Por Vitor Seta / O Globo
Há um mês, o River Plate vivia um momento de crise, com a demissão do técnico Martín Demichelis e uma incerteza quanto ao futuro, mesmo que, na Libertadores, estivesse classificado às oitavas de final. Desde então, tudo mudou: o clube, que hoje recebe o Talleres no Monumental, no jogo de volta das oitavas da competição (venceu por 1 a 0 na ida), passou por uma reformulação, que envolveu o sonhado retorno de Marcelo Gallardo e a contratação de dois campeões do mundo.
O lateral-esquerdo Acuña, que disputou o Mundial do Catar com a seleção argentina, é o mais recente. Foi anunciado ontem, contratado por 2,25 milhões de euros (R$ 13,7 milhões) junto ao Sevilla-ESP. No último dia 5, o clube já havia anunciado a volta do zagueiro Germán Pezzella, após pagar a cláusula de rescisão de 4 milhões de euros (R$ 24,4 milhões) do contrato com o Real Bétis-ESP.
No mesmo dia do zagueiro, o clube oficializou o retorno de Gallardo, que passou quase dois anos longe desde passagem histórica, pela qual ganhou estátua. Foram duas Libertadores (2015 e 2018), uma Copa Sul-Americana (2014) e um título do Campeonato Argentino (2021), entre outras conquistas, que deixaram saudades na torcida enquanto o treinador esteve longe. No período (deixou o clube em outubro de 2022), teve apenas uma curta passagem pelo Al-Ittihad, da Arábia Saudita, por seis meses.
Além de Acuña e Pezzella, chegaram também o meia Maxi Meza (ex-Monterrey) e o lateral-direito Fabrício Bustos (Internacional). Antes mesmo da volta de Gallardo, o clube já era agressivo no mercado: se reforçou com o atacante Barreira (San Lorenzo), o lateral-esquerdo Carboni (Inter de Milão, por empréstimo, e que pode estar de saída), o zagueiro Gattoni (Sevilla, por empréstimo) e o goleiro Ledesma (Cádiz). Tudo isso no ano em que a final da Libertadores será disputada em Buenos Aires, com o Monumental, com reforma entregue no ano passado, como um dos candidatos a recebê-la. Um combo que põe o tradicional clube novamente como um dos fortes concorrentes ao título continental.
Aposta alta ou estratégia?
Até aqui, o River investiu 21 milhões de euros (R$ 128 milhões) na atual janela de transferências, segundo cálculo do jornal argentino Olé. Uma movimentação que, em meio à realidade econômica complicada da Argentina, é grande em termos financeiros. Ao mesmo tempo, é parte do nível de exigência de Gallardo em seu retorno, agora com as credenciais de histórico multicampeão pelo clube, que só pode enfrentar algum brasileiro numa eventual semifinal.
— Não quero aproveitar o que já fiz ou vivi. Quero escrever uma nova história, algo novo que possamos desenvolver. O clube está em uma situação favorável em relação a estrutura e precisa crescer em termos de futebol. Estou entusiasmado — afirmou Gallardo após a vitória por 1 a 0 no jogo de ida, contra o Talleres. Ele fez sua estreia quatro dias antes, no empate em 1 a 1 com o Huracán, pelo Campeonato Argentino, e faz hoje sua quarta partida nesta nova passagem. São dois empates e uma vitória em três jogos.
O tiro alto tem bases sólidas: o River é um dos clubes que mais fatura na América do Sul. No fim do ano passado, divulgou o que chamou de melhor balanço patrimonial de sua história, com superávit de 52,3 milhões de dólares (R$ 284,9 milhões).
Nos últimos anos, também tem feito caixa com altas negociações. Só com Enzo Fernández (Benfica, 44 milhões de euros), Echeverri (Manchester City, 18,5 mi), De La Cruz (Flamengo, 14,5 mi), Beltrán (Fiorentina, 12,6 mi) e a de Barco (Spartak, 14 mi), o clube somou cerca de 103 milhões de euros (R$ 628 milhões) em duas temporadas
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