Por Bruno Marinho — Enviado especial a Doha
O tamanho de Neymar na seleção brasileira e, em especial, a ascendência do camisa 10 sobre o restante dos jogadores de ataque, puderam ser vistos aos 19 minutos do segundo tempo da partida contra a Suíça. Vini Jr, ao marcar seu primeiro gol em uma Copa do Mundo, poderia homenagear a família, os amigos, quem quisesse. Mas ele fez o gesto de careta com as duas mãos perto do rosto, típico de Neymar. Depois, o lance viria a ser anulado pelo VAR, mas isso não muda o fato de que Vini havia dedicado um gol tão importante de sua vida ao jogador que foi desfalque na vitória por 1 a 0, por estar lesionado.
Neymar está presente mesmo quando ausente. Sem ir ao estádio para seguir tratando da entorse no tornozelo direito, comentou a partida pelas redes sociais, celebrou o gol de Casemiro, que deu a vitória apertada à seleção, dizendo que não é de hoje que se trata do melhor volante do mundo.
Sua ausência não passou despercebida ao longo da partida no 974, que deu ao Brasil a classificação antecipada para as oitavas de final da Copa do Mundo. A equipe venceu e por mais que Tite enalteça a versão de que os pentacampeões seguiram os mesmos sem o camisa 10 em campo, a verdade é que a equipe mudou em relação ao que foi contra a Sérvia. E boa parte das transformações se deve à falta de Neymar em campo. Ele ainda não tem previsão de volta aos treinos.
— Neymar é o Neymar, não é? — afirmou Richarlison. — É o nosso camisa 10. Ele é um cara que puxa a marcação, abre espaço para mim, o camisa 9. Faz diferença, faz falta, quando a bola não chega. Hoje eu não tive a chance de finalizar cara a cara com o goleiro.
Ataque desequilibrado
O autor dos dois gols na primeira rodada sentiu o peso da ausência de Neymar, que pesou sobre outros aspectos do desempenho da seleção. Sem ele, o Brasil teve menos posse de bola e também teve um percentual de passes certos inferior.
Mas umas das principais transformações percebidas foi a mudança do eixo do ataque da seleção. Contra a Sérvia, ele foi bem equilibrado, com superioridade até para o lado direito. Já contra a Suíça, o Brasil caiu muito mais pelo lado esquerdo do ataque. Uma sinalização de como Vini Jr. cresce em importância na ausência do camisa 10. Além disso, o fato de a lateral direita ter sido ocupada por um zagueiro — Eder Militão — influencia na escassez de jogadas ofensivas por aquele lado do campo.
Arte — Foto: Arte
— Estou trabalhando e se eu conseguir fazer metade do que o Neymar faz pela seleção, está ótimo — afirmou depois da partida: — Todos queremos que ele se recupere o quanto antes.
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