Quarta-Feira, 01 de maio de 2024

Postado às 11h30 | 22 Set 2023 | redação Walewska, um dos pilares do volei brasileiro, caiu do 17o andar

Crédito da foto: Getty Images Walewska com a camisa da seleção nas Olimpíadas de Pequim

Por João Gabriel Rodrigues e Raphael de Angeli — Tóquio

Foram anos de convivência. Ao longo do tempo, José Roberto Guimarães viu Walewska construir uma trajetória de brilho. Mas não só. Além do ouro nas Olimpíadas de Pequim e de tantas outras conquistas, técnico e jogadora viram a relação transbordar das quadras. Com a notícia da morte da ex-central, o treinador se viu sem chão.

Walewska foi um dos pilares da geração mais vencedora do vôlei brasileiro. O treinador esteve ali durante a maior parte do tempo e desenvolveu uma relação de pai e filha com a central.

- Ela era excepcional. Todo técnico, toda comissão gostaria de ter uma atleta como ela. Madura, tranquila, mas com uma vontade incrível de fazer e realizar as coisas. A gente fica sem chão. A gente perde a noção de muita coisa. Eu perdi uma filha. Eu perdi uma filha. É muito duro. É um momento para nós muito difícil.

Zé Roberto durante jogo contra a Turquia — Foto: Divulgação

Zé Roberto durante jogo contra a Turquia — Foto: Divulgação

A notícia da morte de Walewska chegou em meio à preparação da seleção para a partida contra a Turquia. Àquela altura, sem a confirmação, Zé Roberto tentou manter o foco. A conversa com a equipe só aconteceu pouco antes da partida. A equipe entrou em quadra com uma faixa no braço, enquanto a comissão usou uma tarja preta no uniforme.

- É um momento muito difícil, muito complicado. Estávamos perto de ir para o vídeo quando chegou a notícia do que tinha acontecido. A gente não sabia ainda exatamente. Nós preferimos, naquele momento, de não falar absolutamente nada. Não era o momento adequado até a gente entender um pouco o que estava acontecendo. Um pouco antes do jogo que a gente falou sobre o que tinha acontecido. Colocar tarja, enfim. É um momento de muita tristeza e dificuldade para todo mundo.

Zé Roberto diz que lembrará dos anos ao lado de Walewska com saudade. Para o técnico, foi um exemplo dentro e fora de quadra.

- Conhecendo a Walewska como nós conhecíamos, ela foi um exemplo de dedicação, de comprometimento. De tudo de bom que uma jogadora, atleta, pessoa pode ter. Ela sempre se cuidou muito, ajudou o time. Sempre fez o que podia fazer da melhor maneira possível desde pequena. Jogou com várias jogadoras e com a gente por vários anos. A gente fica sem chão para saber exatamente e entender as coisas. É difícil falar sobre isso. Abalou todo mundo nesse momento.

- Ela deixou um legado na vida dela como atleta, um dos maiores exemplos que eu já vi, que eu pude vivenciar com ela. Com todos os momentos que nós tivemos juntos no clube e na seleção. Ela vai deixar muita saudade. Saudade para essas meninas que jogaram com ela, que participaram com ela de várias etapas, caminhadas e jornadas. E vai deixar o exemplo para essas meninas mais novas, o significado de ser uma grande atleta, uma atleta campeã olímpica. Uma atleta que fez a melhor coisa para o seu país, que trouxe uma medalha de ouro, que cantava o hino bem alto, que tinha maior orgulho de representar e estar ali o tempo inteiro brigando e fazendo o seu melhor. Nós vamos sentir muita saudade. É um pecado – disse.

Após a derrota para a Turquia, Zé Roberto diz que o grupo ainda vai tentar lidar com a perda de Walewska

- Vamos deixar esse momento, esse jogo e conversar com o grupo sobre essa situação. Está todo mundo muito triste com o que aconteceu, com a perda da Walewska, com a perda do jogo. Conheci a Walewska e sei que, se ela tivesse aqui, ela pediria para todo mundo jogar por ela. Foi isso o que a gente tentou fazer. Elas correram por ela, a gente só tem de lamentar e rezar muito.

 

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