Por José Edgar de Matos — São Paulo
Anos de traumas estão no passado. Novamente em uma Copa do Brasil, o São Paulo derrubou o Palmeiras no Allianz Parque. Ao contrário do ano passado, sem a necessidade da emoção dos pênaltis, com direito a uma vitória na casa rival. E de virada. Fruto de uma equipe madura e consciente das lições aprendidas pelas derrotas marcantes na casa do rival alviverde.
A vaga na semifinal veio com um 2 a 1 no qual o São Paulo saiu atrás no marcador por um “golaço-não intencional” e um início ruim. Com calma, paciência e trabalho coletivo, especialmente no meio-campo, o time evitou grande pressão adversária e saiu com a classificação.
O São Paulo agora aguarda o classificado de Corinthians e América-MG, que se enfrentam no sábado, na Neo Química Arena. O time mineiro leva a vantagem de 1 a 0 do duelo da ida, semana passada, em Belo Horizonte.
Luto e luta
A ausência de Pablo Maia, em virtude do falecimento do pai, obrigou Dorival Júnior a mudar o São Paulo horas antes do decisivo compromisso. A opção por Alisson mais recuado visava competir na posse de bola, com controle do jogo a fim de amenizar a pressão palmeirense.
O início, entretanto, foi preocupante. Alisson recebeu cartão amarelo logo aos 10 minutos, e o time teve um início acuado. Sem contra-ataque, rifando a bola, o Tricolor repetia atuações ruins passadas no Allianz e via o Palmeiras se impor aos poucos.
O início ruim não demorou a ficar no passado. Ainda na metade do primeiro tempo veio o primeiro sinal de que Dorival Júnior tem uma equipe madura, mais acostumada a encarar o adversário em um ambiente extremamente hostil como o Palmeiras na arena.
A estratégia começou a dar certo com Gabriel Neves entrando mais no jogo, controlando a bola e quebrando o ritmo adversário. A melhora era evidente, mas a falta de sorte apareceu aos 34 minutos, quando Piquerez anotou um golaço-improvável para abrir o placar. Tentou cruzar e acertou o gol.
Maturidade
São-paulinos e são-paulinas viram por anos a equipe se abater em ocasiões como a vivida nesta quinta-feira. O comportamento, porém, não se alterou com a desvantagem no placar, que empatava o confronto de mata-mata. Pelo contrário: aos poucos, o time cresceu.
A consolidação de um São Paulo maduro e evoluído veio nos primeiros minutos da segunda etapa. Com troca de passes, sem pressa, o Tricolor empatou o confronto e encaminhou a classificação. Luciano se deslocou para dentro da área e achou Caio Paulista, que dominou e finalizou firme para empatar.
O gol serviu para deixar o Palmeiras pouco tranquilo, e o Tricolor ainda mais à vontade. O São Paulo travou o adversário e dominou as ações, como se fosse uma equipe com trabalho consolidado há anos, e não um time ainda em início de trabalho.
O prêmio final quase veio pela cabeça de Calleri, em mais um lance que poderia mudar o confronto e atingir psicologicamente o São Paulo. O árbitro Anderson Daronco anulou o gol do argentino, mesmo com o VAR recomendando a revisão do lance.
Daronco apitou falta de Diego Costa e indignou o São Paulo, mas só por alguns minutos. Não demorou para a equipe recuperar a concentração, manter-se sã e incomodar o Palmeiras com paciência e trabalho de bola coletivo.
O prêmio final, enfim, veio aos 44 minutos da segunda etapa, pelos pés de duas apostas de Dorival Júnior. Juan, jovem da base, segurou a bola e serviu David, que decretou a classificação. Mais do que a vaga, o atacante deu números para uma vitória merecida no Allianz Parque.
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