Gabriel Carneiro – Folhapress
O acesso de torcedores à bebida alcoólica não será dos mais fáceis durante a Copa do Mundo no Qatar. Em parceria com o Comitê Organizador do torneio, autoridades do país muçulmano, que restringe fortemente o consumo em seu território, devem divulgar nos próximos dias um documento que define a venda de álcool em locais específicos com horários limitados para o fim do ano.
O UOL Esporte teve acesso a alguns detalhes das medidas que deverão ser anunciadas. Um deles mostra que o torcedor só poderá beber entre 18h30 e 2h. A exceção será a Fifa Fan Fest, que vai ocorrer em um parque da capital Doha chamado Al Bidda e vai permitir a venda de álcool a partir de um pouco mais cedo, mas também com encerramento definido para 2h.
O consumo de bebida dentro dos estádios da Copa do Mundo está proibido. Patrocinada por uma marca de cerveja, a Fifa ainda tenta reverter esta decisão, mas já reconhece nos bastidores que é difícil. A própria liberação em camarotes e pelo menos três lugares estratégicos que está para ser anunciada é vista como um avanço histórico digno de ser comemorado.
É que no Qatar são proibidos venda e consumo de álcool em lugares públicos. Andar pelas ruas aparentando embriaguez é algo passível de abordagem policial e dirigir sob efeito de álcool é considerado intolerável. São normas baseadas na "sharia", a lei em vigor em vários países muçulmanos.
COMO BEBER NA COPA
Os bares e boates localizados dentro de grandes hotéis da capital do Qatar geralmente têm licença para venda de álcool. Os frequentadores são quase sempre estrangeiros residentes – que formam mais de 85% da população do país – ou turistas. O país só tem uma distribuidora de bebida autorizada e permite o acesso controlado a quem quiser comprar e consumir em casa.
Os torcedores que viajarem para a Copa do Mundo estarão proibidos de levar bebidas alcoólicas nas malas e também de comprar nesta única loja do país.
Os bares e boates funcionarão normalmente durante a Copa, mas também com fechamento entre 0h e 2h. Normalmente, não há negociação: mesmo quando ainda há pessoas nas pistas de dança ou balcões, as luzes são acesas e os seguranças orientam a saída.
Um dos pontos turísticos mais famosos de Doha é a Corniche, uma avenida de mais ou menos 6 km à beira-mar, com vários jardins a céu aberto e atividades possíveis. Num documento divulgado recentemente pelo Comitê Organizador sobre atrações do país para além do futebol, este espaço é definido como um dos "destinos de entretenimento" do Qatar. O funcionamento será entre 18h e 0h, com restaurantes, atividades musicais e shows de luzes. É um dos prováveis locais para venda de álcool durante a Copa.
Outro é o "974 Beach Club". Nos arredores do estádio 974 foi construída uma estrutura para receber restaurantes, shows e eventos fechados perto do mar, exceto em dias de jogos. O funcionamento será entre 10h e 2h, com venda de bebida só a partir de 18h30.
Os locais de venda serão anunciados nos próximos dias, mas a ansiedade dos torcedores para saber onde beber já toma conta: um grupo criou uma lista colaborativa no Google Maps que é o "mapa do álcool no Qatar", com os endereços de todos os restaurantes, bares, boates e clubes que servem bebidas normalmente, além de rumores sobre locais autorizados pela Fifa. O documento passava de cem mil acessos após as primeiras cinco horas no ar.
Vai ser caro beber na Copa? Sim. Nos bares e boates, uma garrafa long neck de 343 ml de marca de cerveja vendida no Brasil custa na faixa de 50 rial, que é a moeda do Qatar. Feita a conversão, algo próximo de R$ 70. Um copo de 500 ml pode chegar a 65 rial, ou mais de R$ 90. Outras bebidas comuns, como vinho e gin, seguem a mesma média de altos preços, que só caem durante promoções, como em happy hours.
Os preços fixos para Fan Fest e outros lugares ainda não foram oficializados, mas a tendência é o que o pint [copo comum na Inglaterra, equivalente a 550 ml] tenha um valor promocional próximo de R$ 60. É mais baixo do que nos hotéis, exatamente como aconteceu durante a disputa do Mundial de Clubes de 2019, quando o Flamengo perdeu a final para o Liverpool. Na ocasião, os torcedores já tiveram essa opção mais barata e também recipientes com menos quantidade de cerveja.
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