Por Emilio Botta — São Paulo
Luiz Ricardo Alves vive sua melhor versão. Aos 29 anos, o atacante que ficou famoso pelo apelido de Sassá trocou as polêmicas que marcaram o início da carreira por gols e o título da Série C do Brasileiro, considerado por ele próprio o mais importante da sua trajetória no futebol.
Revelado pelo Botafogo e com passagens por Cruzeiro, Coritiba, Oeste, Náutico, Marítimo-POR, CSA e Athletic, foi no Amazonas que o jogador se reencontrou com os bons momentos que chamaram a atenção nos primeiros anos de carreira. Para isso, diz ter largado a bebida alcoólica e contratado profissionais para ajudá-lo fora de campo.
Da polêmica foto ostentando dinheiro até o soco em Mayke (relembre abaixo), Sassá abriu o coração e disse, em entrevista exclusiva ao ge, ser uma nova pessoa. Agora, quer reconstruir a carreira e retomar o seu espaço no cenário nacional.
– Tive a minha segunda chance, tive e não abri mão. Pude dar a volta por cima na minha vida, sou campeão brasileiro, maior artilheiro de todas as divisões.
– Eu escolhi mudar e mudei. Graças a Deus, tive a segunda chance, nem todo mundo tem. Hoje, tenho as experiências de tudo que fiz e do que aconteceu, mas as coisas mudaram – disse Sassá.
O atacante encerrou a temporada com 18 gols em 23 jogos pelo Amazonas, primeiro clube do estado a ser campeão nacional. O bom desempenho no clube rendeu ao atacante o título de cidadão amazonense e uma inesperada idolatria.
– Foi uma temporada muito produtiva, bastante assertiva. Uma temporada boa para a minha carreira, que vinha precisando, de números muito altos em quantidade de jogos, minutagem e gols. Fico bastante feliz por tudo que Deus fez pela minha vida.
– Estava em uma fase na minha carreira que eu precisava voltar a jogar. Foi uma oportunidade muito boa que apareceu, consegui voltar ao cenário sendo artilheiro de uma competição nacional, com o time campeão. O estado parou, a gente na rua recebendo o carinho do povo foi uma coisa fantástica. A melhor decisão da minha vida foi ir para o Amazonas – disse.
Sassá comemora gol pelo Amazonas na Série C do Brasileiro — Foto: Deborah Melo/FAF
Início no Botafogo e das polêmicas
Tratado com uma das grandes promessas recentes do Botafogo, Sassá surgiu no clube em 2012. Após empréstimos para Oeste e Náutico, o atacante retornou para viver as suas duas melhores temporadas. Foram 31 gols marcados entre 2015 e 2017, sendo um dos símbolos da arrancada da zona do rebaixamento para a vaga na Libertadores no Brasileirão de 2016.
– O Botafogo me deu a base de tudo, fiquei lá dez anos entre base e profissional. Sou o quinto artilheiro do século, um clube que estendeu a mão em um dos piores momentos da minha vida, que foi na perda da minha mãe. Fui emprestado, machuquei, voltei e fui vice-artilheiro do Brasileirão de 2016 saindo da lanterna e indo para a Libertadores. Foi ali que me projetei – relembrou.
Sassá em ação pelo Botafogo na Conmebol Libertadores — Foto: AFP
A falta de valorização salarial e o desacordo com a gestão da época, segundo ele, foram determinantes para a não renovação do contrato. O atacante foi sondado pelo futebol russo, chinês e pelo Palmeiras, mas optou por acertar com o Cruzeiro. Na apresentação, acabou provocando o Botafogo ao dizer que "aqui no Cruzeiro é outra coisa, é time grande".
– Acabei dando uma declaração infeliz, só quem está vivendo na pele sabe o que passei. Fui artilheiro do campeonato, contrataram jogadores ganhando três vezes mais do que eu ganhava, não queria nada de mais e ser um pouco mais reconhecido. Foi o clube que projetou, me deu suporte e tudo que tenho. Não vou colocar a culpa na idade, mas aconteceu um episódio mal interpretado, mas logo isso passa.
O Botafogo está no meu coração e nunca vai sair. O time está bem e tomara que seja campeão" — Sassá.
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