Por Bruno Ravazzolli e Tomás Hammes — Porto Alegre
A tarde caía em Porto Alegre, com frio próximo aos 10°C, quando o Inter definiu pela demissão de Mano Menezes. Uma reunião do Conselho de Gestão resolveu colocar em prática o que era considerado nos bastidores um plano de emergência para o futuro. O rendimento do time na temporada, em especial nos últimos três jogos, a eleição presidencial e as oitavas da Libertadores pesaram na decisão que surpreendeu até jogadores. Eduardo Coudet voltará a desfilar seu cachecol.
Encaminhado, o acordo com o argentino está a uma reunião de ser confirmado e oficializado. Os últimos detalhes do contrato e a assinatura devem ocorrer nas próximas horas. Em 2023, Coudet comandou o Atlético-MG e deixou o clube em junho.
Já se falava em uma possível volta de Coudet ao Inter depois do empate com o Palmeiras no terceiro jogo sem vitória e sem marcar um gol sequer, quando Mano Menezes ainda concedia entrevista coletiva como técnico do clube. Esse cenário, no entanto, foi descrito ao ge no domingo como um plano emergencial para "salvar o ano" apenas em caso de eliminação nas oitavas da LIbertadores.
A reunião do presidente Alessandro Barcellos com os vice-presidentes resolveu por antecipar a saída de Mano. O ponto central foi o rendimento da equipe nos últimos compromissos. A diretoria entendeu que o técnico poderia (e deveria) tirar mais do time, conforme apurou o ge.
Havia diagnóstico, também, de um desgaste interno do treinador com o grupo de jogadores. O ge ouviu relatos de insatisfação posta por atletas aos dirigentes por restrições de vestiário e até com alguns trabalhos de Mano.
Barcellos sempre manteve uma relação de confiança com Mano, a ponto de descartar a demissão do técnico após uma sequência de cinco derrotas consecutivas. No momento, o Inter tem uma derrota nos últimos doze jogos, embora também a eliminação na Copa do Brasil para o América-MG no período.
Relação estreita com Coudet
Ao mesmo tempo, o laço entre o técnico Eduardo Coudet e Barcellos jamais se rompeu. O dirigente era o vice de futebol na maior parte da passagem anterior do argentino pelo Beira-Rio, em 2020.
O treinador, inclusive, chegou a usar a foto de Barcellos no WhatsApp na época da eleição vencida pelo atual mandatário em dezembro de 2020. A proximidade dos dois é um dos trunfos do dirigente, que também pesou para a troca o pleito por vir no fim do ano, quando tentará a continuidade por mais três anos.
Há uma parcela grande dos apoiadores de Barcellos que defendia a mudança e nutria esperança na volta de Coudet, que comandou o Colorado em parte da campanha que resultou no vice do Brasileiro de 2020, encerrado em fevereiro de 2021.
Recentemente, aliás, Coudet chegou a dizer que estava em dívida com a torcida do Inter pela maneira como saiu em 2020. No meio da disputa do Brasileirão, aceitou uma proposta do Celta de Vigo e deixou o clube. Havia divergência com a diretoria à época. A declaração do argentino ocorreu após uma crítica justamente de Mano.
— Foi o clube que abriu as portas aqui no Brasil. Eu sou muito agradecido com todo esse pessoal, com o torcedor do Inter, como me trataram. Tenho uma dívida com esse clube, com o torcedor e, algum dia, quem sabe, o futebol vai deixar pagar essa dívida — destacou Coudet em maio.
O Inter deve oficializar o retorno de Coudet nas próximas horas. A tendência é que o técnico assine até o final da temporada e, caso Barcellos consiga a reeleição, amplie o vínculo.
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