Por Fred Gomes — ge
O Flamengo empatou por 1 a 1 com o Palmeiras, no Maracanã, mas o sentimento é de derrota. Perdeu a oportunidade de retomar a liderança com um jogo a menos em relação ao Botafogo. Perdeu Everton Cebolinha para o restante da temporada, e há um risco enorme de perder Viña também. Para completar, o frustrante empate veio no repetido roteiro de gols na bola aérea, calcanhar de Aquiles de Tite. Foi um domingo de muitas perdas.
Flamengo perde Cebolinha mais uma vez precocemente
A má impressão do jogo da última quarta-feira ficou para trás rapidamente com um Flamengo que voltou a empurrar o Palmeiras para o campo de defesa. Não com o mesmo ímpeto do último dia 31 - vitória por 2 a 0 -, mas novamente com bastante agressividade.
Quem encontrava espaços na defesa adversária era Everton Cebolinha, que voltava a ser titular após um problema muscular na coxa direita. Com dois minutos de jogo, já tinha conseguido dois dribles sensacionais e a melhor finalização do time no primeiro tempo.
O momento, porém, não ajuda aquele que era o melhor rubro-negro em campo. Saiu aos 11 minutos. A lesão da vez não tinha nada a ver com o problema que o fez ser substituído aos 23 minutos do primeiro tempo da vitória por 2 a 0 sobre o Palmeiras, no último dia 31. Na ocasião, havia apresentado dores no músculo posterior da coxa direita. Neste domingo, a situação foi muito mais grave. Rompeu o tendão de Aquiles da perna esquerda e não joga mais em 2024.
Minutos após a saída de Cebolinha, a jogada mais bonita da partida parou em Weverton. Gerson tirou Giay com uma linda troca de pernas e cruzou na cabeça de Pedro, que testou com violência e obrigou o goleiro rival voar para uma defesaça.
Luiz Araújo entrou bem, apesar de não ser um especialista na ponta esquerda. Foi dele o passe para o último lance de perigo na etapa. Deu um drible de corpo em Giay e fez lindo lançamento para Arrascaeta.
Depois disso, o Flamengo perdeu em volume e não conseguiu manter o ímpeto. De toda forma, defendeu-se bem e não foi ameaçado numa etapa em que teve seis finalizações e o adversário, apenas uma. É justo dizer que os cariocas foram superiores nos 45 minutos iniciais.
Arrascaeta e Richard Rios em Flamengo x Palmeiras — Foto: Alexandre Durão
Flamengo abre placar merecidamente, mas mexidas tiram força
A volta do intervalo deu um susto na torcida rubro-negra. Em quatro minutos, com direito a bola nas costas pelo lado esquerdo, construção palmeirense sem marcação firme e chute que triscou na trave, o Palmeiras levou perigo duas vezes com Lázaro e uma em chute de Maurício. Rossi fez duas grandes defesas neste recorte.
Passado o susto, o Flamengo voltou a ditar o ritmo do jogo, mas pouca machucava. O antes inofensivo Palmeiras, que finalizara apenas uma vez no primeiro tempo, seguia testando Rossi.
Mas o coletivo rubro-negro proporcionou a abertura do placar aos 23 minutos. Pulgar recuperou a posse no meio-campo, Wesley construiu por dentro, encarou a marcação de três e deu a Arrascaeta, que tocou em Luiz Araújo. O camisa 7 chegou a perder a posse parcialmente para Vanderlan, mas mostrou raça e desarmou o lateral com um carrinho. Arrasca pegou a sobra e tocou para De la Cruz, que passou para Gerson cruzar. A bola atravessou a área, e o camisa 14, com a genialidade que lhe é peculiar, girou e abriu o placar.
Sete minutos depois, Tite foi para a última janela de substituições - aos 15 da etapa final, Ayrton Lucas, após cortar o supercílio, havia dado lugar a Viña. Tirou Pulgar, que estava amarelado mas jogava bem, e colocou Allan. Sacou De la Cruz, que pediu para sair, e pôs Léo Ortiz. E realizou também uma mexida que não fez sentido: tirou Pedro e colocou Gabigol.
Sem seu melhor volante e também com a ausência de um 9 que amortece as ligações diretas de Rossi, o Flamengo perdeu o controle do jogo. Tite, em entrevista coletiva, disse que o time ganhou posse com Gabigol, mas, independentemente dos números que o treinador tem à disposição, os rubro-negros resolveram apostar no contra-ataque e trouxeram os paulistas para tentarem os gols na bola aérea, uma de suas armas.
Flamengo sofre 15º gol de bola aérea no Brasileiro
O Flamengo não jogava mais bola e, aos 39 minutos, o castigo veio. Raphael Veiga foi cobrar escanteio, e os 11 jogadores do Flamengo estavam na área. Gerson cortou o levantamento, e Romulo pegou sobra sozinho e cruzou. Rony cabeceou, Rossi espalmou, e Luighi apareceu para marcar.
Viña não consegue bloquear Luighi. Minutos depois, ele sofreu lesão séria — Foto: Alexandre Durão
A linha de impedimento não funcionou, e Viña, que não havia entrado bem, deu condição ao jovem. Este foi o 15º gol sofrido pelo Flamengo em bolas aéreas no Campeonato Brasileiro. Trata-se de 71,4% do total. A informação foi levantada pelo jornalista Guilherme Maniaudet, do Espião Estatístico. Um número para lá de preocupante.
Dos 15 gols de bola aérea sofridos no Brasileiro:
- dois foram de falta com bola levantada na área
- seis de escanteio
- sete de bola rolando
Tite foi perguntado sobre o problema crônico do Flamengo, mas tratou o gol como uma "bola de rebote e de retorno" (leia no link abaixo). Fato é que houve um cruzamento, a linha não saiu corretamente e de maneira uniforme, e a liderança que parecia certa acabou escorrendo pelas mãos dos rubro-negros.
No fim, Arrascaeta, na individualidade, chegou perto com um chute de fora da área, mas foi insuficiente.
Reforço de peso vira desfalque
Para piorar, aos 43 minutos, Viña, um dos principais reforços contratados para 2024, sofreu lesão no joelho direito após dividida com Fabinho, num lance que produziu imagem muito feia. O jogador terá de ser operado e corre risco também de não atuar mais em 2024, mas os resultados dos exames indicarão se afetou ou não os ligamentos - o médico Márcio Tannure manifestou que havia suspeita de lesão ligamentar.
Apesar de ter empatado com um candidato aos principais títulos do continente, o sabor do empate foi muito amargo por muitas perdas. Perdeu a chance de voltar a ser líder, perdeu dois medalhões e perdeu a confiança na bola aérea. Na temporada, computando todos os jogos, são 18 gols sofridos nesse quesito de um total de 27 - 66,7%. É muito, é bem acima do aceitável.
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