Por Thiago Lima — Rio de Janeiro
Nove jogos depois e o Flamengo é outro time nas mãos de Tite. Nem de longe lembra aquela equipe previsível de Vítor Pereira ou aquela desorganizada sob o comando de Sampaoli. A vitória contundente por 3 a 0 sobre o América-MG no Parque do Sabiá no último domingo (a sexta no período da "Era Tite"), mostra um Rubro-Negro cada vez mais maduro e com um leque de opções maior.
Como por exemplo um Bruno Henrique ponta-direita. Surpresa na escalação, o atacante ganhou a primeira chance de sair jogando na posição que havia entrado contra o Bragantino. Não que tenha sido brilhante. Pelo contrário, ele nitidamente ainda parece meio torto, digamos assim, por aquele lado. Mas não se omitiu, deu bastante opção, serviu Pedro no gol e ajudou nas recomposições.
Um movimento inteligente de Tite e sua comissão. Com esforço, BH pode conseguir se adaptar melhor ao setor e ter uma briga boa com Luiz Araújo, já que na esquerda é impossível tirar Cebolinha atualmente. Em uma evolução absurda, o atacante se tornou um dos grandes nomes da equipe e até gol de cabeça agora ele está fazendo (contra o Bragantino também quase fez um na bola aérea).
Com seis gols em nove partidas, Pedro é outro jogador que cresceu na "Era Tite" e tem sido fundamental na arrancada rubro-negra. O técnico só não conseguiu ainda recuperar Gabigol, que pela primeira vez passou um jogo inteiro no banco com o treinador.
"Ah, mas jogou com o lanterna", dirão alguns. Obviamente não se pode ignorar o nível técnico do adversário, mas esse mesmo time tirou dois pontos do Flamengo no 1 a 1 do primeiro turno no Maracanã. No Parque do Sabiá, o Rubro-Negro soube anular Mastriani, principal atacante do América-MG, e cedeu apenas duas chances claras: o chute no travessão de Felipe Azevedo aos 11 minutos, no único vacilo de Matheuzinho; e a finalização de Martínez aos 13 que passou perto, após erro coletivo numa saída de bola.
Matheuzinho deixou Everaldo livre em América-MG x Flamengo — Foto: Reprodução
As outras nove finalizações do Coelho no jogo não levaram perigo, e Rossi praticamente não trabalhou. Já o Flamengo, depois desses dois sustos no início, tomou o controle da partida e engoliu o América-MG: foram 56% de posse de bola, 21 finalizações ao todo e oito chances de gol.
Quatro foram no primeiro tempo. Aos 14, Bruno Henrique pegou uma sobra na área e poderia ter chegado batendo, mas escolheu tentar tocar. Quatro minutos depois, um contra-ataque rápido puxado por Arrascaeta teve BH completamente livre, mas Pedro errou o passe. O próprio centroavante ficou com o gol aberto após o goleiro Jori sair mal num escanteio aos 23, só que no susto finalizou sem querer e errou o alvo. Até que Cebolinha abriu o placar aos 28.
E na etapa final o Flamengo teve mais quatro oportunidades claras. O belo gol de Pedro com apenas quatro minutos, depois de novo contra-ataque puxado por Arrascaeta. Cinco minutos depois, foi o uruguaio quem teve espaço para finalizar da entrada da área e errou a mira. Aos 26, Everton Ribeiro fez uma jogadaça individual na linha de fundo e cruzou para Pedro pegar de primeira e parar no goleiro. E o gol de letra de Everton Ribeiro aos 39.
Problemão à vista
O roteiro só não foi perfeito para os rubro-negros porque lá no Castelão o Palmeiras conseguiu arrancar um empate em 2 a 2 com o Fortaleza mesmo com um jogador a menos em campo, resultado que impediu a liderança do Flamengo. Porém, um outro banho de água fria tão grande quanto o segundo gol do Palmeiras foi o cartão amarelo de Erick Pulgar, que tirou o volante do jogão contra o Atlético-MG.
O chileno era o único pendurado do time e poderia ter sido substituído logo após o segundo gol que matou o jogo no início do segundo tempo. Embora o tempo tenha sido curto: Pedro estufou a rede aos quatro minutos, o América-MG deu a saída de bola aos cinco, e Pulgar tomou o amarelo aos sete. Se tivesse já chamado alguém logo após o gol, Tite poderia ter feito a substituição quando Daniel Borges cortou um cruzamento pela linha de fundo aos seis minutos, na única parada que teve antes do cartão. Mas talvez os reservas ainda nem estivessem aquecendo àquela altura.
Fato é que isso virou um problemão para Tite tentar resolver. Titular absoluto, Pulgar vem sendo o pulmão do meio de campo rubro-negro e novamente se destacou contra o América-MG, quando foi de longe o maior ladrão de bolas do jogo com cinco desarmes. Com o chileno em campo é difícil o Flamengo sofrer gols: na "Era Tite", levou apenas um no Fla-Flu. Thiago Maia e Allan são as opções para a vaga ao lado de Gerson, caso o técnico queira manter o esquema.
O Flamengo retornou ao Rio de Janeiro no início da madrugada desta segunda-feira, e os jogadores se reapresentam à tarde no Ninho do Urubu. O próximo compromisso será contra o Atlético-MG nesta quarta, às 19h30 (de Brasília), no Maracanã, pela antepenúltima rodada do Campeonato Brasileiro. O Rubro-Negro é o vice-líder com os mesmos 63 pontos do Palmeiras e entrou de vez na disputa pelo título sob o comando de Tite.
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