Por Marcos Santos / Repórter do JORNAL DE FATO
Marcos Santos – Da Redação
Depois do incidente ocorrido com um torcedor que teve a perna “engolida” por um buraco em plena arquibancada do Estádio Municipal Leonardo Nogueira, o assunto sobre o que fazer, apontar uma solução definitiva e imediata para “salvar” aquela praça esportiva, passou a ser debatido e comentado no meio esportivo local.
A reportagem do De Fato ouviu personalidades do futebol local e a maioria considerável opinou pela inserção do estádio dentro do programa de governo, o “Mossoró Realiza”, uma vez que o Nogueirão após ser municipalizado, em 2020, passou a ser patrimônio público. A proposta de permuta também foi citada, mas de forma tímida pelos personagens dessa matéria.
O Mossoró Realiza foi lançado recentemente pela Prefeitura de Mossoró e objetiva acelerar o desenvolvimento, gerar emprego e renda, resolvendo problemas históricos enfrentados pela população. No entanto, o programa não contempla o Nogueirão. Uma verba de R$ 200 milhões seria necessária para atender ao programa em sua primeira etapa para iniciar supostamente neste segundo semestre. Um contrato de empréstimo junto à Caixa Econômica Federal (CEF) já foi assinado, e o Executivo vive expectativa da liberação da primeira parcela.
A ex-presidenta e conselheira do Baraúnas, a professora universitária Bárbara Freitas entende que o Nogueirão deveria ser inserido no programa de governo, até porque o momento crítico estrutural por que passa o estádio, pede uma solução imediata, já que a permuta demoraria.
“A ideia que sempre tive, principalmente depois que viajei para fora e vi outros estádios, é a ideia da multifuncionalidade, até porque não temos de momento um cronograma esportivo funcionando o ano todo. Talvez uma grande reforma, colocar lojas, museu de esporte, atrativos, criar um ambiente multifuncional, para aquele espaço conseguir se manter sozinho. Então, esse investimento que vem para o ‘Mossoró Realiza’ poderia ser justamente voltado para isso, movimentando aquele espaço e estimulando a cultura esportiva, além de colaborar para o progresso do nosso futebol”, disse Bárbara.
“O Nogueirão está em um espaço imobiliário rico, com valor comercial muito alto, e poderia atender a essa questão multifuncional e sustentável”.
Em entrevista coletiva recentemente, o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra, falou sobre a ideia de permutar o Nogueirão, pois algumas empresas já estariam interessadas no projeto. No entanto, lembrou que o assunto deve ser debatido com a sociedade, pelo Ministério Público (MP), a fim de amadurecer a ideia e tentar colocá-la em prática. A permuta visa a cessão da área do estádio para a iniciativa privada em troca da construção de um novo estádio, provavelmente nas cercanias da cidade.
Figura notória do esporte local por sua atuação de destaque em nível nacional e internacional, o ex-atacante Cícero Ramalho defende uma reforma ou uma nova construção do Nogueirão, sem precisar de permuta.
“Na minha opinião, defendendo o Nogueirão onde ele está, no Nova Betânia, lógico que seria melhor colocá-lo nesse programa de governo para ser reformado ou até mesmo uma nova construção já agora, dependendo da situação (burocrática)”, opinou Ramalho.
“Tenho uma história linda, modéstia parte sou o maior goleador do Nogueirão, e se fizesse uma permuta, isso acaba”.
Conselheiro do Potiguar, o empresário Jorge do Rosário entende ser plausível a ideia de melhorar a estrutura do Nogueirão, por meio do programa Mossoró Realiza.
“Penso que sim. O Nogueirão é um patrimônio do povo de Mossoró e está numa situação vexatória. Independente do que se deixou de fazer no passado, a responsabilidade hoje é da prefeitura e não pode ser omissa nessa questão”, comentou Jorge.
A linha de raciocínio também é defendida por Francisco Braz que, por vezes presidiu a Liga Desportiva Mossoroense (LDM). Antes da municipalização, o Nogueirão era gerido por essa entidade, que não tinha recursos para bancar uma obra com valores significantes.
“O ideal era aproveitar esse programa, fazer o mais rápido possível”, observou Braz, que é totalmente contrário à ideia da permuta.
“Se temos um estádio praticamente no centro e já vem pouco torcedor nos jogos, imagine se colocá-lo distante, fora da cidade, aí o torcedor não vai mesmo. Não deveria pensar nem em permuta”, disse.
PERMUTA
A proposta de permuta, como defende o prefeito, também foi mencionada entre os entrevistados. Mesmo se agradando da ideia de inserir o Nogueirão no programa Mossoró Realiza, Jorge do Rosário não despreza uma possível permuta, inclusive ele faz uma sugestão para garantir o funcionamento do Nogueirão enquanto o novo estádio não estiver pronto.
“A permuta é uma solução que salvo engano já fora aprovada na gestão de Silveira, mas que não foi concretizada. É um processo que demanda algum tempo para sua conclusão. Para amenizar essa questão de prazo para se ter um outro estádio, sugiro que conste no edital que o vencedor fique obrigado a fazer, em curtíssimo espaço de tempo, alguns serviços emergenciais no Nogueirão. Assim, o Nogueirão ficaria apto para receber público, até que fosse concluída as obras do outro estádio”, destacou.
O empresário Jacob de Castro acredita que a permuta é a salvação do Nogueirão. Segundo ele, o futebol mossoroense necessita de um novo equipamento e nem mais para uma reforma o velho Nogueirão serve.
“A permuta na minha opinião é a solução. Não vejo outra saída. Patrimônio cultural deixou de ser faz tempo; se transformou em problema”, disse Jacob, que também é conselheiro do Potiguar, afirmando que com a permuta não impediria ter futebol e nem os clubes iriam se deslocar para outra cidade para abrigar os jogos.
“Enquanto se constrói outro, joga reduzido (na capacidade do velho Nogueirão) atendendo os laudos”, disse.
Ainda segundo Jacob, a área do Nogueirão tem “40.000 metros quadrados, aí por baixo já vale 40 milhões”, o que daria para construir um novo estádio por meio de uma permuta.
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