Sexta-Feira, 31 de janeiro de 2025

Postado às 08h45 | 22 Mar 2022 | redação Falta de criatividade remete a velhos fantasmas do ano, e Flu só funciona após alterações

Crédito da foto: Mailson Santana/Fluminense Arias marcou o gol do Fluminense

Por Jamille Bullé — Rio de Janeiro

A vitória do Fluminense sobre o Botafogo por 1 a 0, na última segunda, no Nilton Santos, pelo jogo de ida das semifinais do Campeonato Carioca, não foi suficiente para exorcizar alguns dos velhos fantasmas que o time vem encarando na temporada, mas serviu como um pequeno respiro. Com a eliminação na Libertadores ainda presente no imaginário do torcedor, dos jogadores e da diretoria, um triunfo em clássico sempre traz algum alívio no clima tenso, porém a atuação da equipe também reforçou problemas que se repetem em 2022.

Nos primeiros 20 minutos de jogo, o Fluminense teve mais volume de jogo, mas apresentou o velho problema na criação. Assim como em outras oportunidades na temporada, a equipe dependeu da participação dos zagueiros e de jogadas pelas laterais para tentar chegar ao ataque, no entanto, não foi feliz e pouco assustou os alvinegros. Mesmo com mais de 70% de posse de bola até a parada técnica, as duas únicas finalizações até então tinham sido do Botafogo, que entrou em campo fechadinho e buscou contra-ataques em velocidade.

Após a parada, a discrepância da posse bola deixou de ser tão grande – o Flu teve 56% na primeira etapa, e o Botafogo, 44% –, e o time de Abel Braga seguiu com dificuldades de chegar com perigo à meta adversária. A primeira finalização do Tricolor veio apenas aos 31 minutos, com um chute fora da área de André.

O Botafogo subiu de produção no final do primeiro tempo e foi melhor que o Fluminense até a metade da etapa final, com direito a defesaça de Marcos Felipe em cabeçada de Erison, aos 23 minutos. O Flu apresentava um futebol sem criatividade e não levava perigo ao adversário, e Abel promoveu logo três mudanças em um momento em que o Alvinegro era melhor em campo: Yago Felipe entrou como ala no lugar de Calegari, Nonato ocupou a vaga de Martinelli, e o time passou a jogar com dois zagueiros com a saída de David Braz para dar lugar a Ganso.

O trio fez a equipe subir de produção e encontrar espaços na defesa alvinegra. O maior exemplo foi o gol do Fluminense, que contou com troca de passes entre Ganso, Nonato e Yago Felipe, que encontrou Arias para garantir a vitória tricolor. Antes das modificações, o colombiano até buscou uma maior movimentação, correndo bastante pelos lados e buscando contra-ataques, mas só conseguiu de fato fazer a diferença depois que o Flu já contava com um meio-campo mais criativo.

A história é muito parecida com a de outras partidas na temporada: o time que começou jogando não ofereceu soluções para o ataque, e as modificações fizeram a equipe mudar o estilo de jogo, criar mais e chegar ao gol, como o próprio Abel reconheceu no fim da partida.

 

- O meu time que não é considerado titular propõe muito mais o jogo do que o time titular, mas o time titular é muito mais seguro - disse Abel na coletiva após a partida.

Preferir um time seguro em detrimento de um que seja efetivo não é a melhor opção se o objetivo é vencer. Por mais que dois empates assegurassem a vaga na final do Carioca, um vacilo pode fazer tudo cair por terra – como aconteceu diante do Olimpia. Hoje, o Botafogo é uma equipe tecnicamente inferior ao Fluminense, o que demonstra um excesso de preciosismo com a tal segurança.

Nonato disputa bola em Botafogo x Fluminense — Foto: Mailson Santana/Fluminense

Nonato disputa bola em Botafogo x Fluminense — Foto: Mailson Santana/Fluminense

Por outro lado, a vitória em mais um clássico – foi a primeira vez na história que o Flu venceu seis seguidos – tem um papel importante para uma equipe que tenta juntar os cacos após a ainda dolorosa eliminação na Libertadores.

- Todos sentíamos que existia a tristeza pelo que ocorreu no Paraguai. Eu mesmo fiquei surpreendido ontem e anteontem, eu falei (com os jogadores): eu me senti incapaz de mudar a cabeça de vocês. Mas no fundo eles mudaram. Eles batalham muito - disse Abel na coletiva.

Abel Braga conversa com jogadores do Fluminense — Foto: Mailson Santana/Fluminense

Abel Braga conversa com jogadores do Fluminense — Foto: Mailson Santana/Fluminense

A ferida da eliminação ainda não sarou completamente, mas é preciso aprender com os erros e olhar para frente. Por mais que o Fluminense ainda esteja pecando quando o assunto é criar jogadas, um velho fantasma que vem assombrando a equipe em 2022, a boa notícia é que as soluções para exorcizá-lo de vez e tornar o meio-campo mais produtivo estão dentro do próprio elenco tricolor. Basta Abel escolher.

Após vencer o Botafogo por 1 a 0, o Fluminense enfrenta novamente o Alvinegro no próximo domingo, às 16h, para o segundo jogo da semifinal. O Tricolor pode perder por até um gol para se classificar à final do Campeonato Carioca contra o Flamengo.

 

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