Por Cahê Mota — Los Angeles, EUA
Não tem como fazer uma análise justa do empate entre Brasil e Costa Rica, pela primeira rodada do Grupo D, sem deixar claro o quanto os campos reduzidos da Copa América prejudicam a seleção brasileira e favorecem equipes que entram em campo para se defender.
Defesa da Costa Rica abraça Vini Jr no jogo contra o Brasil — Foto: Pedro Martins / Foto FC
Os 100m x 64m do estádio de Los Angeles (5m x 4m a menos do que o padrão Fifa) colaboraram para que o ferrolho costarriquenho encaixotasse um Brasil que teve nítida dificuldade nas tomadas de decisão. Por mais balançasse o campo girando a bola de um lado para o outro, a equipe não encontrava espaços e se via invariavelmente com dois marcadores no cangote. A Costa Rica baixava o bloco e forçava que o jogo fosse disputado em praticamente um terço do gramado já reduzido.
A Costa Rica até que tentou subir a marcação nos minutos iniciais e logo percebeu que não daria muito certo. A Brasil conseguia sair da pressão, apesar de faltar velocidade na transição para chegar ao ataque - com exceção a bons passes longos de Bruno Guimarães pela direita.
A partir dos 20 minutos, o rival estacionou um ônibus na frente da área com uma linha de cinco, e o Brasil se debruçou no campo de ataque. Domínio absoluto, volume de jogo também, mas que, paradoxalmente, favorecia as ações defensivas.
Dorival - Copa america 2024 EUA - Brasil x Costa Rica — Foto: Buda Mendes/getty
A Seleção abusou da tentativa de construção pelo lado esquerdo. Vini e Arana, no entanto, não viveram boa noite e as ações ficavam travadas diante da forte marcação do adversário. O gol de Marquinhos após cobrança de falta sofrida por Vini seria a senha para obrigar a Costa Rica a se expor um pouco mais, só que o VAR anulou corretamente.
O perde e pressiona da Seleção funcionou bem. Bruno Guimarães e, principalmente, João Gomes mordiam a partir da intermediária ofensiva e a Costa Rica praticamente não conseguia trocar passes. O espaço reduzido (sempre ele), por sua vez, minava a criação brasileira.
Os chutes de média distância pareciam uma alternativa óbvia, mas foram pouco utilizados. Não por acaso, foi dessa maneira que Lucas Paquetá e Guilherme Arana levaram mais perigo ao gol de Sequeira. Os apenas três chutes na direção do gol em 19 finalizações evidenciam o quanto faltou refino para o Brasil na fase ofensiva.
Dorival Júnior sacou Vini e Raphinha, colocou Endrick e Savinho, e o jogo pelo lado direito fluiu com a dobradinha do atacante do Girona e Danilo. Com a entrada de Martinelli no lugar de João Gomes, o Brasil finalmente tirou a sobra da defesa costarriquenha e pressionou praticamente em um 3-2-5. Bons momentos, mas que não foram suficientes.
Seja pelas dimensões reduzidas do gramado, pela falta de velocidade no giro da bola ou por não arriscar tanto de fora da área, o Brasil ficou amarrado e não saiu do zero. Fica de lição para a sequência de uma Copa América onde não dá mais para errar. O problema está aí, restam três dias para encontrar soluções e "inventar" espaços.
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