Por Thiago Lima — ge
O resultado passou longe do esperado, mas a sensação no Maracanã após o Flamengo arrancar o empate em 1 a 1 com o Cuiabá não foi de raiva nem tristeza. Os aplausos da torcida aos extenuados jogadores, que desabaram em campo ao soar do apito final, foram como um reconhecimento à superação de um grupo que já vinha esfacelado e esgotado e ainda perdeu Bruno Henrique machucado no primeiro tempo. E mesmo assim manteve a liderança do Campeonato Brasileiro por mais uma rodada.
Nitidamente, as pernas pesadas da maratona de jogos não conseguiram suportar os "embalos de sábado à noite" no Maracanã. O Flamengo começou a partida naquele pique que vem empolgando a torcida: blitz com marcação alta e pressão na saída de bola. A ideia era abrir o placar cedo até para dosar o desgaste, só que foi o Cuiabá que marcou primeiro com um "gol pinball": o chute de Derik Lacerda bateu na canela do David Luiz, voltou na perna do Fabrício Bruno e tomou a direção da rede sem chance nenhuma para Rossi.
Jogar atrás do placar geralmente é ainda mais desgastante, mas a torcida entendeu o seu papel no atual momento do time e empurrou os jogadores cantando sem parar na arquibancada. O empate só saiu no meio do segundo tempo, e não houve vaias nem antes ou depois. A sensação no Maracanã, inclusive, era de que o Flamengo iria conseguir o gol no fim como aconteceu contra Athletico-PR, Bahia e Fluminense. Porém, dessa vez ficou no quase.
Scout - Flamengo x Cuiabá
Quesito | Flamengo | Cuiabá |
Posse de bola | 60% | 40% |
Finalizações (no alvo) | 20 (11) | 7 (3) |
Chances de gol* | 4 | 2 |
Passes (precisão) | 656 (85%) | 339 (79%) |
Desarmes | 16 | 20 |
Faltas | 14 | 12 |
Escanteios | 7 | 0 |
Impedimentos | 3 | 3 |
Quer dizer, nem foi tão "quase" assim. Na entrevista coletiva após o jogo, Tite exagerou ao atribuir o empate a Walter. O Flamengo, de fato, dominou as ações, teve 60% de posse de bola e 20 finalizações contra sete do Cuiabá. Mas só 11 delas foram na direção do gol, e apenas duas levaram perigo de fato ao goleiro: a bomba de Gerson em que ele fez uma defesaça com só dois minutos de jogo; e a cabeçada certeira de Pedro sem chance de defesa aos 14 do segundo tempo. As outras nove foram em cima dele.
O número alto de finalizações, por si só, não quer dizer muita coisa. Juntando a perna pesada do desgaste com a ótima marcação do Cuiabá (destaque para o lateral-esquerdo Ramon, ex-Flamengo), o time arriscou muitos chutes de longa distância e encontrou dificuldade para criar chances claras. Foram só quatro oportunidades: além do gol e da bomba já citada de Gerson, o Rubro-Negro ainda teve uma cabeçada fraca à queima-roupa de Pedro nos acréscimos do primeiro tempo (veja na imagem acima); e uma bola que Pulgar não dominou livre na área aos 39 da etapa final. Era dominar e bater (veja na imagem abaixo).
Pulgar erra domínio e perde chance clara em Flamengo x Cuiabá — Foto: Reprodução
No entanto, a chance mais cristalina foi a segunda e última do Cuiabá, quando Pitta entrou cara a cara com Rossi e chutou para fora aos 46 do primeiro tempo. Se aquela bola entra, esquece. Iria ficar quase impossível reagir em 45 minutos diante de um 2 a 0 no placar. No intervalo, Tite arrumou a marcação para não ter os buracos que Allan e Pulgar vinham deixando ao "baterem-cabeça", e o time não sofreu mais. Só que para furar a retranca e buscar a virada faltou um "algo a mais" que o técnico tentou encontrar com a garotada (muitos ainda verdes) e não achou.
Fla x retrancas
Não é de hoje a dificuldade do Flamengo em enfrentar times que vêm jogar fechadinhos no Maracanã, marcando em bloco baixo. No Fla-Flu já tinha sido dessa forma, assim como diante do Amazonas na Copa do Brasil, ambas vencidas pelo Rubro-Negro por 1 a 0, e agora no empate com o Cuiabá. Contra Palestino e Millonarios, na Libertadores, o time mudou o panorama ao marcar um gol cedo, dentro dos primeiros 20 minutos, e conseguiu vitórias tranquilas.
A gordurinha de três pontos que o Flamengo chegou a abrir na liderança do Brasileirão na rodada passada pode voltar a cair para apenas um ponto se houver um vencedor em Palmeiras x Bahia ou se o Botafogo ganhar do Atlético-MG neste domingo. Ainda que isso ocorra, internamente no clube o saldo do Flamengo na janela da Copa América é considerado muito positivo, com 16 pontos somados dos 24 disputados (66,6%).
Com a classificação do Uruguai em cima do Brasil nas quartas de final, o Flamengo continuará sem o seu quarteto celeste por mais um jogo. O Rubro-Negro volta a campo na próxima quinta-feira, quando recebe o Fortaleza às 20h (de Brasília) no Maracanã. Os jogadores ganharam folga neste domingo e se reapresentam segunda no Ninho do Urubu.
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