, juntas, outras 2.648 vagas. Por isso, as microempresas desempenharam um papel fundamental para o saldo de empregos formais terminar o ano positivo no Rio Grande do Norte.
SETOR DE SERVIÇO
O setor de serviços foi o que mais contratou ao longo do ano. Foram 4.478 novos empregados absorvidos por empresas desse segmento. Depois, veio o comércio com a abertura de 775 novas vagas e a construção civil, com 336 postos de trabalho a mais em 2018, seguida do setor agropecuário, que gerou 309 novas vagas.
Com isso, o Rio Grande do Norte atingiu, ao longo de 2018, um estoque de 427.830 trabalhadores com carteira assinada, figurando como o quinto melhor saldo no Nordeste, atrás dos estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí. Os nove estados da região foram responsáveis por um saldo de 80.639 postos de trabalho em 2018, o que equivale a 15,2% das vagas geradas em todo o país no ano passado.
"Esses números de 2018 referentes ao mercado de trabalho formal no Rio Grande do Norte corroboram o papel decisivo que os pequenos negócios desempenham na nossa economia. É inconcebível pensar em geração de novos empregos sem uma política que privilegie esses empreendimentos menores, onde ocorre a maior parte das contratações, justamente porque são predominantes”, enfatiza o diretor superintendente do Sebrae-RN, José Ferreira de Melo Neto.
Empresário é testemunha do aumento na oferta de vagas
O empresário Eduardo Varela é testemunha desse aumento na oferta de vagas nas microempresas do setor de serviços. Ele é proprietário da Crooks, uma rede de lojas de cookies artesanais, que são assados na hora, em Natal e região. O negócio começou a operar desde 2016. No ano passado, a empresa abriu oito vagas.
“Começamos com uma loja conceito, em Nova Parnamirim, e a aceitação foi muito boa. Entraram no nosso plano de expansão a abertura de uma nova loja em Morro Branco e a estruturação de uma unidade de produção. Não dava mais para fazer os biscoitos em casa. Já não havia mais espaço, nem na cozinha nem na sala. Finalizamos 2018, com duas lojas física, uma unidade de produção e uma loja virtual”, explica o empreendedor sobre o motivo da geração de novos empregos.
Segundo ele, apesar de a operação do negócio ter sido concebida no modelo mais enxuto possível, as contratações foram necessárias devido à expansão da empresa. “Nosso modelo é o mais enxuto e eficiente possível, mas, diante da necessidade de crescimento, as contratações foram necessárias”.
A Crooks é uma das empresas atendidas pelo Sebrae. “Esse trabalho foi relevante para o crescimento da empresa. Além das lojas próprias, entramos no ramo da revenda”, disse.
Balança comercial do estado termina 2018 com superávit de US$ 109,1 milhões
A balança comercial do Rio Grande do Norte concluiu o ano de 2018 com um superávit de US$ 109,1 milhões. Apesar do saldo positivo, o resultado foi 16,7% menor que o do ano anterior, quando o estado registrou um saldo recorde de US$ 127,4 milhões. Tanto as exportações quanto as importações registraram baixas, mas, no final, os envios ao mercado internacional foram superiores às importações, daí o superávit.
As exportações apresentaram uma redução de 9,5% entre 2017 e 2018 e atingiram o volume de US$ 275,4 milhões, enquanto que no ano anterior tinham atingido o patamar de US$ 304,5 milhões. Já as importações potiguares registraram uma queda menor no ano passado, de 6%, a menor do Nordeste. O Rio Grande do Norte importou um volume de US$ 166,2 milhões contra US$ 177 milhões em 2017.
O melão continua no topo da pauta de exportações potiguar e comercializou US$ 70,9 milhões em 2018, seguido da castanha de caju e do sal marinho, com US$ 20,9 milhões e US$ 16,7 milhões negociados respectivamente.
O bloco União Europeia continuou sendo o principal destino das exportações do RN, mesmo considerando uma queda de 25,6% em relação a 2017, quando representou 55% dos nossos mercados no exterior, caindo para 45%. Reflexo da redução nas exportações de melões e melancias, a Holanda deu lugar aos Estados Unidos como principal país de destino das exportações no ano passado. “Também merece destaque o aumento das exportações para a Alemanha, mesmo com valor ainda modesto em relação ao seu grande potencial como mercado, com os mamões representando um grande percentual dos valores exportados para esse mercado”, ressalta a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN).
Na pauta de importações, o trigo e as misturas com centeio ainda continuam sendo a maior demanda do RN no mercado internacional. Em 2018, o estado importou um volume de US$ 63 milhões desses produtos. Depois veio o coque de petróleo não calcinado (US$ 9,2 milhões) e o polietileno (US$ 5,9 milhões).
A Argentina mantém-se como principal fornecedor do RN, com o trigo também liderando a posição como produto mais importado pelo estado. Estados Unidos, China, Espanha e Alemanha aparecem respectivamente como principais origens das importações potiguares.
As importações do RN caíram 5,8% em relação a 2017 e permanecem basicamente de insumos de produção como matérias primas industriais e agrícolas, máquinas, equipamentos e suas partes e peças, refletindo, positiva ou negativamente, o dinamismo da economia potiguar.
“Considerando essas características e o pequeno percentual das nossas exportações e importações em relação ao total nacional, o saldo da nossa balança não deve ser objeto de preocupação ou especial atenção uma vez que mais importações significam maior capacidade produtiva, mais produção. Devemos sim buscar mais exportações e importações, fortalecendo nossa corrente de comércio, medida muito importante do crescimento econômico”, avalia o gerente do Centro Internacional de Negócios da FIERN (CIN), Luiz Henrique Guedes.
Melancia é um dos produtos exportados para o Chile
A exportação de melão e melancia pelo RN para o Chile está garantida até o final de 2019. O resultado positivo foi alcançado através do Plano de Trabalho para a Exportação de Frutas Frescas Chile, apresentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e elaborado em conjunto com o Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do RN (IDIARN), com a participação do Comitê Executivo de Fruticultura do RN (COEX). A medida dá continuidade à resolução que permite a exportação do melão (Cucumis melo) e da melancia (Citrullus lanatus) até o fim deste ano.
De acordo com as informações da equipe técnica do Idiarn, o Serviço Agrícola e Pecuário do Chile, também reconheceu Mossoró, Assú, Areia Branca, Baraúna, Serra do Mel, Grossos, Porto do Mangue, Tibau, Carnaubais, Ipanguaçu, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra e Upanema como municípios da área livre, propícios para produção de frutas frescas para exportação.
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