Por Thiago Lima — Rio de Janeiro
O Flamengo que vinha em franca evolução com Tite se viu diante de uma situação inédita contra o Atlético-MG no Maracanã: pela primeira vez desde a chegada do treinador, o time saiu atrás do placar e precisou mostrar o seu poder de reação. O problema é que não teve nenhum. Com um segundo tempo desastroso, o Rubro-Negro tomou um 3 a 0 na última quarta-feira e "deu adeus" às chances de título.
Adeus entre aspas porque matematicamente ainda é possível, mas nem o mais otimista rubro-negro acredita mais. Além da distância de três pontos para o Palmeiras restando duas rodadas, o Flamengo ainda tem uma diferença de 16 gols de saldo. Ou seja, empatar em pontos não resolve. Precisaria vencer os dois jogos que restam e torcer para o Alviverde não ganhar nenhum. Se por um milagre isso acontecer, ainda teria que secar Botafogo e Atlético-MG, que não poderiam vencer as duas partidas que lhes restam.
Scout - Flamengo x Atlético-MG
Quesito | Flamengo | Atlético-MG |
Posse de bola | 55% | 45% |
Finalizações | 19 | 10 |
Chances de gol | 5 | 5 |
Passes (precisão) | 594 (86%) | 426 (84%) |
Desarmes | 13 | 21 |
Faltas | 12 | 12 |
Escanteios | 10 | 1 |
Impedimentos | 0 | 3 |
É muita conta para pouco futebol. Não na "Era Tite" de forma geral, afinal esse texto começa reconhecendo a evolução do Flamengo desde a chegada do treinador. Mas especificamente na noite de quarta-feira faltou bola e sobrou chuveirinho. Foram 40 cruzamentos rubro-negros durante a partida, sendo 14 no primeiro tempo e 26 na etapa final, segundo dados do "Sofascore".
Antes de pontuarmos o desempenho do Flamengo, é preciso dizer: o Atlético-MG fez uma baita atuação. Felipão armou uma arapuca de bolas longas nas costas da última linha que deu certo, sua equipe comeu a bola no Maracanã e venceu mais do que merecidamente (não à toa é o melhor time do segundo turno). Agora nos debrucemos sobre o Rubro-Negro e seus problemas.
Como 10 a cada 10 torcedores sabiam, a suspensão de Pulgar logo nesse jogo era um problemão, e Thiago Maia não esteve nem perto de conseguir suprir essa ausência. O volante ficou perdido na marcação, teve apenas um desarme durante os 59 minutos em que esteve em campo e saiu vaiado. E os três gol sofridos tiveram falhas dos laterais-direitos: no primeiro Matheuzinho deu espaço para infiltração de Paulinho; no segundo Wesley errou a bola que deu contra-ataque, e no terceiro ele perdeu na velocidade para Rubens.
Ainda assim é preciso separar o desempenho do primeiro para o segundo tempo. O Atlético-MG já jogava bem e vencia antes do intervalo, mas o Flamengo também chegava com perigo. Mesmo com uma marcação dupla em muitos momentos, de Zaracho e Saravia, Cebolinha ainda dava muito trabalho e criou duas das quatro chances de gol do time: um cruzamento rasteiro aos 15 minutos que quase Pedro alcançou e um chute colocado aos 35 que raspou a trave.
As outras chances foram de cabeça na bola parada: uma com Léo Pereira, aos 12, e outra com Bruno Henrique, para defesaça de Everson aos 42. O Atlético-MG, por sua vez, teve três boas oportunidades: o gol de Paulinho aos sete minutos, uma bomba de Otávio para bela defesa de Rossi aos 13; e um chute quase sem ângulo de Hulk que o goleiro salvou aos 36. Ou seja, na prática o Flamengo até criou um pouco mais do que o Galo no primeiro tempo.
Mas na etapa final o panorama mudou. Na aflição de empatar, com apenas um minuto o Flamengo colocou todos os seus 10 jogadores de linha na intermediária do Atlético-MG numa bola parada. No contra-ataque, Edenilson fez o segundo do Galo. Aí o time sentiu o golpe. E com Arrascaeta em noite pouco inspirada (o uruguaio errou incríveis 23 passes, quase três vezes mais do que o segundo colocado Léo Pereira, com oito erros), o Rubro-Negro se viu sem criação e passou a levantar bola na área a torto e a direito, sem levar nenhum perigo.
Tite tentou mexer, mas só piorou a situação. Com quatro atacantes em campo (Luiz Araújo também entrou), Gabigol fazia as vezes de meia e ia buscar a bola na intermediária, mas não conseguiu produzir nada. E nem o preenchimento da área com tantas peças de frente funcionou. Quando Rubens marcou o terceiro do Atlético-MG aos 36, o Flamengo não tinha criado NADA. A única chance real no segundo tempo foi uma cabeçada de Léo Pereira para outra grande defesa de Everson aos 40 minutos.
De positivo, só o comportamento da torcida que mesmo com um 3 a 0 contra no placar gritou e cantou em apoio ao time. Talvez eles tenham entendido que a briga agora é pelo G-4 e que não é hora para crise. O sonho de título que surgiu de repente (graças ao Botafogo) na reta final do Brasileiro minguou, e a temporada de fato vai terminar frustrante por toda a expectativa criada para 2023. Com o time já garantido na Libertadores, evitar ter que jogar a fase prévia é crucial no planejamento para 2024.
Os jogadores do Flamengo se reapresentam na tarde desta quinta-feira no Ninho do Urubu e iniciam a preparação para a penúltima rodada do Brasileirão. O time volta a campo no domingo, às 16h (de Brasília), para enfrentar o Cuiabá novamente no Maracanã. E na quarta-feira que vem, o time encerra sua participação no campeonato diante do São Paulo no Morumbi. O Rubro-Negro é o quarto colocado com 63 pontos, empatado com Botafogo e Atlético-MG, mas com pior saldo de gols.
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