Por Emanuelle Ribeiro — Orlando, EUA
A derrota por 3 a 0 para o River Plate, na noite da última terça-feira, em Orlando, não é termômetro para o que será o Vasco na temporada 2023. O placar pode assustar, mas o time de Maurício Barbieri sai do Explora Stadium com boas impressões e com ponderações que explicam o resultado.
O placar não é o que mais interessava à comissão técnica. No primeiro grande teste do ano, o time enfrentou um adversário mais organizado, que fez uma reformulação pontual no elenco e que vem de dois amistosos em sua pré-temporada nos Estados Unidos - venceu ambos. Resumindo, o River Plate chegou mais inteiro para o amistoso.
No Vasco, a falta de entrosamento e o condicionamento físico pesaram. A imaturidade do time também influenciou nos gols sofridos, principalmente pela desorganização após o primeiro gol, marcado por Mammana, aos 22 minutos do primeiro tempo. A equipe brasileira teve 20 minutos de bom futebol no estádio do Orlando City.
A situação mudou justamente após o gol argentino. E numa jogada que já era carta marcada do River Plate, que tem bola aérea perigosa. Mesmo assim, a defesa dormiu no cruzamento de Nacho Fernandez. O lado esquerdo defensivo, em especial, sofreu mais com as investidas argentinas. O estreante Lucas Piton ficou sobrecarregado e abriu muitos espaços.
Pelas muitas mudanças no elenco, com quatro reforços titulares e a estreia de Erick Marcus no profissional, era natural que o Vasco sentisse as mudanças. Por outro lado, o time criou boas chances, até mais do que o River Plate, mas não conseguiu aproveitar. Pec teve boa participação nessas construções, e o lado direito foi o de maior volume. Em uma bobeira de Miranda, que errou bastante na noite passada, acabou sofrendo o segundo gol, com Borja, no fim da etapa inicial.
A ineficiência foi a razão para que o time não conseguisse um resultado melhor. O Vasco criou pelo menos seis boas oportunidades. Ainda no 0 a 0, chegou bem com Gabriel Pec, Erick Marcus e Pumita. Em desvantagem ainda viu Nenê, Pumita novamente e Pedro Raul desperdiçarem.
No segundo tempo, Barbieri fez sete substituições. Obviamente, o time ficou descaracterizado, mas havia necessidade de trocas por conta da parte física, como explicou o próprio treinador. Início de temporada e com muitas caras novas é difícil que todos estejam nas melhores condições.
- Acho que no geral o que a gente viu hoje foi uma equipe agressiva no sentido de incomodar o adversário e não deixar o adversário confortável para construir. Uma equipe que procurou também agredir quando tinha a bola, criar boas oportunidades e com um jogo bastante intenso - avaliou Barbieri após o amistoso.
- Em algum momento o jogo ficou mais aberto do que a gente gostaria, mas isso é em função do ritmo. São situações do jogo. No geral, vamos manter essa cara de ser uma equipe agressiva, intensa e que busca a todo tempo o gol. Agora é aprimorar para buscar outras situações melhores - completou o treinador do Vasco.
Analisando apenas os primeiros 20 minutos, deu para ver que o trabalho de Barbieri já aparece no Vasco: time agressivo, buscando o ataque, boas ultrapassagens dos laterais, toque de bola desde a defesa, marcação pressão... o time jogou bola e tem espaço para evoluir.
Por outro lado faltou consistência defensiva, sobrou espaços e desorganização após o primeiro gol adversário e faltou concluir com qualidade as chances criadas. Como disse Barbieri após o jogo, é apenas um rascunho da equipe, que ainda sofrerá mudanças. O primeiro jogo deixou impressões positivas, mas a certeza de que é preciso contratar mais peças.
Impressão sobre os reforços
A grande expectativa para este amistoso era ver os reforços em ação. Seis dos sete contratados que vieram para a Flórida entraram em campo. Apenas o goleiro Ivan, que ainda não está no melhor físico, ficou no banco de reservas. De resto, estrearam o zagueiro Léo, os laterais Pumita e Piton, o volante Jair e os atacantes Orellano e Pedro Raul.
A impressão sobre todos eles foi mais positiva do que negativa. Léo e Pumita, principalmente, fizeram boa partida. O zagueiro foi seguro na marcação e na saída de bola, fez inversões e participou das transições. Já o lateral uruguaio mostrou estar bem adaptado por ter chegado há poucas semanas. Jogador de boa chegada à frente e que compensou também na defesa.
Piton foi regular, mas se esperava mais do lateral até se comparado com Pumita. O jogador ex-Corinthians sofreu muito com o volume do River pelo lado direito do ataque. O centroavante Pedro Raul saiu de campo frustrado com a chance que desperdiçou em cabeçada, mas foi bem até cansar. Saiu bastante da área e fez bem o pivô. Com o entrosamento em dia conseguirá entregar mais.
Jair e Orellano entraram no segundo tempo. O volante fez boa estreia, pressionou a saída de bola na frente, se posicionou bem e ajudou na saída encostando nos zagueiros. Deixou impressão de que vai atender às expectativas da torcida. Já o atacante foi mais discreto, teve um bom cruzamento para Pedro Raul, mas foi pouco agressivo. Ainda perdeu a bola no terceiro gol do River. O argentino, porém, tem muito potencial de crescimento.
Não foi bem uma estreia, mas existia muita expectativa para ver Figueiredo como volante. O atacante jogou muito bem nos primeiros minutos, assim como todo o time. Marcou, organizou e distribuiu as bolas no meio-campo, sobressaindo a Nenê, e chegou bem à frente. Após o gol do River perdeu ritmo e ficou apagado no segundo tempo.
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