Por Fred Gomes — ge
A arrancada de Ayrton Lucas e o chute de Everton Cebolinha na rede pelo lado de fora, aos 16 segundos de jogo, foram a senha para o que terminaria como um amasso do Flamengo em cima do Palmeiras na noite de quarta-feira, no Maracanã. O placar de 2 a 0 foi um lucro muito grande para os paulistas, que foram para o Rio unicamente com o objetivo de se defender e fazer o tempo passar.
O Flamengo teve, sim, um protagonista: Gerson. Reafirmou a condição de melhor jogador do time dos últimos meses com sua onipresença em campo, participação intensa no combate e muita criatividade com a bola no pé esquerdo. Apesar do destaque, é bom frisar que ele acompanhou o nível de uma grande atuação coletiva do Rubro-Negro. Na tradicional matéria de "atuações do ge", foi difícil avaliar um jogador com nota inferior a 7,0.
O amasso foi composto por 19 finalizações do Flamengo e apenas duas do Palmeiras. Os rubro-negros tiveram 57% de posse de bola e em nenhum momento foram ameaçados.
O Flamengo começou em ritmo alucinante no Maracanã. Logo na saída de bola, Ayrton Lucas, que faria uma excelente etapa, arrancou e tocou em Cebolinha, que foi atrapalhado por um corte parcial de Giay e chutou na rede pelo lado de fora.
Os rubro-negros amassavam o retrancado Palmeiras e não deixavam de pisar no campo de ataque, liderados por uma atuação muito boa de Ayrton Lucas, que deixava marcadores para trás com facilidade.
Antes dos 20 minutos, o time já tinha levado perigo num chute cruzado de De la Cruz e em decisão equivocada de Pedro. Arrascaeta esticou, Cebolinha levou no fundo e De la Cruz cruzou na pequena área. Gerson estava de frente para a bola, mas Pedro se antecipou e tentou o gol de calcanhar.
O Coringa deu vários pulos ao ver o companheiro escolher a pior decisão. Ele estava livre.
Em 20 minutos, a estatística era a seguinte: sete finalizações do Flamengo e apenas uma do Palmeiras, além de 67% de posse de bola dos rubro-negros.
O problema é que, aos 23, Everton Cebolinha, que não vem conseguindo emplacar sequências de jogos, sentiu um problema muscular no músculo posterior da coxa direita e teve que sair.
O time sentiu e muito. Luiz Araújo, que rende muito bem pela direita, não conseguia fazer o mesmo por ali. Ayrton, que ganhava amplitude com os espaços abertos por Cebolinha, perdia liberdade também.
Depois da saída de Cebolinha, o Flamengo só levou perigo numa bola em que Arrascaeta, próximo à pequena área, deveria ter finalizado e não buscado o passe para Pedro.
Apesar da queda no ímpeto, o Flamengo foi para o intervalo com 69% de posse de bola e um placar de 9 a 1 no quesito finalizações.
Luiz Araújo cresce, e estrelas resolvem
A falta de cacoete de Luiz Araújo para jogar pelo lado esquerdo sumiu na etapa final. Erick Pulgar e De la Cruz, que já faziam um bom primeiro tempo, cresceram ainda mais e entraram definitivamente no jogo.
Muito auxiliado também pela constante movimentação de Gerson, Luiz também se deu ao direito de aparecer em diferentes zona do campo, mas foi pela esquerda onde ele começou a crescer.
Num primeiro momento, quase fez um golaço após linda jogada individual de Varela, que teve também um grande atuação. Depois, deixou a fome de chute de lado e rolou na direita para Arrascaeta obrigar Weverton a grande defesa.
A enorme pressão do Flamengo foi suportada pelo Palmeiras até os 11 minutos, quando levou um golaço. Pulgar fez belo lançamento, e Gerson fez jus ao grande momento que vive. Parou a bola, esperou a passagem de Luiz Araújo e esticou no timing certo. Luiz cruzou na medida, e Pedro marcou.
O segundo gol foi mais uma vez uma obra coletiva. Gustavo Gómez deu mole e entregou no pé de Pedro, que carregou a bola e soube calcular a hora do passe. Tocou em De la Cruz, que também mediu certinho o momento de encontrar Luiz Araújo de cara para Weverton. Passe feito, e Luiz bateu cruzado com perfeição.
Luiz ainda esteve perto do terceiro gol num lance em que ele próprio roubou a bola de Giay. Na origem dessa jogada, Pedro deu um brilho especial ao jogo ao fazer dois domínios em que deixou a bola escorrer entre o ombro e o peito. Os lances deixaram em êxtase o Maracanã.
Já nos acréscimos, Wesley poderia ter tornado o placar ainda mais elástico ao receber um primoroso passe de Arrascaeta, mas tomou a decisão errada ao cruzar para Gabigol. Se ele chuta, a chance do terceiro gol seria muito maior. Mas não teve rubro-negro insatisfeito no Maracanã.
O amasso no Maracanã ficou barato no placar, mas encheu a barriga dos mais de 64 mil presentes. O Flamengo venceu com autoridade seu principal adversário nos últimos anos. Não deu chances, mostrou que é melhor em campo e em termos de elenco. Diferentemente de um rival que mais se preocupou em se defender e fazer cera, os rubro-negros não tiveram tempo a perder. Começaram a construir sua vitória no apito inicial e cumpriram o planejado.
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